Especialistas projetam cenários de atuação do coronavírus em 2022

2015-04-10_190211

Ritmo de vacinação e medidas de prevenção serão determinantes para controle da pandemia

Especialistas em saúde e estatística projetam que os brasileiros ainda terão de conviver com o coronavírus em 2022. Porém, o avanço da imunização deve ajudar a derrubar os índices de contaminação e permitir um cenário de maior normalidade.
O nível de otimismo varia em razão de incertezas como a adesão da população às vacinas, a manutenção de medidas preventivas mínimas e o eventual avanço de novas variantes como a Delta. Uma das possibilidades é de que a covid-19 persista por meio de surtos registrados, principalmente, entre populações com menor cobertura vacinal.
“A doença seguirá existindo, mas com pouquíssima circulação e casos graves muito isolados. É o cenário que considero mais provável, mas precisamos manter nosso ritmo atual de vacinação”, observou o epidemiologista da Universidade Federal de Pelotas (UFPel), Pedro Hallal.
Um artigo recente de uma publicação científica da Associação Médica Americana cogita quatro cenários para o futuro da pandemia: erradicação (redução global do vírus), eliminação (redução regional, com zonas livres da doença), coabitação (menos transmissão e poucos casos graves) ou conflagração (semelhante ao cenário atual).
O pesquisador em Saúde Pública da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), Diego Ricardo Xavier, aposta, caso se atinjam as metas de vacinação neste ano, em um panorama favorável a surtos localizados em vez de um descontrole generalizado.
População
Projeções mais exatas são dificultadas pelo desafio de prever não o comportamento do vírus, mas das pessoas. Em grande parte, o cenário em 2022 será determinado por medidas que dependem da disposição dos brasileiros em seguir se vacinando, da garantia de doses suficientes por parte do governo federal e da preservação de ações como distanciamento e uso de máscaras até que a transmissão do vírus seja derrubada de fato.
Mas há especialistas bem menos otimistas em relação aos próximos meses. Professora de Epidemiologia da Universidade Federal de Ciências da Saúde de Porto Alegre (UFCSPA), Lucia Pellanda não crê em uma saída que não envolva um esforço internacional ainda ausente.
“Enquanto não aprendermos que a pandemia é um problema global, vamos perpetuar essa situação. Não adianta ter vacinação nos países ricos e não nos países pobres, porque vão se desenvolver novas variantes”, defende Lucia.
Medidas de prevenção
Tudo indica que, apesar do avanço da vacinação e de recuos recentes em taxas de novos casos e óbitos por covid-19, os brasileiros precisarão manter algumas medidas de prevenção para evitar novos saltos de contaminação ao menos em parte do ano que vem.
Par o epidemiologista Pedro Hallal, talvez seja possível dispensar o uso de máscara entre o final deste ano e o começo do próximo. “A retirada das máscaras se dará entre novembro de 2021 e fevereiro de 2022, se tudo continuar na mesma”, aposta.
Há colegas que preferem manter maior cautela. Especialista em Saúde Pública da Fiocruz, Diego Ricardo Xavier lembra que outros países, mesmo com imunização muito mais avançada, ainda não puderam desconsiderar completamente ações de prevenção.

Caso se atinjam as metas de vacinação neste ano, em um panorama favorável a surtos localizados em vez de um descontrole generalizado.
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