Ao longo dos três meses, a estação deve ter temperatura oscilante com alguns períodos chuvosos
Começou a estação mais fria do ano. Oficialmente, o inverno teve início às 7 horas desta quinta-feira, 21, agradando aos apreciadores do frio. Ao longo dos últimos meses, comentários de que este seria o inverno mais intenso dos últimos anos ganharam força na internet, porém não é o que deve acontecer. Segundo a Somar Meteorologia, no Rio Grande do Sul deve ter chuva abaixo da média e ondas de frio e de calor, com maior oscilação de temperatura em agosto. O inverno termina no dia 22 de setembro.
Os primeiros dias de inverno já devem ser de oscilação em Bento Gonçalves. Esta sexta-feira, 22, será de sol com muitas nuvens durante o dia, períodos de nublado, com chuva a qualquer hora. A temperatura mínima será de 8°C e a máxima não passa dos 20°C. No sábado não há previsão de chuva e as temperaturas sobem levemente, com mínima de 11°C e máxima de 23°C. Já, no domingo, a chuva volta à região, com previsão de até 11 mm durante o dia. A mínima será de 7°C e as máximas não passam dos 17°C. Na segunda-feira, 25, deve chover 5 mm, com temperatura de 6°C e máxima de 13°C.
Outono
O outono, que começou em 20 de março, ainda conforme a Somar, teve chuva abaixo do normal no estado, apenas em alguns pontos litorâneos a precipitação foi maior. Mas a estação também foi marcada por extremos. Houve formação de tornados no fim da estação, além de outros eventos de tempo severo.
As temperaturas mínimas e máximas ficaram, em sua maioria, acima da média, mesmo com a entrada de uma onda de frio no fim de maio e outras duas em junho, com temperaturas negativas. Houve registro de geada em 10 dias no Rio Grande do Sul, sendo que em dois deles o fenômeno ocorreu também em Porto Alegre.
Especialistas desmentem boato de frio intenso
Segundo a Climatempo, a probabilidade de frio intenso é exatamente oposta: os meteorologistas estão esperando um inverno até um pouco mais quente do que a média.
Neste momento, segundo os meteorologistas, as águas do oceano Pacífico estão “ligeiramente mais quentes do que o normal”. Com isso em vista, por ora, não se espera a formação do fenômeno El Niño. “Sob esta condição, espera-se por um inverno dentro da normalidade, ou até mesmo ligeiramente mais quente do que o normal”, diz a nota.
O El Niño é um aquecimento anormal do oceano Pacífico que deixa secos o Norte e o Nordeste do Brasil, provoca muita chuva no Sul e deixa Sudeste e Centro-Oeste mais quentes.
Alexandre Nascimento, um dos especialistas em análise climática da Climatempo, afirma que não há nenhuma mudança no oceano nem na atmosfera que indiquem um resfriamento fora do normal no outono/inverno de 2018 na América do Sul.
“Estas condições oceânicas são parecidas com o que se observou no outono/inverno do ano passado, que não teve eventos extremos. Vamos ter, sim, alguns eventos de frio intenso, alguns dias de geada forte no Sul, algum evento de geada em estados como Mato Grosso do Sul e São Paulo, mas nada muito fora do que normalmente ocorre nestas estações.”
Agricultura
De acordo com o presidente do Sindicato dos Trabalhadores Rurais, Cedenir Postal, os agricultores ficaram preocupados com as condições climáticas até maio. “Não havia feito frio e fez calor acima da média”, explica. “Agora o frio que está tendo está em uma constante, é parelho. Para a gente, quanto mais frio, melhor”, acrescenta.
O presidente da entidade também diz que alguns dias de temperatura mais alta, como se tem observado nas últimas semanas, não influenciam na produção. “Se é apenas um, dois dias, não tem problema. Se, por ventura, ficar calor mais dias, pode afetar”, relata. “O frio é bom ainda pra as frutas cítricas, que ganham mais cor e sabor e aguentam mais no pé. As bergamotas, por exemplo, nos períodos de calor ficam mais suscetíveis a doenças e a caírem”, registra.
“A expectativa de produção é boa. A maior preocupação hoje do agricultor é com os preços. Os dados mostram que a venda dos produtos finais (espumante, vinho, suco de uva), não está sendo como deveria ser. Com a chegada do inverno, o consumo deve crescer”, estima Postal.
A neve de 2013
Um dos invernos mais intensos dos últimos anos foi registrado em 2013, com neve em inúmeras cidades do Rio Grande do Sul, Santa Catarina e também no Paraná. Na época, a neve no Sul do país também chegou a interditar rodovias federais (BR-116, BR-280 e BR-282) e estaduais (SC-350, SC-390 e SC-280) em Santa Catarina, por causa do acúmulo de gelo na pista.
Além disso, a neve e o frio extremo provocaram o cancelamento de aulas em São Joaquim. Um morador de rua chegou a morrer em Biguaçu, na Grande Florianópolis, em decorrência do frio. E duas cidades do estado, São Joaquim e São José, na Grande Florianópolis, ficaram em situação de emergência para compra de cobertores e mantimentos às famílias mais pobres.
Numa madrugada, o Rio Grande do Sul teve registro de neve em pelo menos 25 cidades, com uma temperatura mínima de -1,3°C. Bento Gonçalves chegou a registrar até -4°C.
Foto: Morgana Rech Rôxo/Arquivo Pessoal