Ciência em busca de melhorar o bem-estar de bebês prematuros

2015-04-10_190211

Procedimentos neonatais menos dolorosos estão entre as estratégias estudadas por cientistas

O parto prematuro é comum nas maternidades, o que faz com que os profissionais de saúde o conduzam sem grandes dificuldades. Ainda assim, o nascimento precoce pode gerar transtornos aos recém-nascidos, que não estão completamente fortalecidos para a nova fase da vida. Pesquisadores internacionais buscam alternativas para proteger esses bebês e impedir problemas mais graves durante o seu desenvolvimento.
Biomarcadores cerebrais que podem ajudar a prever complicações psicossociais e um teste que indica a possibilidade de nascimento antes do prazo normal são algumas das ferramentas criadas com esse objetivo, assim como a busca por tratamentos para deixar os exames pediátricos menos dolorosos.
Um bebê que nasce prematuramente muitas vezes precisa ser levado a uma unidade de tratamento intensivo (UTI), onde é submetido a procedimentos médicos regulares. Especialistas suíços decidiram investigar uma abordagem capaz de aliviar incômodos durante esses exames sem a prescrição de medicamentos.
No experimento, Didier Grandjean, professor do Centro Suíço de Ciências Afetivas da Universidade de Genebra, e sua equipe acompanharam 20 bebês prematuros durante três dias, no ambiente hospitalar. As mães foram orientadas a permanecerem perto dos filhos durante a coleta diária de sangue, feita com a extração de algumas gotas do calcanhar. Também tinham que falar com os bebês ou cantar para eles durante os procedimentos.
Por meio de análises do batimento cardíaco, expressões faciais e outros parâmetros fisiológicos, os investigadores avaliaram o nível de dor nas crianças e descobriram que a voz das mães aliviou o sofrimento delas.
Já pesquisadores do Centro Médico Beth Israel, nos EUA, pediram para que musicoterapeutas ajudassem pais a transformarem suas músicas favoritas em canções de ninar. Em seguida, colocaram as composições de fundo musical para 30 crianças nascidas antes da hora e assistidas em UTIs de 11 hospitais. As análises, divulgadas na revista Pediatrics, indicam que a música ajudou a desacelerar os batimentos cardíacos dos bebês, acalmar a respiração e gerou melhoras no sono e em comportamentos relacionados à alimentação, como a sucção de líquidos.
A intenção dos cientistas é começar a prevenção às consequências da prematuridade antes mesmo do nascimento das crianças. Na pesquisa publicada no Journal Biology of Reproduction, cientistas avaliaram amostras sanguíneas de 157 grávidas saudáveis sem histórico de partos prematuros — sendo que 51, ao longo do estudo, deram à luz antes do previsto.
As análises indicaram que, durante o segundo trimestre da gravidez, grande parte do grupo de mães com partos prematuros demonstrou níveis mais baixos de mRNA dos genes CRY2 e CLOCK, que são algumas das estruturas genéticas responsáveis pela regulação do relógio biológico de grande parte das células humanas.
Os cientistas acreditam que esses níveis mais baixos de mRNA podem estar relacionados a riscos maiores de nascimento prematuro. Dessa forma, exames de sangue capazes de identificar essas alterações poderiam ser inseridos facilmente no pré-natal. Os pesquisadores também estão interessados em avaliar melhor outros genes relacionados ao relógio circadiano, pois suspeitam que muitos deles podem indicar outras complicações da gravidez, como pré-eclâmpsia e diabetes gestacional.
Mas, enquanto não existe um exame que ajude a prever os riscos de um parto prematuro, é necessário prestar atenção a fatores de risco já conhecidos. Histórico de partos anteriores, uso de álcool, de tabaco e de outras drogas são alguns dos fatores que podem contribuir para o nascimento precoce. Por enquanto, é na identificação e no manejo adequado desses fatores que os profissionais que prestam assistência a mulheres grávidas devem concentrar seus esforços.