Quase 80% dos brasileiros com nível superior trabalham em cargos inferiores

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Exhausted businessman pressing fist to forehead, suffering from stress at work, trying to make important difficult decision or cope with failure

Estudo do Dieese mostra que a queda no desemprego no Brasil está sendo puxada por vagas de trabalho com salários menores e sem exigência de nível superior

redução da taxa de desemprego observada no Brasil nos últimos meses não tem se refletido em maior qualidade dos postos de trabalho que estão sendo criados no país. Além da informalidade ser responsável por mais de 40% da massa de ocupados atualmente, levantamento divulgado pelo Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese) identificou que quase 80% dos profissionais com formação de nível superior têm se submetido cada vez mais aos cargos que não exigem a qualificação anteriormente obtida.

Na pesquisa, que engloba dados do primeiro semestre deste ano com base em informações do IBGE, o Dieese aponta que houve aumento de 749 mil no índice de trabalhadores graduados no mercado. Contudo, 78,6% desse total, que corresponde a 589 mil pessoas, recorreram às vagas atípicas – em que há remuneração menor e sem exigência de formação superior. Entre os cargos que estão sendo ocupados por profissionais com esse perfil estão balconistas e vendedores de lojas.

Somadas, as duas profissões tiveram crescimento de 23,8% no número de cidadãos graduados em atuação. Em um panorama geral, considerando todos os níveis de escolaridade, houve um crescimento de 9,9% neste ano no número de cidadãos ocupados, se comparado aos dados do segundo trimestre de 2021. No entanto, cargos de diretores e gestores e profissionais de ciências e intelectuais, que demandam o diploma de graduação, tiveram os menores crescimentos, assinalando 3% e 3,4% respectivamente.

Por outro lado, os setores que observaram maior expansão foram o de trabalhadores de serviços, vendedores de comércios e mercados, com 19%, seguido por operadores de instalações e máquinas e montadores, segmento que apurou uma alta de 15,8%. Também há destaques para trabalhadores de apoio administrativo, operários da construção civil e ocupações elementares.

O economista do Dieese Gustavo Monteiro afirma que os dados refletem uma recuperação do mercado de trabalho, já que a taxa de desemprego deixou o patamar de 11% para os atuais 9,1%. “Mas não é uma retomada com aumento dos melhores empregos. Não é exatamente um crescimento como se tinha antes. Estamos recuperando o que perdemos, mas ainda muito aquém do que era antes”, afirma Monteiro.