Por conta do mau tempo, na região do Vale dos Vinhedos, Pinto Bandeira, Tuiuty e Faria Lemos têm ocorrido quada de vinhedos. O agricultor Mateus Batistello, na Linha Oito da Graciema, comentou sobre a perda que teve na sua colheita por conta da queda de um de seus parreirais: “o parreiral caiu no início deste mês de fevereiro e, infelizmente causou uma grande perda para a nossa colheita”. revela o agricultor.
“Os fortes temporais que têm acontecido neste início de 2017 foram, sem dúvida alguma, o maior motivo para que o parreiral caísse”, comenta Mateus Batistello. “Com certeza este acidente acabou acontecendo por conta das fortes tormentas e tempestades que caíram na região neste meio tempo”.
Ainda sobre o assunto, Mateus Batistello lamentou o total da uva que foi perdida: “este parreiral de meio hectare que caiu estava carregado e acabou causando perda de cerca de 20% da toda a colheita”.
Sobre o acontecido, ele se mostrou desapontado: “a última safra já não foi das melhores, e esta estava tendo um rendimento bastante satisfatório. Com a queda deste parreiral, acreditamos que teremos, infelizmente, uma colheita ou igual, ou apenas um pouco melhor do que a de 2016”.
Para finalizar, apesar da perda, Mateus demonstrou-se contente com o auxílio dos vizinhos: “Cerca de sete ou oito vizinhos se colocaram a disposição para auxiliarmos a levantar o parreiral caído. O número que até não parece muito grande, na verdade é bastante representativo, tendo em vista que nesta época de colheita, não é comum encontrar os outros agricultores em casa para que seja solicitada ajuda”.
Produtor dá dicas para fixar parreirais
O produtor de vinhos, Roberto Batistello, é um dos sócios proprietários da vinícola que carrega o mesmo sobrenome de Roberto não teve parreiral com problemas, segundo ele “ deve existir todo um planejamento que vai desde a montagem até a finalização de um parreiral”.
Segundo ele, “é importante já ter em vista o tamanho que deseja, e o que ele irá comportar”. Para Batistello, a estrutura deve ser robusta o suficiente, e os postes têm de ser bem fixados. “Para suportar o peso das uvas e das folhas, além de ser resistente à ação do tempo, é importante que um parreiral tenha um cerne bastante firme. Por exemplo, uma parreira de um hectare, pode chegar a pesar, em média, 40 ou até 50 toneladas.”
Para Roberto Batistello, a plantação de um tipo específico de árvore para sustentar todo o peso de uma parreira, é fundamental para que esta torne-se firme o suficiente. “Plantar plátanos é uma ótima saída para sustentar os parreirais. Afinal de contas, as raízes fixam-se de forma quase que definitiva na terra, impermeabilizando o solo e tornando quase impossível que haja algum acidente no lugar”.
Como uma segunda recomendação, o agricultor aponta que: “é importante que não haja nenhum descaso por conta do agricultor. Quando notamos que há, por exemplo, um arame enferrujado ou fora de acordo, corremos para consertar esta anomalia, afinal de contas, um pequeno pedaço de arame pode causar uma enorme perda”.
“Não exceder o limite de cachos no parreiral é imprescindível, talvez seja o ponto mais importante para que não haja perdas”, avalia Batistello. “Muitos agricultores acabam carregando de forma descompassada os parreirais, tornando-os perigosos. É por isso que fazer cálculos e estipular um número adequado de cachos de uva por parreiral é a maneira certa para que a safra não desande”.
Ao falar de suas experiências com quedas devidiras, Batistello demonstra, até mesmo, certa tristeza: “Da última vez que isto aconteceu aqui na propriedade, podemos dizer que tivemos sorte, na medida do possível. O que ocorreu foi uma combinação de diversas condições climáticas. Em um inverno chuvoso, época em que a uva já não estava mais nos parreirais, um destes veio ao chão. Isto aconteceu porque a chuva caiu de forma incessante durante dois dias, molhou a terra e deixou os postes frouxos, além de um intermitente vendaval. Apesar disso, conseguimos coloca-lo de volta no local”.
Para Batistello, a queda de um parreiral é uma das coisas mais tristes que podem acontecer em época de colheita. “Quando um parreiral cai, acontecem coisas que desapontam o agricultor. Afinal de contas, mesmo que este seja erguido, é possível que haja um grande esmagamento das uvas, que podem ser pisadas pelas pessoas que estão ajudando a reerguer, e que sejam amassadas pelas madeiras que compõe a parreira”.
Por último, Batistello avaliou a safra da uva. “Não trabalhamos com uma safra extremamente grande aqui na vinícola. Nossa média anual é de mais ou menos 100 mil quilos. Trabalhamos com uma grande variedade de uvas, que são utilizadas para fazer vinhos finos, por exemplo, Cabernet Sauvignon, Moscato Giallo, Merlot, Malbeck e Tanet”. Para ele, “apesar da boa quantidade da safra, o grande volume de chuva tem feito com que uma parte da uva não seja perfeita para a fabricação das bebidas. Neste ano, iremos trabalhar na faixa de 120 mil litros para todos os tipos de vinho, e 40 mil litros de suco de uva”.
“O restante do que é utilizado para a produção dos vinhos, compramos dos agricultores locais”, pontua Batistello. Segundo ele, “para a gente é melhor que o agricultor leve um pouco mais de tempo para realizar a entrega das uvas do que entregue antes da maturidade da mesma. Isso evita perdas, tanto para vinícola quanto para agricultor”.