Você está vacinado, mas continua imunizado?

2015-04-10_190211

Estudos iniciais apontam que idosos e imunossuprimidos precisam da terceira dose da vacina contra Covid

A possível redução na imunidade contra a covid-19 entre seis e oito meses após a segunda dose de vacinas, assim como o recente aumento de hospitalização de idosos, motivam diferentes nações, incluindo o Brasil, a optar pela terceira aplicação nos mais velhos e em pessoas com problemas no sistema imune.
A terceira dose começará a ser aplicada a partir de 15 de setembro. Enquanto isso, ainda há incertezas sobre quanto tempo dura a proteção. A resposta de longo prazo contra o coronavírus é desenvolvida basicamente de duas formas: com os anticorpos, proteínas que atuam contra o invasor, e os linfócitos B de memória, que recordam como o vírus se parece e, ao estímulo necessário, atuam para produzir mais anticorpos – algo importante para controlar uma infecção.
Estudos, a maioria em laboratório, vêm sugerindo que o nível de anticorpos pode cair – sem desaparecer – entre seis e oito meses após a segunda dose. Já o nível de células B parece se manter. As análises ainda são preliminares e não colocaram um ponto final na discussão – é necessário mais tempo de acompanhamento.
A queda de anticorpos de fato está relacionada a uma menor proteção contra uma doença, mas certa redução é esperada ao longo do tempo. A grande dúvida aqui é que não há consenso sobre o número mínimo de anticorpos necessários para proteger contra a covid-19.
Estudo da Universidade de Oxford mostrou que as vacinas da Pfizer e da AstraZeneca funcionam contra a variante Delta, mas perdem efeito ao correr dos meses. A Pfizer passou de 94% de proteção contra a nova cepa 14 dias após a segunda dose para 78% após 90 dias. A AstraZeneca passou de 69% para 61%.
Outra pesquisa, publicada na revista Nature, apontou que a resposta imune gerada pela Pfizer começa a cair a partir de três meses. Em outro estudo da Universidade de Oxford, publicado em junho na prestigiosa revista The Lancet, mostrou que a resposta imune gerada pela AstraZeneca cai meses após uma dose única, mas persiste entre seis meses e um ano após a segunda dose. A resposta é maior quando o intervalo é de 15 a 25 semanas do que entre oito e 12 semanas.
Um estudo feito Universidade Católica do Chile com 2.300 voluntários que tomaram a CoronaVac mostrou que o nível de anticorpos caiu seis meses após a segunda dose. Eles sugerem a terceira aplicação. Outra análise, de pesquisadores da Universidade de São Paulo e do Instituto do Coração de São Paulo (InCor), ainda sem revisão de pares, mostrou que o imunizante tem menor efeito em pessoas acima dos 55 anos.
Sobre a Janssen, estudo publicado em julho no New England Journal of Medicine mostrou que a quantidade de anticorpos e células T se mantém estável, pelo menos, por oito meses – tempo de duração do estudo até agora.