Como aplicativos podem ajudar na alfabetização?

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Quando o assunto é aprendizagem, uma coisa é certa: a tecnologia veio para ficar. Na rotina de salas de aula e ambientes educacionais, é cada vez mais comum que um professor utilize de meios virtuais para complementar o plano de estudos. Como em todos os níveis e fases do ensino, a etapa da alfabetização também vivenciou os limites impostos pela necessidade de distanciamento e isolamento sociais. Ainda que o uso excessivo de telas não seja recomendado por especialistas, crianças hoje em dia têm vasto acesso a tablets e smartphones e em sua rotina escolar isso acaba não sendo tão diferente. É neste ponto que os aplicativos podem aparecer. Embora seja apenas mais um recurso, a tecnologia é uma ferramenta da qual não se é possível fugir no ensino. Como qualquer recurso, temos que saber muito bem como usá-lo, porque ele pode ser bom ou pode ser ruim. Nenhum aplicativo, por exemplo, vai dar conta de todos os processos didáticos. Quando estamos falando em didática, estamos falando naquilo que o professor usa para ensinar.

A pandemia fez com que educadores antes resistentes ao uso de tecnologia em sala de aula – e com crianças – se aproximassem das possibilidades de interação complementares desses recursos.
Quanto tempo uma criança sustenta a atenção diante de algo? A tecnologia pode ser, sim, benéfica no desenvolvimento se a gente tiver olhar, intencionalidade, objetivo e se a gente conseguir ver bem para que didática ela vai servir. Metodologias ativas, que têm como princípio colocar o aluno no centro de todo o processo de aprendizagem, intensificaram o uso de ferramentas digitais como parte da forma de aprendizado. Em se tratando da alfabetização, aplicativos que auxiliem as crianças a desenvolver habilidades cognitivas são, para a professora Renata Capovilla, coordenadora de projetos e formadora na Foreducation, bem aceitos e devem ser utilizados. A questão da interação, em contraponto ao mero caráter expositivo de um filme, por exemplo, pode ser a chave para o educador entender esse recursos como adicionais ao ensino. Sendo um processo contínuo, a aprendizagem não acontece de forma solitária, apenas com o auxílio de uma tela.
A tecnologia bem formulada deve refletir essas características e dinâmicas de cada momento do aprendizado. A aprendizagem acontece em relação, na troca. Aprender com com a professora e com o colega coisas novas. Ver que ele erra. E que é possível ajudar esse colega.

É importante que o professor conheça o aplicativo e que a intencionalidade educativa esteja clara. Não dá para pegar qualquer aplicativo e falar ‘vou colocar esse aqui e vai ser ótimo para todo mundo’. Tem que saber qual é seu objetivo pedagógico. Qual habilidade que quer desenvolver.É necessário, portanto, que o movimento inverso seja feito, ou seja, identificar os objetivos e a partir deles descobrir quais as ferramentas mais adequadas e que melhor se encaixam para cada situação. Vocabulário totalmente em português, uso de fonte bastão (e não cursiva), emprego de sons, cores e rimas são algumas das dicas para saber identificar um aplicativo apropriado para o letramento. Por outro lado, recursos pautados na memorização, por meio de atos repetitivos, e na intuição devem ser descartados nessa etapa do ensino. De acordo com a pedagoga, ainda que a memorização faça parte da aprendizagem, ela não é vista como um pré-requisito oficial.
Desde os dois anos de idade, crianças já sabem clicar em ‘fechar’ no YouTube. E isso não significa que ela está lendo. Ela está fazendo algo muito intuitivo, que ela já viu um adulto fazer. Aprender e se alfabetizar não pode ser intuitivo. Como completar uma palavra, por exemplo. Se para formarmos a palavra ‘bala’, o primeiro tracinho está em rosa e a letra ‘B’ é rosa, isso é associação de cor.

Não são associações de consciência fonológica. Vira intuição. Não vira aprendizagem. No entanto, as crianças gostam também de um modelo ramificado, que envolva ganhar pontos e recompensas. Diferenciar aplicativos educativos de games é essencial para identificar quais habilidades determinado recurso pode desenvolver na criança. Jogos constituem parte do processo de alfabetização, mas até eles devem ser bem pensados e formulados. Para Pereira, mesmo que jogos auxiliem no processo formativo, é importante que famílias e escolas estabeleçam um tempo máximo de uso das telas. Em fase de alfabetização, a pedagoga recomenda não exceder 30 minutos em tarefas de casa – envolvendo elas tecnologia ou não. Não é porque um aplicativo parece ser de brincadeira que elas não estão envolvendo ali processos mentais. Essa energia tem que ser gasta no brincar por brincar também, que é muito pedagógico. Às vezes, fazer uma massinha de modelar ou ajudar a preparar um brigadeiro é muito mais produtivo do que ficar fazendo as crianças desenharem os alinha-vos dos aplicativos com os dedinhos.Uma solução possível é proporcionar que escolas capacitem seus professores no uso dessas tecnologias. Até antes da pandemia, esse era um assunto que poucas pessoas gostavam de falar ou até mesmo ignoravam. Mas, com o advento da doença, os professores foram obrigados a inserir esse tipo de recurso em suas aulas. Essa preparação também possui um caráter social. Mesmo que a necessidade do uso de tecnologia tenha se acentuado durante a pandemia, Capovilla aponta que o país ainda está em um processo de adaptação. Não estamos preparados 100%, mas estamos num caminho. Conheça e descubra 5 aplicativos que podem ser usados na alfabetização: Khan Academy Kids; Domlexia; Read Along with Google; Toontastic e Elefante Letrado.