Estelionatário amoroso: falso médico praticava golpe em Farroupilha e Caxias do Sul

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A polícia aconselha mulheres que passaram por isto, procurar uma unidade de polícia mais próxima e denunciar.

O galanteador disparava corações latentes em sites de relacionamento a fim de criar relações baseadas em interesse financeiro. O alvo da vez, era Marcela (nome fictício decidido pela vítima), gaúcha de 32 anos.

O golpista, conhecido por Guilherme Selister, conquistou a moça como diversas outras dizendo ser ex-militar, médico, especialista em cardiologia, funcionário de dois hospitais e dono de uma clínica no Rio Grande do Sul. Logo após o fim da relação, Marcela observou que tinha sido vítima de um golpe, onde havia pedido cerca de 80 mil.

A gaúcha  formalizou a denúncia no ano de 2020 e as investigações foram realizadas pela Delegacia de Polícia de Farroupilha. No dia 29 de março  de 2022,  concluiu o inquérito  e indiciou o acusado, conluindo que há ,provas suficientes para abrir processo criminal contra o estelionatário amoroso. Segundo o titular da Delegacia de Polícia de Farroupilha (RS), delegado Éderson Bilhan, à frente do caso, Selister “enganou a vítima para obter vantagem financeira”.

De acordo com o Delegado responsável pelo caso, Ederson Bilhan, ele enganava as vítima para conseguir meios financeiros. “Ele mentia sobre suas profissões —já se passou por nutricionista, veterinário e engenheiro, segundo a polícia— para ganhar a confiança da mulher. Quando isso acontecia, revelava que tinha uma doença neurológica e precisava de um procedimento cirúrgico.”

Ederson também informou que o criminoso desenvolvia uma mentira pronta para as vítimas, onde apresentava até documentos jurídicos de origem falsa, que levantava uma ação judicial para receber cerca de 140 mil reais.

Esta quantia se referia a uma possível cirurgia que Guilherme precisava realizar, por dizer que tinha sido diagnosticado com coágulos na cabeça por conta de um incidente na “ex-vida militar”.

O estelionatário fazia a moça acreditar que estava passando por problemas financeiros, que precisava processar a Marinha- onde dizia ser ex-funcionário Público Federal-, e que o quanto antes precisava de dinheiro para sua cirurgia. “Ele sempre mandava uma foto diferente machucado, dizendo que precisava logo do dinheiro, por estar piorando. Que iria até o banco pegar um empréstimo, para juntar com a quantia de R$ 60mil que ele dizia ter”,  conta a vítima.

Marcela dizia acreditar no documento que informava que o mesmo receberia indenização de R$ 140 mil tinha o registro do TJ- RS. Porém, devido as grandes transferências que ela fazia para ele por pressão psicológica, a família começou a desconfiar e tentou avisá-la, mas não deu muita importância. O fim do relacionamento aconteceu, depois que a mulher disse não poder mais ajudar; devido às tentativas de empréstimo e por não ter mais como resolver a situação.

“No final, ele começou a pedir mais dinheiro emprestado, cada hora para alguma coisa. Mas eu não tinha mais recurso financeiro. Foi quando ele terminou o namoro”.

Conheça o crime

O caso de estelionatalio amoroso não está concedido no código penal. No Brasil, consta apenas o crime de estelionato, quando a pessoa tenta obter uma vantagem sobre a outra por meio de fraude, de mentira e induzindo o outro a erro.

Para o Delegado, Guilherme foi denunciado e indiciado pelo crime de estelionato, previsto no artigo 171 do Código Penal. A pena prevista é de um a cinco anos de prisão. Ele também acredita que a gaúcha não foi a única vítima do criminoso e nem que seja o primeiro caso. Por isso, ele aconselha mulheres que passaram por isto, procurar uma unidade de polícia mais próxima e denunciar.

A polícia sugere que no caso da vítima fazer parte de uma relação amorosa, que vá prestar queixa com provas guardadas e que sejam o suficiente para identificar o crime: conversa no WhatsApp, comprovante de transferência, boleto, e-mail e extrato, para então ir até uma defensoria pública e abrir um processo judicial.

O que diz a Defesa

Segundo o site Universa, que  foi o primeiro a divulgar o caso, o advogado de Selister, Antônio Arbugeri, diz que o cliente “sempre esteve à disposição da Polícia Civil e da Justiça para esclarecer o ocorrido e que irá comprovar sua inocência”. Em relação às acusações, o advogado salienta que os “fatos a ele imputados são descabidos e sem comprovação e que ele não recebeu, até o presente momento, qualquer notificação judicial para dar sua versão dos fatos.” O inquérito foi concluído no dia 24 de janeiro e remetido ao Ministério Público, que ainda analisa o caso.