Dados do Inpe desmentem discurso do Brasil na COP26

2015-04-10_190211

Números criam um constrangimento ao ministro do Meio Ambiente
Novos números do desmatamento, publicados nesta sexta-feira (12), desmentem a estratégia do governo brasileiro na Conferência da ONU sobre Mudanças Climáticas de vender uma ideia ao mundo de que está comprometido com uma política ambiental sólida.
Enquanto um pavilhão do governo brasileiro em Glasgow tentava construir uma imagem verde do país, um informe do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais revelava o pior mês de outubro desde que o banco de dados foi criado. A área de alertas detectada pelo Deter no mês de outubro, portanto, foi de 877 km2, uma alta de 5% em relação a 2020 e recorde da série histórica de cinco anos.
Os números criam um constrangimento ao ministro do Meio Ambiente, Joaquim Leite, que passou dias insistindo que o “futuro verde” do Brasil já era uma realidade. Em seus discursos, ele omitiu a alta no desmatamento e, ao ser questionado pela imprensa, insistia em dar respostas evasivas.
Um dos principais compromissos assinados por mais de cem países em Glasgow foi o de lutar contra o desmatamento das florestas até 2030. O Brasil aderiu à iniciativa, criando uma meta de acabar com o fenômeno ilegal até 2028. O tema era um dos maiores pontos de constrangimento internacional para o país e a adesão serviu, acima de tudo, para desmobilizar chantagens nas negociações.
Mas, sem credibilidade, o governo brasileiro não conseguiu convencer nem ambientalistas e nem cientistas de que o compromisso será cumprido. Além de não ser legalmente vinculante, o pacto não obriga o governo a agir imediatamente. Na prática, Bolsonaro usou a iniciativa para se blindar e, ao mesmo tempo, não ter de tomar medidas concretas.