Taxa rosa: Por que os produtos “femininos” são mais caros?

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 Do xampu ao pijama, produtos iguais são mais caros para as mulheres

Preço de versões femininas chega a ser o dobro de seus equivalentes masculinos.  A prática é considerada discriminatória pelo Ministério da Justiça

De lâminas de barbear a roupas para bebê, passando por tênis, tênis, xampus ou remédios para a dor, se o produto é voltado para mulheres, é grande a chance de que custe mais. Dependendo do caso, o preço pode se aproximar do dobro de um produto similar masculino. As mulheres são mais da metade dos consumidores e ganham, em média, menos que os homens, mas no caixa pagam mais que elas pelos mesmos itens.

A chamada taxa rosa, ou pink tax, é um acréscimo sutil sobre produtos para mulheres identificadas em vários países. Remonta à década de 1930, mas persiste e começa a entrar na mira de autoridades. No Brasil, a cartilha recém-lançada pelo Ministério da Justiça incluiu a taxa rosa como prática discriminatória a ser combatida.

Nos EUA, a Califórnia este ano tornou ilegal o preço maior por produtos femininos com função igual — ou muito próximo — aos masculinos. Em Nova York, uma lei semelhante entrou em vigor em 2020.

As mulheres pagam mais por produtos apresentados como sob medida para elas — mesmo quando ainda são bebês. Por exemplo: um macaquinho de bebê da marca Kyly na versão masculina custa metade do preço que o modelo para meninas, exibia o marketplace da Renner na semana passada. Mudam apenas a cor e a estampa.

Já no site da Lupo, um kit de pijamas para pai e filho custa R$ 126,90, enquanto a versão para mãe e filha sai a R$ 133,90, ou 5% mais caro. O masculino ainda pode ser encontrado em promoção por menos de R$ 100, mas não o feminino.

Os exemplos foram levantados pela professora da Escola Superior de Propaganda e Marketing (ESPM), Karine Karam. O GLOBO também flagrou diferenças em supermercados e drogarias do Rio.

Cor tem preço

 

Numa loja do Extra no Centro, um pacote com sete lâminas de barbante da marca Nous custa R$ 14,29. Pendurada ao lado, uma embalagem com o mesmo modelo na cor rosa é vendida por R$ 21,97, mas com apenas cinco unidades.

Em uma drogaria Venâncio na Tijuca, na Zona Norte, a lâmina Bic Women, com cabo rosa, é igual a um aparelho de barbear Bic, que é azul. No entanto, o modelo apresentado como feminino custa R$ 0,40 a mais.

m uma Pacheco da Tijuca, uma caixa do medicamento Advil Mulher chama atenção na prateleira com indicação para cólica menstrual, além de dor de cabeça ou nas costas. A embalagem com dez cápsulas custa R$ 28,39, ou seja: R$ 2,84 por pílula.

Na loja, no entanto, há cartelas de oito cápsulas do mesmo ibuprofeno 400mg, apenas com o nome Advil. Custa R$ 18,69, ou R$ 2,34 por unidade. Na ponta do lápis, a diferença de R$ 0,50 por unidade é de 21%.