Alimentos básicos ficam até 180% mais desde janeiro de 2019; saiba o porquê

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Dos 10 alimentos mais caros, 8 fazem parte da lista dos essenciais aos brasileiros. Acompanhe o gráfico criado pelo IBGE

Dos 10 alimentos mais caros, oito estão na lista dos 13 alimentos essenciais que fazem parte do consumido mensal do brasileiro – composta por arroz, feijão, farinha, batata inglesa, tomate, açúcar cristal, banana prata, contrafilé, leite longa vida, pão francês, óleo de soja, margarina e café em pó. Veja abaixo o gráfico:

Por que tantos aumentos?

Há diversos motivos que explicam o porquê de estar tão caro comer o básico no Brasi, . Mudanças nos padrões de consumo associadas à pandemia – como aumento pela demanda mundial por alimentos -, problemas climáticos, desarranjos das cadeias produtivas, elevação dos preços internacionais das commodities, altas transferências públicas de renda, custos com energia e aumento nos preços dos combustíveis estão entre eles.

Além disso, as inseguranças sobre o comportamento imprevisível das instituições – envolvendo os três poderes da República – afastam investidores internacionais e contribuem para a alta do dólar, que favorece o segmento exportador e impacta os preços dos alimentos.

Inclusive, não foi apenas o Brasil que sofreu com as altas. Em 2021, os preços subiram 28% em todo o mundo, de acordo com a FAO (Organização para a Alimentação e Agricultura) da ONU (Organização das Nações Unidas). Este foi o maior aumento em 10 anos.

Ranking

Além das explicações sobre o cenário geral dos últimos anos, há razões específicas que levam ao aumento nos preços dos alimentos, de modo individual. Entenda abaixo o que mais afeta os cinco mais caros desde o início do governo Bolsonaro.

Óleo de soja – 183,03% mais caro

Também apontado como um dos mais caros nos últimos meses, o produto sofre, nos últimos tempos, com a alta no preço do petróleo e a redução da produção de óleo de girassol na Ucrânia, o que tem aumentado a demanda do óleo de soja e pressionado os preços no Brasil. A redução na safra da soja causada pela seca também influenciou no aumento dos preços e, durante a pandemia, o aumento dos preços das commodities – como o milho – e a alta exportação – já que o Brasil é grande produtor de soja – contribuíram com o cenário prolongado de aumentos.

Feijão carioca – 113,95% mais caro

Produzido principalmente pela agricultura familiar, o feijão carioca teve vários impactos na colheita – como em 2020, quando teve uma safra menor. Já a terceira safra do ciclo 2021/2022 possui a menor área plantada dos últimos 10 anos, respondendo principalmente pelo grão cultivado sob irrigação, o que garante mais produtividade e qualidade. Entretanto, os custos estão mais altos, especialmente o da energia elétrica.

Além disso, geadas intensas na Região Sul e estiagem em Goiás e Minas Gerais fizeram com que houvesse uma redução na oferta, ao passo que a demanda aumentou.

Batata-inglesa – 103,74% mais cara

Épocas de chuvas intensas e períodos irregulares prejudicaram a colheita de vários alimentos – como é o caso da batata e do tomate, por exemplo. É o que aconteceu neste ano e também em 2019, quando houve um calor acima do normal e depois um fluxo intenso de chuvas na região Sul. Com baixa produtividade e menor oferta, os preços tendem a subir.

Cebola – 96,12% mais cara

Depois dos altos preços registrados em 2015 – que levaram até mesmo Ana Maria Braga a usar um colar de cebolas em protesto – a hortaliça voltou aos holofotes, com um cenário bastante similar ao da batata-inglesa. As fortes chuvas no período, como no começo do ano, prejudicaram a produção, e mesmo com a melhora climática, os fatores gerais – inflação, preço dos combustíveis, entre outros – seguem afetando os alimentos. Neste ano, a cebola também sofreu com safra menor e mudança da produção para outras regiões.

Café moído – 71,79% mais caro

Só em 2021, o grão subiu mais de 50%. Por ser uma commodity, o preço do café está diretamente sujeito às oscilações do cenário internacional – como especuladores, bolsas, países que não o produzem – e existe um alto estoque nas mãos de traders, empresas que fazem a logística e comercialização a nível global do produto. Além disso, a alta do dólar e as condições climáticas – que atingiram a safra no ano passado por meio de geadas e secas – contribuíram com os aumentos dos preços.

“Nós temos um produto que virou commodity, não tem mais controle do governo. O agricultor não consegue controlar o produto mais. Você compra insumos taxados em dólar, com base em dólar e você vai vender no Brasil em real. Como a nossa moeda, por um descontrole do governo, desvalorizou demais frente ao dólar, esse é um dos principais fatores que tem impactado”, explica, ao Brasil de Fato, Rodrigo Casado, da Cooperativa de Comercialização e Reforma Agrária Norte Pioneiro (Coanop), no Paraná.