A Scotland Yard tenta provar que o uso do reconhecimento facial pode ajudar a polícia na identificação de criminoso, mas pesquisadores discordam
Na Europa, o uso do reconhecimento facial como mecanismo para a identificação de criminosos ganhou mais um capítulo de polêmicas. Em Londres, uma pesquisa realizada pela Universidade de Essex apontou um volume relevante de falhas e endossou o coro da insatisfação com o uso da tecnologia, deixando a Scotland Yard no centro de mais um conflito. Uma das principais controvérsias foi a detenção de pessoas que não seriam procuradas pela justiça.
Após muitas discussões sobre a ética por trás da técnica, pesquisadores da Universidade de Essex tiveram acesso a seis testes, feitos em tempo real, entre junho de 2018 e fevereiro de 2019. Neles, a polícia metropolitana esteve em Soho, Romford e em um shopping em Stratford, leste de Londres. O resultado não agradou: a conclusão foi que erros de identificação não são incomuns. Segundo o The Guardian, os acadêmicos relataram casos pessoas que foram interpeladas pelos agentes sem que fossem procuradas pela justiça.
De acordo com os pesquisadores, de 42 pessoas sinalizadas pelo software de reconhecimento facial, 22 foram detidas. Destas, apenas oito eram procuradas pela justiça.
A pesquisa aponta também que outros londrinos foram abordados por questões que já haviam sido tratadas no tribunal ou por crimes de menor potencial ofensivo, que não seriam considerados relevantes o suficiente para justificar o uso da tecnologia.
A pesquisa apontou ainda que a maior parte dos erros aconteceu em decorrência da pressa que a polícia tinha em abordar os suspeitos antes da checagem de dados.
Segundo os acadêmicos, as listas muitas vezes estavam desatualizadas ou incluíam pessoas consideradas “em risco ou vulneráveis”. O professor responsável, Peter Fussey, ainda acusou carência de direitos humanos incorporados ao uso da tecnologia e falta de liderança por parte das autoridades.
Segundo o The Guardian, após os testes, David Davis MP, membro do Partido Conservador, disse que o Centro de Direitos Humanos da Universidade de Essex conseguiu mostrar que a tecnologia poderia levar a erros judiciais e prisões ilegais. Ele pediu a suspensão dos testes e o reforço nos debates para estabelecer leis e regulamentos.
Já a Scotland Yard defende que o uso da tecnologia tem respaldo legal e garante que as identificações de criminosos foram bem sucedidas. O porta-voz Duncan Ball ainda definiu ao tom da conclusão do estudo como “negativo e desequilibrado”.
Os testes acabaram por alimentar a polêmica em torno da invasão de privacidade e da ameaça que o reconhecimento facial pode representar para a liberdade de expressão.
A tecnologia já está sendo usada pelas polícias de Manchester, Leicester e South Wales. No próximo final de semana, nos dias 6 e 7 de julho, a expectativa é que a polícia inglesa aplique a técnica no airshow de Swansea, um dos mais importantes eventos de South Wales, com o objetivo de catalogar “pessoas de interesse” e procurar criminosos.
Segundo o The Guardian, após os testes, David Davis MP, membro do Partido Conservador, disse que o Centro de Direitos Humanos da Universidade de Essex conseguiu mostrar que a tecnologia poderia levar a erros judiciais e prisões ilegais.
Ele pediu a suspensão dos testes e o reforço nos debates para estabelecer leis e regulamentos.
Já a Scotland Yard defende que o uso da tecnologia tem respaldo legal e garante que as identificações de criminosos foram bem sucedidas. O porta-voz Duncan Ball ainda definiu ao tom da conclusão do estudo como “negativo e desequilibrado”.