Dedo podre?

2015-04-10_190211

A psicologia explica o seu padrão por “caras errados”

Psicóloga Viviane Tremarin Pós-graduanda em Terapia
Cognitivo-Comportamental

Você já viveu, ou conhece alguém que vive uma relação que não é satisfatória, que tem plena consciência de que a relação não atende suas necessidades, e ainda assim se mantém presa a ela? Não é karma, destino, dedo podre ou sorte no jogo e azar no amor. Por mais que gostemos dessas explicações, que tiram a nossa responsabilidade pelas nossas escolhas e nos dão uma sensação de conforto, o padrão de escolhas afetivas está muito relacionado com o que você pensa sobre si mesma e sobre os outros.
A Terapia do Esquema explica que o famoso “dedo podre” é uma manutenção dos padrões que aprendemos nas relações que temos no início da vida, com nossos pais, cuidadores e outras figuras que tenham sido importantes e significativas durante o nosso desenvolvimento.
Esses padrões são tão naturais em nossas vidas, que entendemos eles como uma forma de atração. Costumamos nos sentir atraídos por pessoas que mantenham crenças e sensações familiares, até mesmo aquelas que trazem sofrimento. Essa é também uma das explicações para relações abusivas. Por mais destrutivo e doloroso que seja, algumas pessoas aprenderam a reconhecer um padrão de violência como afeto, desde a infância, e repetem essas sensações familiares na vida adulta.
Nesses relacionamentos, existem diversos padrões que funcionam como um ciclo repetitivo, no qual as pessoas se atraem por outras indisponíveis emocionalmente, abusivas, com valores diferentes dos seus, ou que trarão sofrimento de alguma forma, e isso pode ser uma estratégia desaptativa desenvolvida na infância e adolescência para lidar com situações difíceis e traumáticas. No momento em que essa estratégia foi desenvolvida, ela era a melhor saída que seus recursos conseguiram criar, mas com o passar do tempo, o amadurecimento, a mudança nas relações sociais, essas mesmas estratégias podem não funcionar tão bem quanto antigamente, se tornando desaptativas. Como a birra da criança, por exemplo, funciona até certo momento, depois ela precisa encontrar outra forma de se comunicar. É como se algumas pessoas associassem afeto a sofrimento, por ter conhecido apenas esse formato, e então se rendido a ele, sem questionar se outras formas de se relacionar são possíveis.
A intenção é trazer a consciências esses padrões, que até então residem num nível inconsciente, e as estratégias que usamos para lidar com eles, de forma que nossas escolhas possam se tornar mais conscientes e saudáveis e menos pautadas num padrão que traz sofrimento.