Para conter novas variantes do coronavírus, RS avalia reduzir intervalo entre doses

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O Canadá e a França decidiram, em meio à ascensão da variante Delta, reduzir o intervalo da vacina da Pfizer. Foto: Reprodução

Medida já é adotada por alguns Estados brasileiros

Com o objetivo de conter possíveis novas variantes, em especial a Delta, originária da Índia, Estados brasileiros começam a reduzir o intervalo entre as doses de vacinas contra a covid-19 para assegurar o quanto antes uma maior proteção da população. A discussão também é conduzida pelo Palácio Piratini, que nesta semana começou a ouvir especialistas para decidir se fará o mesmo no Rio Grande do Sul.

A decisão é complexa porque oferecer a segunda dose da vacina mais cedo implica, em meio a um cenário de poucos imunizantes, reduzir a velocidade de oferta da primeira dose a novas faixas etárias. Se a aplicação da segunda dose for muito antecipada e não houver maior repasse, a campanha pode perder ritmo.

Hoje, o Ministério da Saúde estipula intervalo de 12 semanas (três meses) para as vacinas da Pfizer e da AstraZeneca, a despeito de as bulas indicarem prazo menor, e 28 dias para CoronaVac – o imunizante da Janssen é de aplicação única.

Os governos de Santa Catarina e do Espírito Santo decidiram antecipar a aplicação da segunda dose da AstraZeneca para 10 semanas. Em Pernambuco, passou para nove semanas. No Mato Grosso e no Maranhão, o prazo definido foi de oito semanas. Goiás informou que irá antecipar em “alguns dias”. O Estado de São Paulo avalia a redução.
A variante Delta aos poucos começa a predominar em diferentes países – já está presente em 96 nações, segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), após provocar uma onda de novos casos e mortes na Índia.
No Brasil, já foram identificados 11 casos da Delta em seis Estados, segundo o boletim epidemiológico mais recente do Ministério da Saúde: Maranhão, Rio de Janeiro, Goiás, São Paulo, Paraná e Espírito Santo. Não se sabe se, no Brasil, ela será capaz de prevalecer frente à Gama, identificada em Manaus.

O Canadá e a França decidiram, em meio à ascensão da variante Delta, reduzir o intervalo da vacina da Pfizer para quatro e três semanas, respectivamente. Mas a cobertura de primeira dose no Canadá é de 69% e na França, de mais de 50% da população – já no Brasil, 38,5% dos habitantes receberam uma aplicação.

A bula do laboratório norte-americano orienta 21 dias, mas diversos países, incluindo o Brasil, adotam a regra de três meses. O aumento do intervalo tem o aval da OMS.

Estudos conduzidos nos Estados Unidos e no Reino Unido identificaram maior pico de produção de anticorpos no esquema com intervalo de 12 semanas em relação ao padrão de 21 dias. Além disso, a estratégia ajudou a oferecer a vacina a novas pessoas e garantir algum nível de proteção a mais habitantes.