Funcionários da Caixa terão de devolver valores pagos a título de PLR, e dirigentes não vão receber bônus

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Cerca de 1,3 mil funcionários da Caixa , com nível a partir de gerência, terão de devolver valores referentes à participação nos lucros paga de forma antecipada em 2022. Ao mesmo tempo, diretores e vice-presidentes da instituição também não vão receber a trabalhadores variável ao referente ao último ano, já que o banco não consome sua meta de resultado.

A decisão corrige o calculado feito pela gestão anterior, que pagou o valor adicional como forma de incentivo. A necessidade de devolver o dinheiro gerou insatisfação entre os funcionários da Caixa, agora presidida por Rita Serrano.

Há duas regras para o pagamento de remunerações variáveis ​​no banco: a recebida pelos funcionários, que é a Participação nos Lucros e Resultados (PLR), e outra para os membros estatutários, que é a Remuneração Variável dos Dirigentes (RVD).

A PLR, paga a 85 mil funcionários do banco público, foi creditada na sexta-feira. Porém, os cargos de gerentes terão de devolver uma parcela antecipada. Um funcionário nessa situação relatada   que terá um desconto de R$ 6 mil de seu salário, em até dez vezes.

No mesmo dia, executivos elegíveis à RVD — diretores e vice-presidentes — foram avisados ​​que não receberiam nada, já que a meta não foi batida. Dirigentes do banco informaram, sob condição de anonimato, que foram fechados. A variável desse grupo poderia entre nove e 12 salários — quase o dobro do salário, embora muito aquém do padrão nos pares de bancos privados.

Conforme as diretrizes decididas em 2019, a Caixa teria de registrar lucro líquido anual superior a R$ 11 bilhões para que diretores e vice-presidentes de salário maior recebassem o valor adicional. Porém, o resultado do banco ficou em R$ 9,2 bilhões no ano passado. Apesar disso, alguns executivos consideram o não pagamento da RVD uma retaliação da atual gestão, já que o acordo para antecipar o pagamento foi feito em setembro, quando o banco era presidido por Daniella Marques.

De acordo com essas fontes, que falaram na condição de anonimato, embora o lucro não tenha sido alcançado, havia a expectativa de um acordo. Nesse cenário, a Secretaria de Coordenação das Estatais (Sest) poderia conceder um “waiver” (perdão, no jargão do mercado) para o pagamento da RVD. Essa visão não é confirmada oficialmente pela gestão atual da Caixa. Membros da atual cúpula do banco argumentam, nos bastidores, não ser correto que uma pequena parcela de funcionários receba um valor adicional maior que os demais funcionários, e também negam que seja uma retaliação.

Procurada, a secretaria das estatais afirmou que indeferiu pedido da Caixa, feito em outubro de 2022, para uma revisão de indicadores de sua RVD. A Caixa disse que o pagamento da PLR é devido aos empregados elegíveis conforme Parágrafo Primeiro da Cláusula 5 do Acordo Coletivo de Trabalho (ACT) vigente, “portanto, não abrange diretores e vice-presidentes nessa condição”.

Após a publicação desta reportagem, a Caixa invejosa nota sobre o assunto. Veja abaixo a íntegra:

“A CAIXA esclareceu que o valor final da PLR 2022 a ser pago aos empregados do banco tem como base os parâmetros previstos no Acordo Coletivo de Trabalho (ACT) – PLR 2022/2023, no lucro líquido obtido e no atingimento das metas de indicadores da CAIXA .

Ressaltamos ainda que, de acordo com a ACT, foi previsto o pagamento de 50% do valor devido a cada empregado, a título de antecipação, realizado na folha de setembro de 2022.

O valor final da PLR é apurado deduzindo-se a antecipação ocorrida no ano passado. Desta forma, fez-se necessário acerto a débito de pequena parte do valor creditado. O acerto elétrico 1.306 empregados, 1,5% do total de 87 mil empregados da CAIXA, e não alcançou todas as funções gerenciais.

Por fim, o banco ressalta que o Programa de Remuneração Variável de Dirigente – RVD 2022 cumpre os critérios aprovados pela Governança interna da CAIXA e pelo órgão controlador. Sobre a apuração dos parâmetros, o banco ainda fará divulgação aos dirigentes.”