Secretária de educação admite que desde janeiro está chamando profissionais. Dos 233 concursados chamados, assumiram apenas 120
Depois de uma denúncia, de uma professora que não quis se identificar, que a Escola Municipal Professora Liette Pozza, não está com o quadro completo de professores desde o dia 20 de fevereiro e que os alunos estão sendo prejudicados. A reportagem da Gazeta constatou que faltam educadores de artes, além de profissionais das séries iniciais. “Estamos bastante indignadas com tudo isso, e já está fazendo dois meses do início do ano letivo e ainda não estamos com o quadro completo de professores. A Smed só enrola, diz que vai nomear concursados. Eles tiveram dois meses para fazer isso, mas esperaram começar as aulas”, desabafa.
A falta de professores, de acordo com ela, prejudica o aprendizado dos alunos, mas mesmo sem profissionais, educadores de outras áreas suprem a deficiência do quadro. “Os pais não reclamam porque os alunos são atendidos. A escola sempre dá um jeito para gerenciar. Eu trabalhou durante um mês de graça para o município. Todas trabalhavam 20 horas para compensar falta de professores. É um descaso do poder público”, comenta.
A escola Professor Noely Clemente de Rossi também havia registrado deficiência no quadro de educadores no início do ano, mas o problema, segundo a direção já foi resolvido.
A Gazeta entrou diversas vezes em contato com a diretora, mas em todas as oportunidades a informação era de que a profissional estava em “reunião”.
Um pai que não se identificou revela que seu filho tem reclamado por não ter um professor para auxiliar nas tarefas da escola. “Eu trabalho todo o dia, e quando chego em casa sempre converso com meu filho, que desde o início das aulas me fala que não tem professor de artes”, afirma.
O descontentamento do pai, não é apenas pelo filho, mas, segundo ele, por outras crianças que estudam com ele. “Só quero que professores qualificados possam possam fazer a parte deles, não podemos ficar com esse déficit por tanto tempo”, diz.
A explicação da secretária
A secretária de educação, Iraci Vasques se negou por diversas vezes, em várias tentativas, de conversar com a reportagem, limitando-se depois de muita insistência em responder laconicamente por escrito os questionamentos sobre falta de profissionais nas escolas do município.
Em uma nota desconexa a secretária escreveu: “ Desde o mês de janeiro estamos chamando profissionais para fechar os quadros das escolas. Chamamos concursados, poucos assumiram, pois eram de outros municípios.Chamamos dos contratos temporários remanescentes, ninguém assumiu. Passamos a contemplar regimes suplementares, e nesta data está faltando apenas três professores, um da parte diversificada, um de anos iniciais e um de educação física. Na referida escola está faltando o da parte diversificada, mas eles têm atendimento com a professora titular.
Foram 233 pessoas chamadas e assumiram apenas120 profissionais.”
Quando a reportagem foi checar a informação surpreendente que o município está em déficit de 113 profissionais em sala de aula – segundo os cálculos da nota enviada à redação – , a Secretária não respondeu às investidas e a assessora Cibele Zardo, que atendeu ao telefone, disse que a informação da secretária estava errada e que não faltavam tantos professores assim, mas não passou a ligação para Iraci Vasques.