Trabalho noturno pode elevar risco de declínio cognitivo em 79%, aponta estudo com 47.811 adultos

2015-04-10_190211

Algumas pessoas se consideram noturnas por preferirem atividades durante o fim do dia, por outro lado, pessoas se veem trabalhando à noite por conta da necessidade financeira

 

Pesquisadores da Universidade de York, no Canadá, revelam que turnos de trabalho noturnos estão associados a um aumento de 79% no risco de declínio cognitivo. O estudo focou em adultos entre 45 e 85 anos e analisou dados de 47.811 pessoas, coletando informações sobre empregos, horários de trabalho e testes de função cognitiva.

De acordo com a pesquisa, aqueles que estão atualmente em turnos noturnos apresentam taxas 79% mais altas de comprometimento cognitivo em relação àqueles que trabalham apenas durante o dia. Os que têm um histórico mais longo de trabalho noturno mostraram taxas 53% mais altas de comprometimento.

Os cientistas sugerem que a interrupção do ciclo circadiano, o ritmo biológico natural do corpo, é o principal fator por trás desse aumento de risco. “Estímulos circadianos disruptivos podem desempenhar um papel na neurodegeneração, contribuindo para o comprometimento cognitivo”, afirmam os autores do estudo.

Outras pesquisas também alertam para riscos adicionais associados ao trabalho noturno, como sobrepeso e obesidade, especialmente em profissionais como enfermeiros. Um estudo da Universidade de São Paulo (USP) aponta que fatores como exposição à luz artificial, horários irregulares de refeições e privação do sono são catalisadores para o ganho de peso.

Carlos Antonio Negrato, professor da USP, indica que a alteração do apetite em trabalhadores noturnos está relacionada a uma maior ingestão de alimentos ultraprocessados e calóricos, além de menor atividade física e maiores taxas de tabagismo.