Júri condena jovem a 18 anos de prisão pela morte da estudante de psicologia

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 A tese de tiro acidental em  Joana Deon  pelo ex-namorado não foi aceita pelo jurados

Depois de  ano e três meses, Paulo Eduardo Scaravonato, 21 anos, foi a julgamento  pelo feminicídio da estudante de psicologia Joana Fabris Deon, então com  19 anos, em julho de 2021. 

O crime aconteceu dentro da casa do réu, no bairro Ouro Verde, que  alegou que o disparo foi acidental, quando Joana manuseava a arma.  Na ocasião, o réu afirmou aos policiais que Joana foi baleada durante um assalto. A versão foi desmentida pelo pai do réu e, em juízo, confessada por Scaravonato.

O julgamento aconteceu  as 9h desta segunda-feira (31), no Fórum de Bento Gonçalves, quando o Tribunal do Júri da Comarca de Bento Gonçalves condenou no início da noite,Paulo Eduardo Scaravonato pela morte de Joana Fabris Deon, e os crimes conexos de porte ilegal de arma de fogo de uso permitido e falsa comunicação de crime.

A sessão de julgamento  foi presidida pelo Juiz de Direito Thiago Dias da Cunha, que determinou a pena total de 18 anos e oito meses de reclusão, em regime inicial fechado, mais um mês de detenção. O magistrado também negou o direito ao réu de recorrer em liberdade.

 Entenda o caso

Segundo a denúncia do Ministério Público e acatada pelos jurados , o homicídio aconteceu quando réu e vítima estavam na casa dele na noite de  17 de julho de 2021 , e em algum momento, Scaravonato manipulava uma arma, que disparou, atingindo Joana na altura do peito.

 Em  depoimento, o réu admitiu ter consumido bebida alcoólica e ecstasy naquela noite. Scaravonato alegou que, quando a bebida acabou, ele e Joana foram comprar mais. Como o bairro era violento, ele pegou o revólver calibre .38. Quando voltaram, o réu afirmou que deixou a arma no quarto e foi até o banheiro. Ao retornar, disse ter encontrado Joana manuseando a arma. Foi neste momento que o disparo teria acontecido.

Joana foi atingida no peito. Scaravonato pediu ajuda para o pai, que morava no mesmo apartamento, e os dois levaram a vítima até o hospital, onde ela morreu. Foi no hospital que dois policiais militares interpelaram Scaravonato e ele confessou ter inventado a história do assalto porque “ninguém iria acreditar que o tiro foi acidental”.

Além das informações consideradas incoerentes nos depoimentos do réu, a sentença de pronúncia apresentou outras provas. O exame residuográfico apontou pólvora nas mãos de Scaravonato, o que sugere que ele pode ter sido o autor do disparo. Em sua defesa, o réu alegou que tinha feito dois tiros no dia anterior para testar o revólver que apresentava problemas no tambor — o que também é alegado por ele como uma explicação para o disparo acidental.

A pronúncia também contém o relato de testemunhas apontando que o casal tinha brigas anteriores, o que levou ao enquadramento do assassinato como feminicídio. Scaravonato alega que não tinham um relacionamento sério com Joana, que os dois “estavam apenas curtindo” e que não tiveram nenhuma desavença naquela noite. O réu reforçou que não tinha a intenção de matar a jovem, tanto que a socorreu imediatamente pedindo ajuda do pai e a levando para o hospital.

A trajetória do tiro, que atingiu Joana no peito, descrita pela perícia é outro indício que não condiz com os relatos do réu sobre como o disparo aconteceu. Nos depoimentos, também há controvérsia sobre onde o revólver foi deixado após o tiro.

Joana era moradora do bairro Cidade Alta e estudava Psicologia na PUC, em Porto Alegre. Na época do crime, ela fazia as aulas de forma virtual em razão da pandemia de coronavírus. A jovem também trabalhava na escola de Educação Infantil da mãe dela, no bairro Planalto.