A história milenar do Body Piercing: cultura dos povos e ascendência na sociedade pós-moderna

2015-04-10_190211

A história deste adorno tem início com as primeiras comunidades e clãs das raças ancestrais. Ele estava presente nas tribos de todo o planeta, nas castas indianas, entre os faraós egípcios e legionários romanos

Embora o cultivo do piercing como adorno corporal seja moda na sociedade contemporânea, esta prática de transformar o corpo físico, perfurando-o, com o objetivo de inserir fragmentos metálicos assépticos, é uma tradição que remonta há pelo menos 5000 anos na história da humanidade.
Historicamente ele tinha uma conotação similar à da tatuagem, no sentido de exprimir escolhas individuais, de traduzir um rito sagrado, ou de conferir status nobre a determinadas pessoas. No mundo contemporâneo ele também adquiriu outro sentido, mais estético, menos existencial, tornando-se mais um item fashion.
Entre os habitantes da Nova-Guiné eles têm a finalidade de conceder a quem os usa as qualidades do animal do qual estes enfeites são extraídos. Eles adornam especialmente o nariz e também estão presentes na arte corporal. Os Kayapós também recorrem aos piercings para furar as orelhas dos bebês e enfeitar o lábio inferior das crianças.
0Seu líder se destaca dos demais membros ao exibir, nos eventos privados, um objeto de quartzo nos lábios.
A história deste adorno tem início com as primeiras comunidades e clãs das raças ancestrais. Ele estava presente nas tribos de todo o planeta, nas castas indianas, entre os faraós egípcios e legionários romanos. Nos séculos XVIII e XIX este hábito se disseminou entre os aristocratas, porém foi relegado à obscuridade no século XX. A partir de 1970, porém, eclodiu mais uma vez através dos ícones da moda londrina e dos criadores artísticos que frequentam o circuito alternativo. Seu retorno atinge o ápice nos anos 90.
O piercing historicamente mais usado é o inserido no lóbulo da orelha; normalmente ela conferia a quem o usava o status da fortuna; hoje é o meio mais comum de exibir um objeto de adorno precioso. Os romanos acreditavam que este artefato lhe proporcionaria vastos recursos financeiros e sensualidade.
No nariz o piercing passou a ser usado há pelo menos 4000 anos, no Oriente Médio, depois se disseminou pelas terras indianas no século XVI. Aí o nostril, como era conhecido, foi absorvido pelos mais ilustres. Desta forma este adorno ganhou conotações de status social. Nas décadas de 60 e 70 este enfeite foi importado pelos hippies para o Ocidente; nos anos 80 e 90 foi rapidamente assumido pelos punks e outras tribos. Ainda hoje preserva sua popularidade.
O piercing utilizado na língua era muito comum entre Astecas e Maias, distinguindo os sacerdotes dos templos. Eles acreditavam que, através desta prática, poderiam interagir melhor com as divindades.
Atualmente os jovens modernos continuam a adotá-lo, mesmo que seu sentido original tenha se perdido. Estes mesmos povos cultivavam o uso destes enfeites na boca e nos lábios, considerados órgãos repletos de poder e sensualidade. Por esta razão eles optavam por objetos de ouro puro.
São igualmente comuns os piercings nos mamilos, simbolizando vigor e energia, antigamente sinais de passagem para o estágio da masculinidade entre os aborígenes americanos, e moda feminina adotada pelas vitorianas inglesas em 1890; e os de umbigo, outrora valorizados no Antigo Egito, acessíveis somente aos faraós e seus familiares, e atualmente os mais usados em todo o Planeta.
Os piercings podem ser produzidos com os mais diversos metais, tais como Titânio ou Teflon, por provocarem menos reações orgânicas e, portanto, uma menor incidência de alergias ou inflamações. Apesar do que indica a história deste artefato e mesmo a crença moderna, o ouro não é o material mais indicado, pois em algumas pessoas pode produzir respostas alérgicas.

Cuidados na colocação
Para evitar que o piercing infeccione deve-se colocar o piercing numa loja legalizada e devidamente limpa, além de tomar as vacinas do tétano e da hepatite, porque assim há menos risco de pegar doenças graves como hepatite ou Aids, por exemplo.
Depois de fazer o piercing, é normal o local ficar dolorido, inchaço e avermelhado durante os primeiros dias. E nesse período é importante manter o local do piercing sempre limpo e seco, pois é no primeiro mês que há um maior risco dele infeccionar.

Como limpar no 1º mês
Para manter uma boa higiene do piercing e evitar infecções, seja na orelha, no nariz, na boca ou no umbigo, existem 4 cuidados essenciais que deve ter:
Lavar as mãos antes de tocar no piercing, se possíbel com sabão antibacteriano;
Limpar a pele em volta do piercing utilizando uma gaze umedecida com soro fisiológico;
Desinfetar a região com uma gaze umedecida com iodopovidona ou Povidine, por exemplo;
Finalizar secando a região em volta do piercing usando uma gaze limpa e seca. Este cuidados devem ser repetidos 2 a 3 vezes por dia, sendo também recomendado movimentar e rodar o piercing pelo menos 2 vezes ao dia, de forma a evitar que as secreções fiquem coladas junto do piercing.

O que fazer se inflamar
Mesmo tendo todos os cuidados ao limpar o piercing, podem surgir alguns sinais que indicam que a pele em volta está ficando inflamada ou com uma infecção, como inchaço no local, dor intensa, vermelhidão intensa, sangramento ou presença de pus.
Nesses casos, é aconselhado ir no pronto-socorro, para que possa ser feito o tratamento adequado por um médico ou enfermeiro. O tratamento depende da gravidade da infecção, podendo ser necessário o uso de analgésicos ou de antibióticos.

Como cuidar de cada tipo
Embora as dicas de limpeza possam ser usadas em qualquer parte do corpo, cada região do corpo precisa dos seus cuidados especiais, que incluem:
Piercing no nariz: é importante limpar o nariz várias vezes ao dia, usando com um lenço e sem apertar, para evitar o contacto do piercing com sujeira do nariz;
Piercing no umbigo: é recomendado evitar dormir de barriga para baixo, especialmente durante o primeiro mês, sendo também indicado usar roupa larga que não raspe ou puxe o piercing;
Piercing na orelha: é recomendado evitar dormir sobre o piercing nos primeiros dois meses;
Piercing no dedo: é importante usar luvas quando for usar produtos de limpeza fortes, como lixívia por exemplo, sendo também recomendado lavar as mãos com sabão de glicerina várias vezes por dia;
Piercing na sobrancelha: é indicado evitar o uso de produtos de beleza nessa região durante o primeiro mês, como bases ou corretivos, por exemplo;
Piercing na boca: é importante apostar nos alimentos moles e frios nas primeiras duas semanas após fazer o piercing, optando por comer iogurte, mingaus e sucos de fruta, por exemplo. Além disso, é também recomendado usar um desinfectante oral após escovar os dentes;
Piercing na região genital: é importante fazer a higiene íntima pelo menos 3 vezes por dia, usando água morna e sabonete íntimo suave. Além disso, deve apostar no uso de roupa íntima de algodão e usar apenas roupas largas durante o primeiro mês.
Geralmente, a cicatrização total de um piercing demora cerca de um mês, e após esse tempo é possível substituir o piercing colocado na loja, por outro mais pequeno e de material antialérgico. Estes apenas devem ser comprados em lojas especializadas e de confiança, como lojas de tatuagens, piercings ou ourivesarias.

Principais riscos
Fazer um piercing pode não ser um ato tão inocente quanto possa parecer, uma vez que pode trazer alguns perigos para a saúde, como:
Provocar reações de alergia: alguns piercings, especialmente os feitos em níquel, provocam alergia, levando a coceira, vermelhidão e dor no local;
Causar infecções: quando os cuidados com o piercing não são respeitados, especialmente no primeiro mês, existe um elevado risco de surgirem infecções que precisam de cuidados médicos;
Podem provocar cicatrizes: dependendo do organismo de cada pessoa podem surgir cicatrizes com queloides no local, que podem deformam a pele.
Em casos mais raros e graves, o uso do piercing pode provocar endocardite, que é a inflamação do tecido que reveste o coração e que é provocado pela entrada de bactérias no coração através do sangue, levando a infecções que podem pôr a vida em risco.