Julho terá chuva de meteoros

2015-04-10_190211

Já nesta segunda-feira, 4, a Terra estará posicionada no ponto mais distante  do Sol

A lua cheia de julho, que também é a terceira Superlua do ano, será um dos principais eventos astronômicos do mês, que tem uma agenda repleta para os entusiastas da observação.

O inverno de 2022, iniciado em 21 de junho, é a época mais propícia para observações astronômicas. Com a queda da umidade atmosférica, os céus sem nuvens e as noites mais longas facilitam a captação de luzes estelares.

Já no começo do mês, precisamente no dia 4, a Terra estará posicionada em afélio – o ponto da órbita em que se registra a maior distância possível do Sol. A Lua dos Cervos inicia o ciclo no dia 6 de julho, quando entra na fase de quarto-crescente. O perigeu – fase em que o satélite natural está mais próximo da Terra e que caracteriza a Superlua – se dá no dia 13 de julho, dia em que o fenômeno atinge o ápice.

Olhe para o céu em julho

13/7: Lua Cheia (Superlua dos Cervos)

É a segunda “superlua” do ano. Um conceito um tanto polêmico, visto que não é uma designação astronômica, mas sim um nome popular (que até a Nasa usa). Significa apenas uma Lua cheia que está um pouco mais perto da Terra, quando essa fase coincide com seu perigeu (o momento em que nosso satélite está mais próximo naquele mês, em sua órbita elíptica).

Isso faz com que a Lua apareça até 15% maior e 30% mais brilhante. Mas não é algo tão perceptível ao olho humano, a não ser que você compare com fotografias dos meses anteriores. Ela será tão exuberante quanto qualquer Lua cheia. Se observada próxima ao horizonte, melhor ainda, pois uma ilusão faz com que ela apareça ainda maior — devido à perspectiva com referenciais terrestres, como prédios e árvores.

No dia 13, ela nascerá por volta das 17h30, junto com o pôr do Sol (quem tiver uma vista desobstruída, poderá acompanhar um fenômeno em cada lado do céu).

Ficará visível durante toda a noite, mas a primeira hora após o nascimento é o melhor momento para observar, pois a Lua pode mostrar belas variações de tonalidade, amarelada, alaranjada ou até mesmo avermelhada, devido à interação com a atmosfera.

O dia seguinte também é uma ótima oportunidade de observação, com nosso satélite ainda com 100% de iluminação.

E de onde vem o nome “Superlua dos Cervos”? Era o apelido que os povos nativos norte-americanos davam para a Lua cheia de julho, verão no hemisfério Norte, época em que a galhada destes animais se regenera (os chifres caem no inverno).

15/7: Conjunção entre Lua e Saturno

A bela Lua, ainda bem cheia (90% de iluminação), ganhará a companhia do planeta dos anéis. A partir das 21h, Saturno aparecerá acima e à esquerda dela, como uma estrela dourada de brilho fixo.

Com telescópios, binóculos, ou mesmo uma câmera com teleobjetiva (lente zoom), é possível ver mais detalhes dos corpos, como as crateras da Lua e os anéis de Saturno.

Entre 18 e 19/7: Conjunção entre Lua e Júpiter

O segundo planeta mais brilhante (depois de Vênus) vai fazer ainda mais bonito: dar um “beijo” no nosso satélite. A partir da meia-noite de 18 para 19, será possível ver Júpiter bem coladinho, acima e à esquerda da Lua.

Ressaltando que, quando falamos em conjunções, nos referimos do ponto de vista da Terra. No espaço, os corpos estão separados por milhões de quilômetros.

Entre 20 e 21/7: Conjunção entre Marte e Lua

Para completar os encontros celestes, a Lua minguante poderá ser vista próxima do planeta vermelho. A partir das 2h da madrugada do dia 21, o vizinho Marte estará logo abaixo de nosso satélite, como uma estrela avermelhada. Eles são, de fato, os dois corpos mais próximos do Sistema Solar.

Entre 28 e 29/7: Pico da chuva de meteoros Piscis Austrinids

A primeira de um trio de chuvas de meteoros de julho. Ativa entre 15 de julho e 10 de agosto, seu pico acontece na madrugada entre os dias 28 e 29. O radiante (ponto onde os meteoros aparentam convergir) é a constelação do Peixe Austral — não confundir com Peixes. O melhor horário para observação é entre 2h e 4h da madrugada, quando estará mais alta no céu.

Só não espere muito; é uma chuva fraca, com cerca de cinco “estrelas cadentes” por hora. O corpo que a originou é desconhecido. Pode ser um antigo cometa que já se desintegrou.

Use um app de observação astronômica para encontrar a constelação. Mas não é preciso fixar o olhar neste ponto: os meteoros irradiam de toda área ao redor.

30/7: Pico das chuvas de meteoro Delta Aquáridas do Sul e Capricórnidas

É a noite mais aguardada do mês. Com o pico de duas chuvas coincidindo, e mais alguns resquícios da Piscis Austrinids, previsões otimistas dizem ser possível ver até 30 meteoros por hora. No ano passado, elas deram um show nos céus brasileiros.

A Delta Aquáridas do Sul é a mais intensa e, como o nome diz, nós observadores do hemisfério Sul somos privilegiados. Ativa entre 12 de julho e 23 de agosto, tem o radiante na constelação de Aquário. Apesar de gerar meteoros menos brilhantes, a grande densidade é sua maior característica, enchendo o céu de “riscos”.

Já a Alfa Capricórnidas tem o radiante na constelação de Capricórnio e acontece entre 3 de julho e 15 de agosto. Apesar de mais fraca, com cerca de cinco meteoros por hora, ela tem um diferencial: costuma aparecer como bolas de fogo brilhantes ou explosivas (bólidos), deixando clarões no céu, em vez dos tradicionais rastros.

Ambas as constelações ficam próximas no céu, então fica mais fácil observá-las; o melhor horário é entre meia-noite e 4h. A Lua “apagada”, na fase nova, favorece nossa visão. As duas noites seguintes também são boas oportunidades, com as chuvas ainda com intensa atividade.

Não é preciso qualquer equipamento especial: todos os meteoros podem ser vistos a olho nu, de qualquer lugar do país. Basta um céu limpo. Tente buscar o local mais escuro possível após a meia-noite. Os meteoros irradiam da constelação de Aquário, mas podem aparecer em qualquer lugar do céu.

A Delta Aquáridas vem de resquícios do cometa 96P/Machholz ou P/2008 Y12 (SOHO); a Alfa Capricórnidas, do 169P/NEAT. Elas acontecem todos os anos, quando a Terra, em seu movimento de translação em torno do Sol, cruza a órbita de cada cometa, por onde flutua uma trilha de detritos. Neste período, por cerca de um mês, algumas dessas partículas atingem nossa atmosfera, causando uma chuva de meteoros. O pico ocorre quando atravessamos a área mais central e densa do rastro do cometa.