Apreensões de drogas ilícitas aumentaram mais de 260% em 2016

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O comparativo é em relação ao ano de 2015, com maconha e cocaína entre as drogas mais comercializadas em Bento

A indústria da droga cresce exponencialmente em Bento Gonçalves, que ao lado de Farroupilha e Caxias do Sul, é a cidade da Serra com aumento desse comércio.
As penas para o tráfico são de cinco há dez anos de detenção em regime fechado, e segundo números do 1º Departamento de Polícia, apenas a apreensão de maconha aumentou oito vezes de 2015 para 2016, com 42.930 quilos (destes, 39 quilos foram apreendidos em Torres, numa operação que evitou que a droga chegasse em Bento) apreendidos no último ano, enquanto que em 2015 foram 5.617. De acordo com a delegada Maria Isabel Zernan Machado (titular da 1ª DP desde 2014) a maior procedência de drogas que chega em Bento do Paraguai.
“No mapeamento que realizamos foi constatado que a maconha é importada do Paraguai, passando por Mato Grosso, Santa Catarina, para então chegar aqui em Bento”, explica. Essa, no entanto, é apenas uma das drogas que são comercializadas no município.

Delegada da 1ª DP, Maria Isabel Zernan Machado

A compra de cocaína, crack e ecstasy também é combatida severamente pela polícia. Na guerra contra o tráfico os agentes enfrentam diversas adversidades. Um dos desafios da polícia é combater a tele entrega de drogas, que segundo Maria Isabel, é um comércio que aumenta cada vez mais na cidade. O serviço funciona numa espécie de “tele pizza”, em que o usuário liga e escolhe a droga de sua preferência e a quantidade desejada.
“Estamos utilizando diversos meios para combater essa nova modalidade utilizada pelos traficantes”, garante. A faixa etária dos usuários e traficantes varia, mas conforme relata a delegada, a maioria dos detidos têm idades entre 30 e 40 anos. “Os próprios vendedores são da classe média, e nas últimas apreensões pegamos empresários, donos de estabelecimentos comerciais, que além das atividades licitas, vendiam drogas, lucrando em torno de R$ 1.000 reais por noite”, afirma.
No combate contra o tráfico é constatado que a Cocaína (valor entre R$ 30 e R$ 50 reais) é a droga consumida pela população de classe média alta, enquanto que o crack (com valores de R$ 5 e R$ 10 reais), pelo baixo valor, é utilizado em zonas periféricas.
“ A cocaína é vendida muito pelo sistema de tele entrega, que acontece geralmente no final da tarde, já o crack é comercializado por indivíduos que furtam para comprar a droga”, esclarece.

Uma guerra perdida
A polícia civil está defasada, e de acordo com a delegada, Bento tem apenas 1/3 do efetivo. O número ideal de profissionais atuando seria de 12 agentes, porém apenas quatro policiais trabalham na cidade.
“São cerca de 5 mil policiais civis atuando no Rio Grande do Sul, efetivo que tínhamos há 30 anos. Estamos defasados e enfrentando ainda o parcelamento de salários, mas mesmo assim trabalhamos para efetuar o máximo de operações”, protesta.
O trabalho em conjunto com a Polícia Rodoviária Federal, a Brigada Militar e Polícia Civil de outras cidades é importante no combate sofrível contra traficantes fortemente armados e cada vez mais especializados. Os poucos profissionais presentes em Bento se deflagram também com situações curiosas.
“Em 2015 teve uma prisão por porte de cocaína em que a droga estava enterrada num terreno da Linha Garibaldina e através de denúncia chegamos ao local. É importante dizer que as pessoas, ao denunciarem, não precisam se identificar. o sigilo é mantido e nunca aconteceu de vazar informações”, enfatiza.

Números de 2017

Apreensões:

Ecstasy: 84 comprimidos

Crack: 14,16 gramas

Maconha: dois pés da planta

Maconha: 770 gramas