Sentimentos da primeira infância podem refletir em toda a vida

2015-04-10_190211
As relaçaões vividas entre o oitavo e o décimo oitavo mês dos bebês, determinam traços da sua personalidade, que refletirão durante toda a vida

Na última semana ocorreu o Seminário sobre o Pacto Nacional pela Primeira Infância – Região Centro-Oeste, organizado pelo Conselho Nacional de Justiça (CNJ), em Brasília, tendo como finalidade a discussão entre especialista, agentes públicos e sociedade civil de meios para garantir os direitos da primeira infância, que vai até os seis anos de idade.
Durante a fala que abriu o Seminário, o médico, mestre em neurociência e ministro da Cidadania Osmar Terra, afirmou que a relação entre mãe e bebê do oitavo ao décimo oitavo mês de vida, estabelece reflexos na vida da criança para sempre, pois é nesta fase que se dá o desenvolvimento emocional dos seres humanos. “Os sentimentos desenvolvidos pelo bebê nesta fase irão refletir na forma em que ele se comportará em relação às outras pessoas na juventude, idade adulta e até mesmo na velhice” afirma Terra.
Tendo como referência a pessoa adulta que o bebê mais convive, seja a mãe, pai, avó ou cuidadora, de acordo o ministro, a criança passa a considerar aquela pessoa uma base segura, que ela irá contar quando precise, a experiência sensorial com essa pessoa vai moldar a maneira de se relacionar com os demais ao longo da vida.
“Ele organiza, em torno dessa experiência, suas redes emocionais, a partir da voz, da expressão do rosto da mãe. A criança duplica a frequência cardíaca quando a mãe faz cara de zangada. Se o rosto dela está alegre, não. É assim que ele vai entender o lugar do outro, o sentir do outro. A partir do décimo oitavo mês, esse potencial interpretativo diminui”, afirmou o ministro.
Osmar Terra é adepto a teoria do apego, do psiquiatra e psicanalista britânico, John Bowlby, que em seus estudos constatou, a partir da análise de indivíduos de várias espécies, que os jovens acompanham os adultos, como estratégia de sobrevivência, e isso ocorre também com os humanos.
Uma primeira infância com estímulos agressivos para a criança, com negligência, abandono ou abuso, pode aumentar os níveis do hormônio cortisol, causar o chamado “estresse tóxico”, destruir neurônios e causar lesões cerebrais, segundo Osmar Terra.
As repetições dos padrões agressivos do comportamento na vida adulta são estudadas pelo pesquisador canadense Richard Tremblay, sobre esse estudo, Terra afirmou: “Ele encontrou níveis altos na frequência de agressões físicas em crianças entre 1 e 3 anos e aos 15 anos. Quanto mais altos os eventos de agressividade na primeira infância, mais intensos eles se repetiam na adolescência e início da vida adulta”.