Jogos eletrônicos são os reais vilões?

2015-04-10_190211

Um estudo realizado na Austrália mostra que a influência dos games no desenvolvimento das crianças vai bem além do que já é entendido

Em meio a era da tecnologia, muitos pais se veem sem saída em exporem os filhos às telas, pois elas estão em todos os lugares. Hoje, principalmente em função da pandemia de coronavírus, é impossível fugir da tela de um computador para as tarefas mais banais, como conversar com parentes e amigos, trabalhar e até mesmo ter momentos de lazer. O fato é que não existe vida moderna sem luzes radiantes vindas de pequenas ou grandes telas espalhadas por todo canto.

Contudo, as consequências que essa exposição constante tem para as crianças ainda é um ponto bastante estudado por pesquisadores. Enquanto alguns pais reprimem o tempo que os filhos gastam assistindo desenhos, jogando joguinhos no celular e nas redes sociais, outros incentivam o uso do celular, por exemplo, como uma ótima ferramenta de desenvolvimento, principalmente quando entretêm os filhos por alguns minutos.

Mas então, até onde a exposição à tecnologia é maléfica para as crianças? Um estudo australiano realizado em 2017, intitulado Growing Up in Australia: Longitudinal Study of Australian Children (Crescendo na Austrália: Um Estudo Longitudinal das Crianças Australianas, em tradução livre) acompanhou 4 mil crianças por alguns anos, para saber como o tempo no computador acarretava no desenvolvimento cognitivo e emocional.

Na realidade australiana, onde 90% das casas tem pelo menos algum tipo de aparelho eletrônico como televisão e computador, a maioria das crianças (33%), de 8 e 9 anos, ficavam até 2 horas por semana no computador. Já a outra parcela significativa, de 24%, passavam de 4 até mais de 7 horas por semana no computador.
Dois anos depois, quando foram revisitadas, as crianças que passavam menos tempo (de 2 a 4 horas semanais) no computador, eram as que melhor se saíram no desempenho acadêmico.

Contudo, as que passavam o menor tempo (até 2 horas semanais), foram as que apresentaram o pior desempenho acadêmico e emocional. Já os que passavam mais de 7 horas semanais foram os que tiveram o pior desenvolvimento social.

Mas então, o que isso significa? Se o seu filho passa muito tempo com joguinhos no celular, isso não quer dizer que ele será um adolescente ou adulto desconexo das outras pessoas, pois o tempo que se utilizam os eletrônicos não é o único fator determinante para tais respostas.

Além das horas gastas, também importa muito a qualidade dos jogos e os fatores sociais que circundam a criança. Segundo o Portal Ped “[…] A qualidade dos jogos e o contexto familiar desempenham papéis fundamentais para os pequenos.

Jogos que oferecem a oportunidade de colaboração com outras pessoas, ao mesmo tempo em que propõem a resolução de problemas (o sucesso ‘Minecraft’, com mais de 100 milhões de cópias vendidas e no qual as crianças podem criar mundos e interagir com outros jogadores, foi citado como exemplo disso), podem ser benéficos para as crianças.”

Mesmo assim, é importante ressaltar aos pais e responsáveis, que é importante que elas tenham uma vida e um bom desenvolvimento fora das telas, interagindo com outras crianças, lendo, brincando ao ar livre, para que tenham uma vida saudável.