O ministro da Relações Exteriores, Ernesto Araújo abriu na quarta-feira (4) o encontro entre chanceleres da 55ª Cúpula do Mercosul, em Bento Gonçalves. Araújo não citou a Argentina, lamentou a situação da Venezuela e criticou o socialismo. Durante o evento preparatório dos ministros de Relações Exteriores que fazem parte do Conselho do Mercado Comum (CMC) foi feita a entrega do relatório com as principais ações do bloco sob a presidência pro tempore do Brasil, como as negociações do acordo de livre comercio com a Associação Europeia de Livre Comércio (EFTA).
De acordo com o Ministério das Relações Exteriores, os países do Mercosul equivalem à quinta economia do mundo. Desde sua fundação, as trocas comerciais do bloco multiplicaram quase dez vezes: de US$ 4,5 bilhões, em 1991, para US$ 44,9 bilhões em 2018. Em 2018, o Brasil exportou US$ 20,83 bilhões para o MERCOSUL e importou US$ 13,37 bilhões, com um superávit de US$ 7,46 bilhões.
Chegada de Bolsonaro
Bolsonaro chegou a Bento Gonçalves pouco depois das 9h da manhã de quinta-feira (05), para comandar a 55ª Cúpula do Mercosul. O trecho da rodovia ficou completamente bloqueado durante a passagem do comboio presidencial. Junto do presidente, chegou a Comitiva Presidencial que é composta pelo: Ministro da Casa Civil – Onyx Lorenzoni; Ministro da Economia – Paulo Guedes; Ministra da Agricultura Pecuária e Abastecimento – Tereza Cristina; Ministro da Saúde – Fernando Mandetta; Ministro da Cidadania – Osmar Terra; Ministro das Relações Exteriores – Ernesto Araújo e o Presidente do Banco Central – Roberto Campos Neto.
Jair Bolsonaro foi recepcionado em Bento por alunos de diversas escolas, pelo Superintendente da PRF/RS Luís Carlos Reischak Junior, pelo prefeito de Bento Gonçalves, Guilherme Pasin e por demais autoridades. O seu primeiro ato foi o comparecimento a inauguração da nova sede da 6ª Delegacia da Polícia Rodoviária Federal junto a BR-470, onde cumprimentou políticos, distribuiu autógrafos e posou com o um cachorro da PRF. Depois de marcar presença no evento, o presidente se dirigiu ao Vale dos Vinhedos onde participou da 55ª Cúpula de Chefes de Estado do Mercosul e Estados Associados, no Hotel & Spa do Vinho. Antes do início da Cúpula, os presidentes Jair Bolsonaro, e Mario Abdo do Paraguai, tiveram uma reunião bilateral onde a presidência rotativa do bloco foi passada ao governo Paraguai que comandará o bloco pelos próximos seis meses.
Também foi discutido um acordo automotivo entre os dois países, já que o setor automotivo não foi incluído nas regras comerciais do Mercosul. Por essa razão, os países que integram o bloco (Argentina, Brasil, Paraguai e Uruguai) estabeleceram acordos bilaterais para reduzir ou eliminar tarifas no setor. O Paraguai é o único entre os integrantes do Mercosul que ainda não mantém um acordo do tipo com o Brasil. Se aprovado, o acordo automotivo pode ampliar as exportações de automóveis fabricados no Brasil para o Paraguai. O país vizinho também tende a se beneficiar, já que exporta peças e equipamentos que são usados na montagem de carros no Brasil.
Presidência paraguaia
O ministro paraguaio, Antonio Rivas Palacios, elencou os temas prioritários para a próxima presidência: promover a agenda digital do Mercosul; avançar no processo de industrialização 4.0; assinar protocolo de comercio eletrônico do Mercosul; integrar o setor automotivo do bloco; fortalecer programas de apoio à micro, pequenas e médias empresas; avançar em mecanismos para o empoderamento econômico das mulheres e dos jovens; continuar com a revisão da Tarifa Externa Comum (TEC) e a revisão legal dos acordos com a União Europeia; e dar continuidade às negociações com outros países, como Canadá, Singapura, Líbano, Coreia do Sul, Vietnã e Indonésia.
55ª Cúpula do Mercosul
No final da manhã, Bolsonaro prosseguiu com o pronunciamento de boas vindas na 55ª Cúpula do Mercosul, afirmando a importância de que sejam mantido avanços no bloco econômico, sendo mantidas as políticas de liberdade econômica. Bolsonaro afirmou que o bloco não pode perder tempo e nem aceitar retrocessos ideológicos, enfatizou ainda a necessidade de enxugar ainda mais a estrutura do Mercosul e de reduzir a tarifa externa comum: “Outro fator determinante para nossa participação na economia mundial é o nível de impostos aplicados às importações. A taxação excessiva afeta a competitividade e é prejudicial a quem produz. O Brasil confia na abertura comercial como ferramenta de desenvolvimento e por isso insiste na necessidade de reduzir ou revisar a Tarifa Externa Comum [TEC]”, destacou Bolsonaro.
Acordos
Foram assinados os seguintes acordos diplomáticos: acordo para a proteção mútua de indicações geográficas dos estados partes do Mercosul; contrato de administração fiduciária Mercosul-Fonplata; acordo sobre reconhecimento recíproco de assinaturas digitais; novo anexo sobre serviços financeiros do protocolo de Montevidéu sobre comércio de serviços; e o acordo de cooperação fronteiriça policial e de cidades gêmeas (saúde, educação, transporte, identidade).
Também, será protocolado na Associação Latino-Americana de Integração, o acordo de alcance parcial para a facilitação do transporte de produtos perigosos.
Encerramento
Depois da reunião, Bolsonaro, os presidentes Mauricio Macri da Argentina e Mario Abdo do Paraguai e a vice-presidente do Uruguai Lucía Topolansky, que representou Tabaré Vázquez que por questões de saúde não pode comparecer ,participaram de uma cerimônia de plantação de videiras, e após foi servido um almoço aos participantes do encontro.
De acordo com o cronograma presidencial, estava marcado para às 17h a sua partida de Bento Gonçalves para o Rio de Janeiro, local onde ele irá assistir o jogo entre Flamengo e Avaí, no Maracanã, conforme disse Bolsonaro em uma de suas redes sociais.
