Com alta de preços e crédito escasso, aumenta busca por carros com mais de 10 anos de uso

2015-04-10_190211

Participação dos carros acima de dez anos no mercado passou de 36,3% em 2019 para 49% em 2022

Automóvel zero quilômetro muito caro, juros altos e crédito escasso intensificaram um movimento que já vinha ocorrendo no mercado brasileiro: o aumento na procura por modelos usados. E, dentro desse segmento, cresce também o deslocamento da demanda para carros bem mais rodados, com mais de uma década de uso.

Essa mudança ganhou impulso nos últimos quatro anos. As vendas de carros usados com até dez anos (chamados de seminovos e jovens usados) caiu de 63,7% do total das vendas, em 2019, para 51% no ano passado. Já a participação dos carros acima de dez anos no mercado passou de 36,3% para 49% nesse período.

A faixa que mais perdeu consumidores foi a de carros com 4 a 7 anos, que caiu de 30,7% das vendas totais de usados para 19,8%. A que mais ganhou foi a de 11 a 15 anos, que saltou de 17,8%, em 2019, para 25,5% no ano passado, segundo dados da Federação Nacional da Distribuição de Veículos Automotores (Fenabrave).

Nos primeiros três meses deste ano, automóveis acima de 13 anos corresponderam a 21,8% das transferências de propriedade, que somaram 3,36 milhões de unidades, conforme dados da Federação Nacional das Associações dos Revendedores de Veículos Automotores (Fenauto).

“O que está ocorrendo prova que o poder aquisitivo dos consumidores caiu e que muitos não conseguem mais chegar ao carro novo, e há também o deslocamento nas faixas dos usados”, diz o presidente da Fenabrave, José Andreta Junior. Ele ressalta que automóveis mais velhos são menos seguros, poluem mais e muitas vezes são responsáveis por congestionamentos, ao quebrarem no meio das vias públicas.

Responsável pela intermediação de quase 20% de todos os negócios de carros usados feitos no país, a plataforma de vendas OLX confirma o movimento.

“A busca por veículos com mais de nove anos vem crescendo bastante e, hoje, representa cerca de 60% das consultas na plataforma; antes era bem menos”, afirma Flávio Passos, vice-presidente de Autos e Comercial da OLX.