Economia ou “Economez”?

2015-04-10_190211

Contador CRCRS nº 028425-O e Economista CoREcon 4ª Reg nº 4389 eniogehlen@gmail.com

Estamos vivendo um momento atípico – bom ou ruim? Desafios e situações que demandam nossa constante atenção. Os noticiários estão cheios de notícias para muitos desagradáveis, é verdade. Portanto, vamos imitar o artista que no intervalo de sua canção afirmou: “Vamos filosofar: Tudo é tudo e nada é nada!”. Assim, tudo se resolveu.
Onde andam os economistas? De férias? Filosofando? Ainda encontramos sensatez em seu meio. Temos acesso diariamente a opiniões autorizadas nos dizendo o que devemos fazer e preditando o futuro como se a receita estivesse pronta, onde sabemos que, pensávamos que o mundo estaria preparado para adversidade e concluímos que somos insipientes ainda.
A economia tem sua base de estudos na matemática e estatística, sempre analisando as circunstâncias que o modelo propõe, ou seja, de uma série acontecida, pondera-se os pesos das suas variáveis e se predita o futuro, devendo seu autor monitorar a evolução dos acontecidos e corrigir as predições para antever e mapear riscos. A sua base de estudos é a escassez visando o equilíbrio das coisas. Ela deve prever também o seu fim ou renovação, sem a necessária afirmação apocalíptica da desconstrução. Se tivermos produção e faltar consumo vamos estudar as demandas e se houver a demanda vamos estudar a produção – simples. A busca é o equilíbrio como tudo no universo é.
O Economez tem sua base no sonho de seus autores.
O mercado responde da mesma maneira, ou seja, bons clientes, regulares clientes, dependendo do vento e os ruins ou péssimos. O peso específico destas variáveis chegará sempre à unidade. Se queremos ter melhor performance temos que buscar maximizar o bom mercado, pois se tivermos um pouco de tudo em igual parte (ou mesmo o monopólio) nossa performance será 0,5 (o meio), ou seja, o equilíbrio – simples novamente.
Na iniciativa privada ou pública é sempre igual – o equilíbrio. As regras são milenares, ou seja, se gastar mais que o ganho, causará prejuízo que será suportado pelo capital quando existente ou aumento do endividamento. A equação também é a mesma: “A Margem de Contribuição” deve sustentar os “custos fixos”, mais os “prestacionamentos”. Caso contrário, haverá uma descapitalização.
Esta equação não é muito bem entendida até pelos diplomados, pois em quase trinta anos de consciência universitária os estudantes se fixam nas regras do resultado imediato, desautorizando regras antigas de sobrevivência, cuja a primeira é: “Tudo o que o homem faz, um dia acaba”; até a história, uma vez que no Brasil não sabemos nada além dos 500 anos, aliás, muito pouco de lá para cá. Por vezes esperamos quebrar nosso negócio para nos convencer que tínhamos que parar – como o jogador que espera a última cartada para acreditar na esperança, frustrante, não?
Um empresário, falecido que não me autorizaria a falar em seu nome, no convívio há mais de 40 anos um dia me disse que os empresários em geral não sabem trabalhar com o dinheiro, somente com dívidas, como se aquela velha charge tivesse valor, quando o seu condutor estica a vara com alimento a dois metros de sua cabeça e o burro sai em direção a comida como se a atingisse em seguida.
O financiamento do capital empreendedor é necessário desde que tenha seu tempo calculado, para num segundo momento, atender aos desejos do seu investidor e não na constância da corrida perpétua como se fosse uma necessidade.
Vivemos num país de estrutura republicana onde o legislativo aprova o orçamento construído pelo executivo e aprova também os planos Plurianual (quatro anos) e Orçamentário. O legislativo remenda e modifica substancialmente o enviado pelo executivo e obriga a ele a executar – se tornando inexequível. Por fim, o judiciário se arvora a pecha do direito alternativo como querendo fazer justiça (de justiceiro) e cria uma nova ordem jurídica que todos têm que obedecer, até aqueles que legislaram. Impossível de conviver.
Por outro lado, temos um comportamento de fugir as regras para obter vantagens. Quebrar regras é sinônimo de inovação e criatividade. Inovação é desconstrução. Arrasar para novamente, como se os inventos fossem pipocas, tudo em nome dos direitos adquiridos.
Imaginemos um prefeito que entra no poder em janeiro de 2021 vai encontrar um plano pronto, gessado, sem flexibilização nenhuma, querendo realizar suas ideias prometidas na campanha, sem conhecer a máquina administrativa, onde trará um punhado considerável colaboradores que não conhecem o funcionamento – que desperdício. Quanto tempo precisará um legislador para conhecer e interpretar um regimento interno do legislativo, lei orgânica e suas competências – que desperdício; e a população que os elegeram ficam reféns das regras que eles mesmo fizeram de forma inconsequente.
Agora na campanha apareceram muitos candidatos tidos como “gente boa”. Na sua organização você tem preferência por gente boa ou competente. Nem sempre gente boa é viável onde até os competentes não nos parecem seguros. O consolo é apostar e votar no menos ruim.
Por fim, o que impacta as eleições na vida dos cidadãos? De forma imediata muito pouco, mas o futuro em muito. Se alguém esperava um comentário cheio de gráficos e quadros retirados se outros catedráticos se frustrou, pois o recado de hoje é a regra da Margem de Contribuição: ela tem que suportar os Custos Fixos e o Lucro necessário. O resto é descapitalização abreviando a vida do negócio. Isso vale para a iniciativa privada, pública e a economia familiar. Se precisar de ajuda, procure o melhor profissional, e entenda que assim mesmo, tem riscos.