Fórum encerra com sucesso do Inova Bento como meio de compartilhar experiências para inovação

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2º Fórum da Inovação de Bento Gonçalves reuniu cases, palestras durante a terça-feira, no CIC-BG

Se em novembro passado, ao final do 1º Fórum de Inovação de Bento Gonçalves, o Inova Bento comemorava sua instituição, nesta terça-feira (26), no encerramento da segunda edição, o espaço celebrou sua inauguração oficial.

O ato foi precedido de uma maratona de debates acerca de inovação, ideias e soluções no Centro da Indústria, Comércio e Serviços de Bento Gonçalves (CIC-BG), reunindo cases, palestras e pitches. No palco, os convidados – veja abaixo – realçaram prerrogativas que o Inova Bento vem trabalhando desde que surgiu, enaltecendo a importância das pessoas para a inovação e de espaços assim para reunir e conectar os agentes de transformação da nova economia, dos novos negócios e do empreendedorismo.

O próprio Inova é o símbolo disso, um espaço criado através do trabalho conjunto de entidades, tendo pessoas entusiastas por trás. Uma delas foi a presidente do CIC-BG, Marijane Paese. “Chegou um momento que precisávamos dar o pontapé inicial e colocar isso em prática. Depois de um ano, estamos colhendo um pouco daquela semente. Nós queremos que as empresas inovem porque serão mais competitivas, e isso gera mais desenvolvimento econômico”, disse.

A Movergs foi outra organização por trás da criação do Centro de Inovação de Bento Gonçalves. “Nós estamos juntos para construir essa transformação”, disse o presidente da entidade, Euclides Longhi. Outro ponto do tripé de sustentação do Inova foi a prefeitura.

A parceria foi saudada pela diretora do Inova Bento, Fernanda D’Arrigo. “Inauguramos com uma turma parceira, ajudando a construir uma Bento mais inovadora, competitiva, pensando sempre no futuro”,

Uma parte do resultado desse esforço coletivo entre poder público e entidades foi conhecido durante o fórum. Sete startups sediadas no Inova Bento apresentaram suas soluções, compondo mais um dos propósitos da criação de um centro de inovação, o de fomentar o empreendedorismo. No evento, participaram do pitch a Atria, um estúdio de design focado em inovação para transformar informação em estratégia; a Blu3D, especialista em protótipos de alta fidelidade; a Cailun, uma solução Saas que trabalha na convergência para transformação digital de documentos; a Dalca Digital, desenvolvedora de um software de gerenciamento em tempo real para chão de fábrica industrial; a InovaKPI, especializada em análise de dados e business intelligence (BI); a Frete Gestão, responsável por uma plataforma para cotação de preço, conciliação financeira de fretes e monitoramento de entregas; e a Smart Composer, que atua para mudar a forma com que instituições apresentam seus produtos.

 Inovação aberta

O primeiro painel do evento debateu a inovação aberta, apresentando como convidados Bernardo Leso, diretor adjunto de Ambientes de Inovação da Secretaria Estadual de Inovação, Ciência e Tecnologia; João Pedro Locatelli Cezar, médico e CEO da Hygia Saúde; e Marisa Freitag, mentora de ecossistemas de inovação na Impact Hub.

Leso apresentou as iniciativas do governo do Estado para conectar demandas das empresas a startups gaúchas, como o Startup Lab. Em 18 meses, o programa realizou mais de 20 rodadas de negócios, envolvendo mais de 100 empresas e 200 startups. “Sei que é meio duro, mas é necessária uma certa maturidade empresarial para ocorrer a inovação aberta”, disse. Leso também mostrou que entre 2022 e 2023 o Estado está investindo R$ 7,77 milhões entre bolsas e editais para impulsionar a inovação no Rio Grande do Sul.

Determinado a oferecer cuidados de saúde a empresas, facilitando o acesso e melhorando indicadores, Locatelli citou entre os cases de inovação aberta na área a união da Pfizer e da Biontech para fazer a vacina contra a covid durante a pandemia. Para ele, a tecnologia precisa, entre tantas outras situações, ser utilizada para focar na prevenção e não na doença, além de promover mais cuidados baseados em evidência. “A saúde é rica em dados e pobre em informação. Se preenche muito papel num hospital todo dia, e o dado fica lá, então pensamos em como transformar isso”, disse.

Por sua vez, Marisa falou sobre a importância das conexões.  “Empreender é muito solitário, então os espaços de inovação são lugares para se conectar. Para ter inovação aberta é preciso abrir o seu negócio para que o outro possa ajudar. O mundo está mudando e nós somos a equipe de transição”, comentou.

Inovação em Corporações

À frente das iniciativas de inovação aberta, geração de novos negócios e operação de Corporate Venture Capital na Meta Ventures, Marcio Flôres disse que é fácil inovar. “Tem muitas formas de inovar, a gente não precisa ser gênio da tecnologia. Tem que ter vontade e fazer as conexões corretas”, orientou.

Para ele, é preciso haver desapego no meio empresarial. “Tem uma grande mudança de cultura hoje. Na inovação aberta, temos, muitas vezes, empresas do mesmo segmento colaborando para resolver um problema comum delas. Precisamos ter disponibilidade para inovar, para fazer alguma coisa diferente. Em time que está ganhando se mexe sim, é preciso criar uma coisa nova, abrir isso para o mercado, escolher os parceiros e gerar essa inovação”, disse.

Como formas de inovar, ele enumerou ações ocorridas na Meta. Entre elas, estão programas de inovação interna, engajando colaboradores; desafios e hackatons, eventos para solução de problemas específicos da empresa; conexão com ecossistema, aumentando o relacionamento com startups, hubs, aceleradoras e outros atores; hubs e incubação, disponibilizando estrutura e recursos para empreender em novos negócios. A Meta tem investindo, também, em startups há três anos. “Inovação tem a ver com cultura, porque tem a ver com pessoas. Investimos no empreendedor, não no produto”, disse ele, enaltecendo que, desde então mais de 500 startutps foram analisadas em uma base de mais de 2 mil mapeadas.

Case Renner

A Lojas Renner também está investindo – e muito – em inovação e mostrou como tem se conectado com o ecossistema de inovação e empreendedorismo. A empresa criou a Renner Startups, que traz startups para trabalhar com a marca, e a RX Ventures, um fundo de investimento em startups. “Conectamos a Renner com as startups através de uma dor ou descobrindo um solução que, depois, vai para as áreas de negócios, avaliando se tem oportunidade ou não”, disse Cesar Brunetto, líder de Inovação Aberta da Lojas Renner.

Nesse trabalho, a empresa conta com uma rede de parceiros e também está patrocinando e apoiando eventos, com a ideia de se conectar a hubs ou a talentos. “Temos que ser parceiros do ecossistema e não só se aproveitar das startups”, comentou. Internamente, estimula a cultura da inovação com programas como o Papo Aberto, uma live bimestral ou trimestral no canal interno de comunicação com convidados falando sobre inovação; a Guilda da Inovação, uma comunidade para troca de práticas de inovação com integrantes de mais de 10 áreas da companhia; e a Universidade Renner, com conteúdos exclusivos desenvolvidos por parceiros. Além disso, mantém o Pitch Day, para startups apresentarem suas soluções.

Uma das grandes preocupações da Renner diz respeito à sustentabilidade. A empresa quer ser referência em moda sustentável até 2030, um dos três pilares estratégicos da marca para os próximos anos. Nesse sentido, lançou um desafio focado em inovação para sustentabilidade, focado em descarbonização e net zero, com mais de 100 startups inscritas. “O final da proposta foi o Pitch Day, e escolhemos três startups para fazer um teste e, se der certo, virarem fornecedores da Renner”.

Case Braskem

Líder em Design na Braskem, Taís Lima falou sobre “Design como ferramenta de Inovação Industrial” e disse que a empresa tem passado por uma transformação digital nos últimos anos. “Se olharmos só para o hoje, vamos estar só reagindo, e isso diminui a competitividade. Precisamos também olhar para a frente para estar mais preparado. A transformação digital propulsiona a inovação”, opinou.

Para ela, o design entra na inovação a partir de sua aplicação em vários ambientes com o “design thinking”, a fim de solucionar problemas. “O design thinking é uma abordagem centrada no ser humano para inovar, não é pensar na solução final, é pensar no processo de construção”, disse. “Fazer design é uma estratégia para solução de problemas que começa com as pessoas”, continuou.

Mas isso precisa ter método. Assim, disse que uma estrutura resumida de design thinking comporta as fases de entender e definir, ligadas a encontrar o problema, e de idear, prototipar e testar, essas relacionadas às soluções. “Apesar disso, o design thinking é um processo interativo, não é linear, você sempre vai ter que voltar conforme for caminhando nessa jornada”. Com cerca de dois anos em operação na Braskem, a área coordenada por Taís avaliou mais de 32 produtos, criou outros 23 e ajudou, com outras áreas, a capturar mais de R$ 376 milhões para a empresa. “Seja por aumentar a competitividade, seja por redução de desperdícios”.

Sede de vencer

Numa palestra motivante, José Felipe Carneiro trouxe a importância da família e dos sonhos para empreender, contando sua história de vida, que inclui ser sócio da Ambev antes dos 30 anos. “Foram mais de 50 CNPJs que deram errado ao longo dessa jornada”, disse o fundador da cerveja Wäls. “O que faz com que a gente cresça não é a quantidade de vitórias, é a quantidade de vezes que consegue levantar após uma derrota”, continuou.

Em sua conversa, disse que não há sucesso sem trabalho duro, mas que os problemas precisam ser encarados com alegria. “Se não souber encarar os problemas com alegria, a gente perde, porque eles vão acontecer da mesma maneira”, ensinou. Para ele, os negócios precisam ter o sentimento do dono para perseverar. “Não se pode abrir mão nunca disso, porque empreender é acreditar num sonho. O que faz “.

Carneiro também salientou a importância de estar cercado por pessoas melhores que você (“isso faz com que sua capacidade de liderança vá para o alto”), de ter objetivos que te façam sonhar (“queríamos ser a melhor cerveja do mundo”) e de olhar a empresa para sua unidade fabril como uma família (“um cuida do outro”). Para ele, as empresas precisam executar mais. “Muita metodologia sem prática não vale nada. No mundo dos negócios, é preciso viver a teoria da evolução das espécies, senão a gente sai do mercado. Preste atenção nos dados, mas siga seus instintos”, disse, dando mais um recado: “na vida, temos que criar o que disseram ser impossível”.