Técnica com célula-tronco indica possível tratamento para endometriose, aponta estudo

2015-04-10_190211
A endometriose afeta aproximadamente 10% das mulheres em idade reprodutiva no mundo, segundo o estudo da Northwestern. É uma das causas mais comuns para a infertilidade

Pesquisa publicada na quinta-feira, 1º, é a primeira a criar células uterinas saudáveis a partir de um tipo de células-tronco. A descoberta pode indicar um tratamento para a doença, que atinge 10% das mulheres em idade reprodutiva em todo o mundo

 

Pesquisadores da Universidade Northwestern, nos Estados Unidos, descobriram um modo de reprogramar células-tronco que pode tratar doenças como endometriose, infertilidade causada por fatores uterinos e câncer do endométrio, a camada interna do útero. É a primeira vez que alguém consegue estabelecer um protocolo para essa reprogramação.
Os cientistas conseguiram fazer com que células-tronco pluripotente induzidas se transformassem em células uterinas saudáveis a partir de processos hormonais. A pesquisa foi publicada no último dia 1º na revista científica Stem Cell Reports.
“É uma descoberta enorme. Abrimos a porta para tratar a endometriose”, completa. Hoje, o único tratamento definitivo é por meio de cirurgia, diz Igor Padovesi, ginecologista especialista em endometriose do Hospital Israelita Albert Einstein, em São Paulo. Existem medicamentos que são utilizados para controlar a doença.
Padovesi explica que a progesterona é um hormônio feminino que inibe as células da endometriose. Quando existe resistência a esse hormônio, essas células continuam crescendo.
“Em quase todas as mulheres, existe uma menstruação que não vai embora pela vagina durante o ciclo, chamada de menstruação retrógrada, que volta e é eliminada pelo organismo. Na endometriose, ela não é eliminada, e começa a se espalhar por outros órgãos”, explica Padovesi. Ele diz que isso está associado a fatores genéticos e imunológicos que não são completamente conhecidos.
A endometriose afeta aproximadamente 10% das mulheres em idade reprodutiva no mundo, segundo o estudo da Northwestern. É uma das causas mais comuns para a infertilidade.
“Existe um fator inflamatório que cria um ambiente hostil à implantação do embrião”, explica Padovesi. Ele destaca, no entanto, que a doença somente dificulta, mas não impede a gravidez. Entre os sintomas da doença estão cólica menstrual forte, dor na relação sexual, dor entre as menstruações, infertilidade, dor ao defecar ou ao urinar, sangramento na urina ou nas fezes.