Na última sexta-feira, dia 18, uma forte frente fria avançou pelo Rio Grande do Sul, deixando temperaturas abaixo dos 10ºC. O frio intenso deve prevalecer até sexta-feira, dia 25. Para quarta e quinta-feira a previsão é de geada, com mínima de 3°C, considerado frio mais intenso do ano. De acordo com o técnico do setor meteorológico da Embrapa, Adriel Marconatto, se trata de uma onda de frio tardia. “Na verdade é um frio tardio, porque deveria ter chegado ainda em abril. A expectativa é que o firo realmente fique mais intenso durante a semana. Em abril, as temperaturas ficaram bem acima do normal e em maio, até hoje, as temperaturas máxima e média estão um pouco abaixo do normal, principalmente devido ao frio ocorrido nos últimos dias”, afirma.
O pesquisador Henrique Pessoa comemora a chegada do frio e torce para que seja contínuo. “O fato do frio ter atrasado não prejudica, o que se espera é que esse frio se mantenha contínuo. O ruim é a oscilação no período, isso prejudica o comportamento adequado para a primavera seguinte. Se espera um inverno continuo”, explica.
Ainda de acordo com o pesquisador, a falta de frio na época adequada prejudica o período de safra. “A planta dispõe de uma brotação uniforme quando o inverno for constante. No ano passado teve o inverno bem quente, impactando muito na produtividade. Quando o inverno for mais uniforme temos uma safra melhor. Quando o inverno for baixo, tem problemas na produtividade. Esperamos um inverno constante e uma primavera quente e uniforme”, ressalta.
Na terça-feira (22), o tempo continua seco e frio. As temperaturas mais baixas se concentram na serra e no extremo sul. A Somar Meteorologia aponta que, em boa parte do Rio Grande do Sul, devem ser registradas as menores temperaturas do ano, entre a madrugada e o início da manhã.
Nos próximos dias, a massa de ar seco deve começar a perder força e dar lugar a instabilidades na região costeira. A Somar Adianta que o próximo temporal está previsto para a última semana do mês, ou seja, a partir do dia 28 de maio.
A Massa de Ar Polar
A massa de ar Polar Atlântica tem origem na região marítima que envolve o extremo sul do Oceano Atlântico e Oceano Antártico. Atua, principalmente, durante o inverno na região sul do continente americano, período em que provoca queda brusca das temperaturas, geadas e até neve em cidades do extremo sul da América do Sul.
Principais características
Elas se formam nas regiões próximas aos polos Sul e Norte, sempre em latitudes superiores a 50° e por esses aspectos, são extremamente frias. A polar continental é mais fria e mais seca; a oceânica é mais úmida.
Na região de sua origem (Oceano Antártico), ela é uma massa de ar extremamente fria e seca, pois a evaporação da água nesta região é muito baixa (quase nula).
Da região Antártica ela segue em direção norte e, ao penetrar na região sul do Brasil e caminhar pelo litoral sul, esta massa de ar ganha umidade do Oceano Atlântico, gerando a formação de frentes frias e provocando muitas chuvas na região sul (muitas vezes chega à região Sudeste).
Estados brasileiros que sofrem a influência dessa massa de ar (em ordem de intensidade, da maior para a menor): Rio Grande do Sul, Paraná, Santa Catarina, São Paulo, Mato Grosso do Sul, Mato Grosso, Amazonas (região do extremo sul).
Quando estas frentes frias são intensas, podem chegar até as regiões Norte e Centro-Oeste do Brasil (com baixa intensidade). Com muitas nuvens, costumam baixar a temperatura nestas regiões. Este fenômeno é popularmente chamado de friagem.
A chegada da massa de ar Polar Atlântica até o norte do Brasil é favorecida pelo relevo da região por onde passa. As planícies centrais do Brasil servem como uma espécie de corredor (formado pelos Andes a oeste e planaltos a leste), facilitando o deslocamento das massas de ar em direção ao norte.
Essa massa de ar tem grande responsabilidade pela existência do clima polar na região extremo sul da América (região da Antártida). Ela é responsável por temperaturas baixíssimas, podendo chegar a -40°C na estação do inverno.
