Você sabe o que é a “Síndrome da Gaiola”?

2015-04-10_190211

Diversas crianças e adolescentes tem passado pela síndrome após os períodos prolongados de isolamento, devido à Covid-19

Independente de ser extrovertido ou introvertido, todos tínhamos uma vida social antes da pandemia: precisávamos ir ao trabalho, ir ao supermercado, encontrar familiares, praticar exercícios ao ar livre, ou qualquer uma das diversas situações externas nas quais estávamos em contato com pessoas.

Com a chegada da pandemia de coronavírus, uma doença altamente letal e que pôs a humanidade em risco, a medida mais clara e responsiva para controlar a disseminação do vírus era -e ainda é- o isolamento social.

Para os adultos, com círculos sociais já construídos e a perspectiva de adaptar trabalho e lazer para dentro de casa (imaginando a melhor das hipóteses), o isolamento não se mostrou tão agressivo.

Depois de longos períodos isolados, muitos começaram a ter prejuízos na saúde mental, pelo fato de o ser humano ser um animal sociável e precisar de contatos para estar em pleno funcionamento.

Contudo, para as crianças, a situação exigiu mais cuidados, já que os pequenos dependiam muito do contato com colegas na escola para se manterem ativos socialmente, por exemplo, ou de aulas de esportes para praticarem atividades físicas regulares.

Com o isolamento, os pais precisaram se virar em 30 para manter as crianças ativas e evitar prejuízos tanto para a saúde física, quanto para a mental. E alguns obtiveram esse objetivo com excelência.

Contudo, hoje, com a reabertura das escolas e de algumas atividades de lazer ao ar livre e em escolinhas, o comportamento de algumas crianças mudou, pois elas acabaram se adequando ao estilo de vida dentro de casa, com as aulas online, com as brincadeiras no quarto, sozinhas ou no máximo com os pais ou irmãos.

Síndrome da gaiola: agorafobia
Muitas desenvolveram o medo de sair de casa ou irem a lugares com pessoas, como a escola. Este transtorno se chama agorafobia, e já é muito conhecido pela psicologia.

É importante, para o bem das crianças, que os pais e responsáveis saibam distinguir quando a criança está apenas com medo de voltar ou de contrair o vírus, já que foi um período mais longo do que um ano em isolamento, ou o medo realmente as impede de executarem as suas tarefas diárias, prejudica o desempenho escolar, dificulta a interação com outras crianças e pessoas ao redor.

O medo da Covid-19 pode sim ser paralisante até mesmo para os pequenos, pois eles também se importam com os pais e com conhecidos que possam sofrer com a doença, contudo, vale que os pais fiquem de olho nas atitudes e comportamento das crianças, para que o medo não se transforme em uma ansiedade além do normal e possa se tornar um problema na vida dos pequeninos.

Segundo a psiquiatra Alessandra Dhiel, em entrevista ao jornal Gazeta do Povo, “o medo acarretará insônia no dia anterior, como na verbalização do receio. Nas crianças é comum encontrar sinais de somatização, como dor de barriga e diarreia, somado à verbalização de que não quer sair de casa”.

Ajuda profissional
A melhor saída para os pais é buscar a avaliação profissional por meio de um psicólogo ou psiquiatra, a fim de não deixar que o problema se torne uma bola de neve e afete a vida da criança a longo prazo.

A saúde mental também é importante de ser resguardada desde a infância, e não é apenas nos momentos de crises intensas que o acompanhamento profissional deve ser buscado.