Rio Grande do Sul tem  o maior número de mulheres morando só do país

2015-04-10_190211

 Lares com apenas uma pessoa cresceram em todo o Brasil. IBGE divulgou na sexta-feira,24, que  no Brasil, 50,45%  das pessoas que moram sozinhas são homens

 

Mais da metade da população gaúcha que mora sozinha é composta por mulheres. Conforme os dados do Censo Demográfico 2022, 54,45% (518.149) dos domicílios com apenas um morador no Rio Grande do Sul são ocupados por integrantes do sexo feminino.

Esse é o maior percentual registrado no país. Gisele Spricigo, doutora em Economia do Desenvolvimento e gerente da pós-graduação stricto sensu da Unisinos, afirma que o dado pode indicar uma confirmação da busca pela independência econômica e financeira da mulher neste período.

— No momento que ela parte para um lar unipessoal, ela está confirmando a sua autonomia. Por mais que talvez tenha algum aporte, seja de um familiar, ela tem autonomia social, econômica, financeira para estar nesse lar — afirma a doutora.

Os números divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) na manhã desta sexta-feira (24) mostram que, no Brasil, 50,45% (6.930.860) das pessoas que moram sozinhas são homens. Apenas no RS, em outros três Estados e no Distrito Federal a porcentagem de mulheres entre os lares unipessoais (compostos apenas por uma pessoa) é superior.

Esse perfil de lar, com apenas um morador, cresceu em todo o país. Entre as duas edições mais recentes do censo, o crescimento foi de 6,7 pontos percentuais. Em 2010, 12,18% (6.980.378) da população brasileira morava sozinha, em 2022 esse percentual era de 18,94% (13.736.939). Não foi registrada queda desse percentual em nenhum Estado.

Para Marcio Mitsuo, demógrafo do IBGE, o crescimento dos domicílios unipessoais está associado a dois fatores:

— O envelhecimento da população, porque justamente na parcela de pessoas idosas, existe uma maior proporção dos unipessoais, e mudanças relativas aos eventos de transição de um tipo de arranjo familiar para o outro.

Segundo ele, essas etapas são caracterizadas pela formação de casal, da chegada dos filhos, depois da eventual saída dos filhos de casa e de uma eventual separação ou viuvez.

Rio Grande do Sul

RS é o sexto Estado que registrou o maior crescimento no número de pessoas morando sozinhas. Em 2010, 15,17% (546.186) da população gaúcha morava sozinha e, em 2022, a porcentagem subiu para 22,34% (951.561), um crescimento de 7,17 pontos percentuais.

O maior aumento foi registrado no Espírito Santo, com uma diferença de 8,52 pontos percentuais, saindo de 12,08% (133.089) para 20,6% (294.568).

Perfil

Outra característica que se destaca entre os moradores dos lares unipessoais é a faixa etária. Tanto no Brasil quanto no RS, a maior parte das pessoas que moram sozinhas possui 60 anos ou mais. No país, essa faixa etária corresponde a 41,24% (5.664.602) dos lares unipessoais, no RS a porcentagem sobe para 46,77% (445.029).

Essa é uma característica que vem sendo reforçada ao longo dos anos. Do Censo de 2010 para o de 2022, esse percentual aumentou 2,63 pontos percentuais no país e 4,30 no Estado.

Conforme Pedro Zuanazzi, diretor do Departamento de Economia e Estatística (DEE) da Secretaria Estadual de Planejamento, Governança e Gestão, os números refletem as características da população gaúcha, com aumento dos idosos e a maior proporção de mulheres, que tem maior expectativa de vida.

Veja que o Rio Grande Sul e o Rio de Janeiro, não à toa, que têm os maiores percentuais de pessoas vivendo sozinhas, eles são os Estados que tem também a maior proporção de idosos no Brasil. Ao você ter a maior proporção de idosos, você acaba tendo uma maior quantidade de pessoas vivendo sozinhas e principalmente mulheres, porque as mulheres são maioria na faixa etária idosa — exemplifica.

Já em relação à cor das pessoas que vivem sozinhas no RS, 80,57% (766.680) são brancas, e 12,88% (122.559) pardas. A proporção não é muito diferente do que a encontrada no Estado na população em geral, que é de 78,42% (8.534.229) branca e 14,67% (1.596.357) parda. A diferença de aproximadamente dois pontos percentuais pode estar relacionada à diferença de longevidade e expectativa de vida entre esses dois grupos.