RS terá chuvas acima da média e tempestades fortes no próximo trimestre

2015-04-10_190211

Aquecimento anormal do Oceano Pacífico deve levar a precipitações acima da média e afetar as colheitas, enquanto especialistas destacam a importância da agricultura digital no planejamento agrícola.

 

O estado do Rio Grande do Sul deverá enfrentar uma intensificação do fenômeno El Niño nos meses de julho, agosto e setembro deste ano, de acordo com o Boletim Trimestral do Conselho Permanente de Agrometeorologia Aplicada (Copaaergs). Este fenômeno meteorológico, que se caracteriza pelo aquecimento anormal das águas do Oceano Pacífico, deverá resultar em precipitações acima da média em todas as regiões do estado.

A previsão, que se baseia no modelo do Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet), destaca ainda que a influência mais notável do El Niño será sentida durante a primavera.

Loana Cardoso, agrometeorologista e coordenadora do Copaaergs, explica que os efeitos do El Niño no Rio Grande do Sul têm sido perceptíveis desde abril, mesmo que a confirmação oficial do fenômeno só ocorra após cinco trimestres consecutivos de persistência. A especialista salienta a probabilidade de permanência do fenômeno é estimada entre 70% e 90%.

Quanto às temperaturas para o próximo trimestre, o boletim prevê níveis acima da média na metade norte do estado e próximo ou ligeiramente acima da média na metade sul. Cardoso destaca que isso é atípico para o estado, onde o inverno normalmente se caracteriza por episódios mais frequentes de frio intenso, baixa evaporação e volumes de chuva dentro da normalidade.

Com o pico do El Niño esperado para a primavera, os produtores rurais são aconselhados a estar alertas para as potenciais dificuldades na colheita de culturas de inverno e no manejo de doenças fúngicas. As recomendações para o manejo do solo poderão variar dependendo da região, e o uso de tecnologia e dados agrícolas é incentivado para o planejamento da próxima safra de verão.

Rodrigo Dias, engenheiro agrônomo e fundador da plataforma ConnectFARM, enfatiza a importância da agricultura digital neste cenário. Ao combinar dados sobre as propriedades rurais e o histórico do El Niño na agricultura brasileira, os produtores podem determinar a melhor combinação de genética, solo e manejo para adotar durante o fenômeno.