Estudo mostra como fazer o controle das pragas de pequenas frutas

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Como o Brasil ocupa a terceira posição no ranking mundial de produção de frutas, a produção é diversificada por causa das condições climáticas de um país de grandes extensões com o o Brasil, que permitem produzir frutas tropicais, subtropicais e temperadas. A maior parte da produção tem como destino o mercado interno e apenas 2,5% destinam-se à exportação. A fruticultura tem sido um dos setores mais afetados pelo registro de novas pragas, que aumentam os custos de produção e comprometem a qualidade das frutas devido às danos causados, e pelo maior risco da presença de resíduos de inseticidas utilizados para o seu controle, além de dificultar as exportações devido às barreiras quarentenárias. Dentre essas pragas, as moscas-das-frutas têm sido uma ameaça constante. Drosophila suzukii, considerada uma das principais pragas das chamadas pequenas frutas , que incluem morango, mirtilo, amora-preta, framboesa e cereja, mas a drosófila da asa manchada também ataca outras frutíferas, como videira, nectarineira, pessegueiro, entre outros. No Brasil, já foram constatadas perdas em morango e teme-se que o inseto possa se adaptar às nossas condições e causar perdas econômicas significativas em outros cultivos. Um estudo feito pelos pesquisadores e engenheiros agrônomos da Embrapa Dori Nava, Cleber Baronio, Daniel Bernardi, Marcos Botton e pelo aluno de graduação em agronomia Felipe Andreazza , mostrou que tanto os adultos como as larvas causam danos nos frutos. As fêmeas ocasionam danos por meio da perfuração na superfície dos frutos para realizar a oviposição , e as larvas consomem a polpa das frutas . As larvas também possuem o comportamento de realizar consecutivas e frequentes aberturas na epiderme do fruto, de dentro para fora, formando galerias para posterior saída dos adultos no interior do fruto. Segundo os pesquisadores a temperatura ideal para o desenvolvimento do ciclo biológico da mosca D. suzukii é de 22 °C.

No entanto, o inseto consegue sobreviver em temperaturas baixas, podendo os adultos passar por um estado de hibernação. Temperaturas acima de 30 ou abaixo de 0 °C provocam a paralisia das atividades biológicas. A baixa umidade do ar e do solo, por outro lado, pode provocar a dissecação dos insetos dificultando a distribuição da espécie nos pomares, o que resulta, por consequência, em uma menor infestação da praga nas regiões mais quentes e secas. Esses fatores contribuem para uma menor infestação e danos de D. suzukii em frutos de morango cultivados em sistema de túnel baixo. Estudos dessa magnitude devem ser realizados para o melhor entendimento do comportamento da praga nos diferentes sistemas de cultivos, concluem. Monitoramento O monitoramento da mosca D. suzukii é fundamental para definir a presença da espécie no cultivo. É importante conhecer toda a área no entorno do cultivo do morangueiro, na medida em que a existência de outros hospedeiros (ex. mirtileiro, araçazeiro, pitangueira, amoreira, entre outras) pode ser fator multiplicador da espécie. Para realizar o monitoramento da DAM, recomenda-se o emprego de armadilhas contendo atrativo alimentar. A colocação das armadilhas para o monitoramento dos adultos deve ter início antes do amadurecimento dos frutos. Diferentes tipos de armadilha foram avaliados no exterior para o monitoramento dos adultos de D. suzukii. Uma das mais eficazes é a DROSO-TRAP. Essa armadilha ainda não está sendo comercializada no Brasil, motivo pelo qual se recomenda o monitoramento com armadilhas confeccionadas a partir de potes plásticos ou garrafas “pet” com tampa, contendo de 5 a 7 furos na parte exterior com dimensões de 1,8 cm de diâmetro, equidistantes entre si no perímetro do frasco e posicionados na parte superior dos recipientes Como atrativo, o estudo recomenda o emprego de 100 ml de vinagre de maçã com adição de gotas de detergente neutro para diminuir a tensão superficial do líquido e impedir a fuga dos insetos. As armadilhas devem ser vistoriadas duas vezes por semana, verificando a presença dos adultos e substituindo o atrativo semanalmente . Devem ser utilizadas pelo menos duas armadilhas em cada área de cultivo com até 0,5 ha, aumentando-se proporcionalmente ao aumento da área cultivada.

Controle Físico
O emprego de rede de exclusão com malha de 0,8 mm a 0,98 mm, em cobertura total de plantas, tem reduzido a infestação da mosca D. suzukii em até 80% em pomares de mirtilo e cereja (100%). Essa técnica pode ser adotada no cultivo semi-hidropônico de morangueiro visando reduzir a entrada da praga no interior do cultivo.

Controle Cultural
Para esse método de controle, as seguintes medidas devem ser adotadas:
a) reduzir o intervalo entre a colheita dos frutos, o que permite a retirada ou eliminação dos frutos maduros (mais suscetíveis ao ataque da praga) ou estragados da área de cultivo;
b) destruir os frutos descartados, enterrando-os no solo a uma profundidade mínima de 20 cm da superfície. Outras alternativas incluem a maceração dos frutos, e sua destruição em superfície para a exposição direta ao sol, ou o ensacamento dos frutos em sacos plásticos deixando-os ao sol por um período de três dias. Esses procedimentos visam à eliminação dos insetos em diferentes fases de desenvolvimento;
c) eliminar as folhas velhas das plantas de morangueiro, melhorando o arejamento, a penetração da luz e a diminuição da umidade das plantas, uma vez que D. suzukii prefere zonas abrigadas e úmidas

Controle Biológico
Outros países, foram identificadas larvas da mosca D. suzukii parasitadas por Leptopilina heterotoma e pupas por Pachycrepoideus vindemiae, Trichopria drosofilas e Asobara com potencial de uso para o controle da praga. Também foram registrados os predadores Orius laevigatus em condições naturais. Outra alternativa para o manejo biológico de D. suzukii é a utilização de fungo Beauveria bassiana. Estudos preliminares demonstraram que a associação desses agentes de controle podem ser promissores para o controle da praga. No Brasil, parasitoides da ordem Hymenoptera já foram encontrados associadas a D. suzukii na cultura do morangueiro, estando esses em fase de identificação em nível de espécie.

Controle Químico
Não existem inseticidas registrados especificamente para o controle de D. suzukii na cultura do morangueiro no Brasil. No entanto, dentre os inseticidas autorizados para uso na cultura, os piretroides (lambdacialotrina e fempopatrina) e o espinetoran são eficazes no controle dos adultos da praga. De maneira emergencial, esses inseticidas podem ser utilizados para reduzir a pressão da praga nos locais infestados em intervalos de aplicação de 5 a 7 dias, respeitando o período de carência de 3 dias. A azadiractina, empregada no controle de ácaros, auxilia na redução da infestação, atuando como repelente dos adultos por 96 horas. A mortalidade dos adultos ocasionada pela aplicação do produto é de no máximo 40%.