Governo paga quase R$ 150 milhões em viagens “sigilosas”

2015-04-10_190211

Ao todo foram 75,9 mil viagens sem informações sobre itinerário, roteiro e dados dos servidores

O Governo Federal gastou R$ 146,1 milhões em quase 75,9 mil viagens consideradas “sigilosas” em 2021. Pelo menos uma de cada quatro viagens não continham informações relacionadas aos detalhes como itinerário, roteiro e dados dos servidores que viajaram, como nome e cargo. O detalhamento pode ser obtido no Portal da Transparência.

O valor gasto corresponde a 26,4% do total que o governo federal já usou dos cofres públicos neste ano com viagens a serviço. Considerando todas as passagens, diárias, seguros e outros serviços correlatos, o Executivo bancou 331.492 viagens ao custo de R$ 537,45 milhões. Os números foram atualizados pela última vez em 10 de dezembro.

Levando em conta a distribuição das viagens realizadas pelo governo neste ano, o percentual dos deslocamentos sigilosos é o maior de todos. Na comparação com o ano de 2020 inteiro, o volume de viagens sigilosas pagas pelo Executivo cresceu aproximadamente 11% — no ano passado, foram quase 68,5 mil. Os custos de um ano para o outro, consequentemente, também aumentaram. No último ano, o governo usou R$ 130,3 milhões com esses deslocamentos, 12,1% a menos do que em 2021.

Informações sensíveis e proteção de agentes

O Ministério da Justiça e Segurança Pública (MJSP) foi o responsável por todas as viagens mantidas sob sigilo. Os valores de cada uma variam. Há, por exemplo, uma passagem de um centavo, e um deslocamento internacional da Polícia Federal (PF) de seis meses, entre janeiro e julho, que custou R$ 156 mil. De todas as viagens a serviço pagas com dinheiro público em 2021, sigilosas ou não, essa foi a mais cara.

A assessoria de imprensa do MJSP explicou que as viagens foram feitas a trabalho por servidores das Polícias Federal, Rodoviária Federal e Departamento Penitenciário Nacional. Segundo a pasta, “dados sobre quantitativo, distribuição, localização e mobilização de servidores dos órgãos citados são protegidos por sigilo, por contar com informações sensíveis que podem comprometer operações policiais ou expor atividades de inteligência, fiscalizações e outros trabalhos policiais”.