Tratamento brasileiro com nanopartículas é promissor para câncer de intestino

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No Brasil, cientistas da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) desenvolvem um tratamento inovador contra o câncer de intestino, também conhecido como câncer colorretal, usando nanopartículas. Em fase de testes pré-clínicos, a nova terapia usa a tecnologia do mRNA (RNA mensageiro)

Após publicar os primeiros resultados da terapia com nanopartículas na revista International Journal of Nanomedicine, os autores descrevem o tratamento como “promissor”. Ainda não há um prazo para os primeiros testes em humanos com tumores no cólon ou no reto.

Vale destacar que o câncer de intestino é o terceiro tipo de tumor mais frequente no país, com um risco estimado de 21 casos a cada 100 mil habitantes. No cenário global, o número de casos está aumentando entre os jovens e os que têm menos de 50 anos

Tratamento com nanopartículas para câncer

O novo tratamento da UFMG contra o câncer de intestino é um tipo de imunoterapia, ou seja, usa o próprio sistema imunológico do paciente para gerar respostas antitumorais e combater a doença.

Para alcançar o objetivo, os pesquisadores brasileiros utilizam uma nanopartícula lipídica ionizável (LNP), sendo que esta carrega uma molécula de mRNA que pode induzir a morte das células do tumor.

“Colocamos, dentro da nanopartícula, um RNA mensageiro que funciona como script com todas as informações que a célula do corpo necessita para produzir uma proteína. No caso do nosso trabalho, essa proteína é do sistema imunológico e tem capacidade de induzir a morte programada das células tumorais. Ou seja, induzimos o organismo a produzir uma proteína que mata as células cancerígenas”, explica Walison Nunes, pesquisador da UFMG e um dos autores, em nota.

Em relação ao tratamento oncológico, um dos grandes desafios é fazer com que a medicação chegue até o local do tumor. Isso porque as células cancerígenas formam um “microambiente tumoral hostil”, o que bloqueia muitas terapias.

Por isso, “também desenvolvemos uma estratégia de normalização do microambiente tumoral, ou seja, fizemos a reengenharia do microambiente, tornando-o mais acessível para que a nossa nanopartícula entre no seu interior e para que os linfócitos do sistema imunológico alcancem o tumor. Quando o tumor se desenvolve, ele cria vasos sanguíneos anormais, e nossa terapia descomprime esses vasos sanguíneos e reduz o depósito de colágeno, possibilitando que os medicamentos entrem mais facilmente nas células”, complementa o pesquisador Nunes.

Novo tratamento contra câncer de intestino

No momento, o tratamento promissor contra o câncer de intestino é realizado em animais a partir de um modelo conhecido como humanizado. Nesses casos, as células cancerígenas e as saudáveis humanas são transplantadas em camundongos, onde os testes são feitos numa simulação do organismo humano.

Em paralelo, a equipe testa o efeito da terapia com nanopartículas células metastáticas também em roedores. São aquelas que saíram do tumor primário (como a região do intestino) e se espalharam para outros órgãos (como o pulmão).

Se os resultados continuarem a ser positivos, os cientistas mineiros vão buscar fontes de financiamento para realizar a pesquisa oncológica em animais de grande porte. Após esta etapa, será possível desenhar os primeiros testes clínicos com humanos com câncer de intestino.

Fonte: International Journal of NanomedicineUFMG

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