Variante no DNA aumenta o risco de uma pessoa tentar o suicídio

2015-04-10_190211

 

Pesquisadores procuravam (e acharam) marcadores genéticos em comum entre indivíduos que já tentaram tirar a própria vida

 

No maior estudo genético de tentativas de suicídio até hoje, pesquisadores identificaram uma região do genoma no cromossomo 7 contendo variantes de DNA que aumentam o risco de uma pessoa tentar se matar. Com a colaboração de mais de 260 pesquisadores ao redor do mundo, esse estudo teve como base uma varredura genômica em cerca de 1 milhão de indivíduos, com e sem transtornos psiquiátricos. 

A iniciativa de escanear o DNA das pessoas procurando marcadores genéticos em comum naquelas que tentaram tirar a própria vida em algum momento é de um consórcio internacional de cientistas com foco em relacionar suicídio e genética: o International Suicide Genetics Consortium.

Os pesquisadores também cruzaram os dados para avaliar as relações biológicas com outros transtornos. “Além de identificar o local de risco para tentativa de suicídio no cromossomo 7, descobrimos uma forte sobreposição na base genética dessa tentativa e de transtornos psiquiátricos, particularmente maior depressão, mas também tabagismo, dor, insônia e pior estado de saúde de maneira geral”, disse o professor de psiquiatria genômica Niamh Mullins, do hospital Mount Sinai, em Nova York, e principal autor do estudo. 

Ou seja, além de haver fundamentos genéticos para as tentativas de suicídio, eles estão parcialmente compartilhados com a depressão e outros distúrbios que podem levar um indivíduo a questionar o valor da própria vida.

Os resultados foram confirmados com outra análise: a associação de variantes genéticas no cromossomo 7 com a tendência a uma tentativa de suicídio foi replicada numa avaliação de mais de 14 mil veteranos do Exército americano que já tentaram se matar.

Os dados são do Million Veterans Program, um programa de pesquisa que visa entender como genes, estilo de vida e eventuais exposições a que um militar se submete (ver o horror de uma guerra de perto, por exemplo) afetam a saúde e o equilíbrio mental.

O suicídio é um problema de saúde pública que atravessa fronteiras, sendo responsável por quase 800 mil mortes por ano no mundo. Estima-se que, para cada morte por suicídio, 20 tentativas tenham acontecido, deixando muitas vezes sequelas físicas e psicológicas. Compreender melhor as vias biológicas envolvidas nesses atos extremos (ou mesmo em pensamentos suicidas) pode fornecer caminhos para estratégias de tratamento e, principalmente, prevenção.