Relacionamento pocketing: Quando seu parceiro te esconde  dos amigos e família 

2015-04-10_190211

Não apresentar o companheiro aos familiares e amigos e não divulgar a relação é cada vez mais comum, como reagir e sair desta?

 

 

Você é o segredo do seu namorado? Dormem juntos, conversam por horas e estão apaixonados há meses, mas ele não te apresentou à família, aos amigos, e nunca publicou uma imagem em que estão juntos? Essa situação recebe o nome “relacionamento pocketing” (“guardar no bolso”, em tradução livre), caracterizando o comportamento de não assumir aos outros que mantém um relacionamento, o que impossibilita aprofundar o vínculo.

Resistir a divulgar o compromisso tem se tornado uma conduta cada vez mais frequente. Os aplicativos de relacionamento, inclusive, podem levar uma parcela da culpa, pela sensação que dão de sempre podermos mais e de estarmos perdendo algo ‒ a vida de solteiro ‒, além de contribuírem para interações que avançam no campo sexual e não no emocional, criando vínculos frágeis que dificultam o desenvolvimento da intimidade, potencializam os medos e contribuem para não assumir o companheiro .

“Buscar proteção emocional também impulsiona essa dinâmica. É como se a relação precisasse ficar pequena para não sofrer tanto com a ausência do outro caso tudo acabe. O que mostra a fragilidade emocional, o medo da entrega”, afirma Melissa Santini, que é psicóloga de relacionamentos. Isso, no entanto, não garante que o término não trará sentimentos ruins. “Entrar apenas com um pé dentro de uma relação já causará sofrimento”, completa.

Os problemas do relacionamento pocketing

O problema é que a pessoa escondida é a mais afetada negativamente por essa ausência de comprometimento, de acordo com Sara. “Ser escondida leva o indivíduo a acreditar que ele não é digno de receber aquele amor, de que não é suficiente, afetando o autoconceito, a autoimagem e, consequentemente, minando a autoestima.” Entretanto, aceitam a situação, por vezes, por confiar em justificativas como ‘o que ninguém vê, ninguém estraga’ ou promessas nunca cumpridas”, acrescenta.

Isso se traduz em uma dinâmica tóxica, prejudicial a um dos lados. “Entendo o relacionamento como a construção do ‘juntos’, o que inclui compartilhar a vida, as experiências, os planos. Ao esconder a existência do parceiro, não é possível visualizar essa união, levando a uma dinâmica tóxica. Alguém não está disposto a viver esse relacionamento por inteiro e o outro facilmente poderá se machucar”, pontua Melissa.

Evitar relacionamentos por medo de sofrer não é a melhor ideia, afinal somos seres sociais e precisamos de pessoas. “Nossas relações interpessoais fazem parte das nossas necessidades básicas, ou seja, precisamos nos relacionar com pessoas para manter uma boa saúde mental”, lembra Sara.

O que fazer para sair dessa dinâmica?

Refletir sobre como você se sente na relação é o passo inicial para mudanças. Depois, é importante conversar com seu parceiro, com cuidado para não cair em mentiras. “Se a situação persistir, é importante identificar o que você quer e analisar o que faz você estar com alguém que não está com você”, indica Melissa. Depois disso, busque a terapia, autoconhecimento e não desista de encontrar o que você merece!