Diferença salarial entre homens e mulheres voltou a subir e está em 22% no Brasil, diz IBGE

2015-04-10_190211

 Isso significa que uma brasileira recebe, em média, 78% do que ganha um homem.

A diferença de assistência entre homens e mulheres , que vinha em tendência de queda até 2020, voltou a subir no país e no consumo 22% no fim de 2022, segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) . Isso significa que uma brasileira recebe, em média, 78% do que ganha um homem.

Hoje, Dia Internacional da Mulher , o presidente Luiz Inácio Lula da Silva deve apresentar um projeto de lei para garantir remuneração igual entre homens e mulheres que exerçam a mesma função. Na teoria, a diferença já é proibida pela Consolidação das Leis do Trabalho (CLT), mas faltam a opção de garantir que a lei seja entregue.

Segundo especialistas, entre as possíveis tendências para o aumento recente na diferença da remuneração está o fato de a pandemia ter sido mais difícil para as mulheres, que, em muitos casos, perderam o emprego para cuidar da casa e da família. “Pode se suportar que as mulheres se mantenham mais tempo fora do mercado de trabalho e, aí, fica mais difícil se reinserir”, diz o economista Bruno Imaizumi, da consultoria LCA.

A coordenadora do Núcleo de Pesquisa em Gênero e Economia da Faculdade de Economia da Universidade Federal Fluminense, Lucilene Morandi, afirma que outra explicação possível decorre de uma crise no setor de serviços – que emprega mais mulheres – tem sido mais intensa durante a pandemia do que na indústria e no agronegócio (segmentos que concentram mais homens).

Os economistas acrescentam que medidas como as que devem ser anunciadas hoje por Lula são importantes para deixar claro que o Estado está preocupado com a desigualdade de gênero e que pensará em políticas que reduziram o problema. Ela pondera, porém, que a lei não terá como interferir em casos em que uma empresa prefere promover um homem por considerá-lo mais capaz de assumir uma posição de comando devido ao gênero.

“áreas femininas”

A professora do Insper Ana Diniz, pesquisadora na área de diversidade e inclusão, destaca que, além dos problemas que vieram na esteira da pandemia e implicaram maior desigualdade entre gêneros, outras questões precisam ser atacadas para diminuir a discrepância, como a divisão sexual do conhecimento . Historicamente, as mulheres são mais presentes em áreas tidas como “femininas”, como as medicamentosas ao cuidado (o ensino, por exemplo). Essas também são áreas que tendem a ser menos valorizadas financeiramente.

A representante adjunta da ONU Mulheres Brasil, Ana Carolina Querino afirma que é preciso discutir o valor do trabalho que vem sendo feito, em grande parte, por mulheres. “Para a nossa sociedade, é fundamental investir na geração futura. Então, é fundamental remunerar quem trabalha com educação”, diz. “Se a gente não repensar o valor desses trabalhos, não será possível estabelecer uma discussão real sobre igualdade salarial.”

Ana Carolina acrescenta que a futura lei que pretende garantir a igualdade salarial precisará ter ferramentas de monitoramento. Ela lembra que a cota de 30% do fundo partidário para candidaturas femininas – criada para aumentar a participação de mulheres na política – não tem sido respeitada por partidos políticos, que recorrem a “artimanhas” para burlá-la.

Segundo Ana Carolina, no mundo corporativo tem sido comum que empresas criem mais postos de gestão e aloquem mulheres para os cargos. Quando essas sensações são saudáveis, no entanto, percebe-se que são de “gerentes juniores”, por exemplo. “Isso acaba criando algumas formas de manter uma desigualdade salarial mesmo para postos que seriam iguais.”