Preço da manteiga dispara nas prateleiras dos supermercados

2015-04-10_190211

Produto já subiu 122% nos últimos seis anos

Entre janeiro de 2015 e outubro de 2021, a manteiga subiu 121,9%, segundo o IPCA (Índice de Preços ao Consumidor Amplo). É 2,5 vezes a inflação geral no período (48,2%) e está muito acima dos demais lácteos: leite e derivados (59,9%) e leite longa vida (68,8%). O aumento também é maior que o da margarina (71,4%), concorrente da manteiga.
O que explica a manteiga ter se tornado tão cara no Brasil, um dos maiores produtores de leite do mundo e detentor do segundo maior rebanho de vacas do planeta?
Antiga vilã da alimentação saudável, a manteiga passou por uma reviravolta e tornou-se um dos itens mais procurados e rentáveis da cadeia de produtos lácteos. Tudo começou ao cair o reinado da margarina, a partir dos anos 1990, quando diversas pesquisas mostraram que o processo de hidrogenação dos óleos usados na margarina leva à formação de gordura trans. O consumo dessa substância aumenta – e muito – os riscos de doenças cardiovasculares e outras enfermidades.
Patinho feio dos lácteos, a manteiga tornou-se em todo o mundo a estrela principal da festa, a mais desejada, a mais valiosa e, por vezes, indisponível. E aí surge um problema: o desequilíbrio na demanda por gordura e proteína.
Embora esteja entre os maiores produtores do mundo, o Brasil não é um grande exportador de leite e derivados. O setor não goza dos mesmos incentivos financeiros e políticas governamentais destinados aos alimentos que se tornaram commodities e têm sua produção voltada à exportação.
Uma espécie de tempestade perfeita formou-se em 2015, ano em que o preço da manteiga disparou bruscamente. A combinação de encolhimento da economia (-3,5%), inflação de dois dígitos (10,67%) e desvalorização do real atingiu em cheio a produção de leite no Brasil.
Com a pandemia, o consumo de lácteos aumentou sob o efeito do auxílio emergencial. Novamente, a demanda maior que a oferta inflacionou os preços dos derivados de leite. E a desvalorização da moeda brasileira também puxou para cima os custos de produção: grãos para ração, fertilizantes, melhoramento genético e modernização.