Ônibus urbanos e intermunicipais dividem o mesmo espaço a partir desta semana
Nesta segunda-feira, 17, a parada de ônibus da Rua Marechal Deodoro deixou de existir, e os passageiros que esperavam ônibus naquele ponto começaram a esperar o coletivo na Rua Júlio de Castilhos. No local, além dos usuários que utilizam o transporte urbano, se concentram também estudantes que utilizam ônibus intermunicipal.
A mudança gerou contrariedade entre a maioria dos usuários, que acreditam que em horários de grande movimento a população será prejudicada.
Para a estudante da UCS, Angélica Nunes Santoni, que diariamente utiliza o transporte intermunicipal, a mudança prejudica a população que precisa de ônibus diariamente. “Eu utilizo o transporte universitário, e a partir de agora vou aguardar aqui. Imagino que em horário de pico vai ficar tenso, congestionando tudo”.
Para o vigilante, Gilnei Alves, morador do bairro Santa Helena, a mudança no trânsito é o reflexo de um governo ruim. “Já não basta que o ônibus é ruim porque não tem direto e agora tem mais esse transtorno. Isso não vai ajudar em nada. A mobilidade urbana está bem ruim nessa cidade”, desabafa.
A opinião do estudante da Unisinos, Felipe de Vila Caon, no entanto, é favorável às mudanças na mobilidade urbana. “É o primeiro dia que pego o ônibus para a faculdade, e acho que vai melhorar porque na parada próxima a igreja Santo Antônio era muito travado o trânsito. De uma forma geral acho que vai melhorar”, comenta.
A opinião do estudante, no entanto, não reflete a opinião da maioria dos usuários, que revelam desconforto com as mudanças. Em pouco mais de 40 minuto no terminal da Júlio de Castilhos, foi possível presenciar a movimentação intensa de passageiros e a fila de ônibus urbanos e também intermunicipais. Na confusão do meio dia, o fiscal de uma empresa criticou a extinção da parada da Marechal Deodoro.
“Essa mudança é prejudicial e o correto é aumentar esse terminal. Eu sou contra a extinção da parada da Marechal Deodoro, e sou a favor do usuário. O trânsito vai trancar, e tem que aumentar a parada porque as pessoas vão se molhar em dias de chuva. A maioria dos motoristas estão contra”, afirma.
Os idosos estão entre os mais prejudicados com a mudança. Em horário de grande movimentação são obrigados a esperar o coletivo em pé, devido a grande número de pessoas esperando ônibus. Um aposentado que não quis se identificar lamentou a retirada do terminal da Rua Marechal Deodoro.
“Até semana passada esperava meu ônibus sentado e tranquilo, e agora quando necessito do transporte próximo ao meio dia tenho que ficar aqui de pé, em meio a toda essa confusão”, desabafou.
A opinião do secretário de mobilidade urbana
Segundo o secretário de Gestão Integrada e Mobilidade Urbana, Amarildo Lucatelli, o trânsito terá mais fluidez ao permitir o uso das duas pistas da Marechal Deodoro. “Os condutores que trafegam nesta via poderão seguir em frente após o cruzamento com a Julio de Castilhos, não mais sendo obrigatório ficar à esquerda”, explica.
Além disso, não será mais permitido que os ônibus de turismo parem na Via del Vino, próximo à fonte. Haverá pontos fixos de parada no lado direito da Cândido Costa, próximo à esquina com a Barão do Rio Branco, e na Saldanha Marinho, também próximo ao cruzamento com a Barão do Rio Branco.
“O lado esquerdo da Marechal Deodoro poderá ser usado para carga e descarga, até às 9h. Após este horário deverão ser usados pontos específicos que serão criados nas ruas Doutor Montaury e Doutor Antunes, das 7h às 19h.” continuou o responsável pela pasta.
Os condutores que trafegam pela Rua Marechal Deodoro podem seguir em frente após o cruzamento com a Julio de Castilhos, não mais sendo obrigatório ficar à esquerda. Com isso, o ponto de táxi, que hoje está localizado na pista da esquerda, será transferido para o lado direito da via. Isso permite o uso das duas pistas da Marechal Deodoro, dando mais fluidez ao trânsito.
Estão sendo instalados também semáforos para veículos e pedestres na rua Doutor Montaury, na faixa de pedestres em frente à Igreja Santo Antônio e no acesso à rua Assis Brasil, sendo nesta somente para pedestres. De acordo com o Secretário, está sendo estudada a possibilidade de mudanças no estacionamento para motos, com a realocação entre os canteiros centrais.
Outra mudança foi a retirada do camelô sobre a via. Com essa alteração, o ponto de táxi, localizado na pista da esquerda, sentido centro-bairro, será transferido para o lado direito da via, em frente ao Shopping.
Lucatelli diz ainda que as mudanças já foram discutidas em reuniões com sindicato e empresas do transporte coletivo, além de representantes do comércio. A previsão é de que em pouco mais de 30 dias as intervenções sejam concluídas. Alterações no trânsito em outros pontos da cidade também estão sendo estudadas.
Lucatelli ressaltou ainda que as mudanças foram debatidas com as partes interessadas, como a Câmara de Dirigentes Lojistas de Bento Gonçalves (CDL-BG), o Sindicato do Comércio Varejista de Bento Gonçalves (Sindilojas-BG) e representantes do Shopping Center Bento Gonçalves, da Igreja Santo Antônio e das empresas responsáveis pelo transporte público no município, mas não com representantes de usuários.
Jovem desabafa nas redes sociais
Nas redes sociais a internauta Jenifer Viciniescki manifestou contrariedade sobre o caso. No desabafo afirma que – unir dois grandes terminais de ônibus no centro de uma cidade cheia de comércio como aqui em Bento é uma vergonha, descaso com o povo e transporte público, um aglomerado de gente que não consegue nem se mexer, não consegue atravessar pela calçada para continuar caminhando ou pegar o ônibus que está atrás, filas enormes e apertadas para embarque e desembarque, além do empurra empurra para conseguir embarcar. Jenifer não poupou das críticas nem mesmo o prefeito Guilherme Pasin.
“É uma vergonha para um prefeito que acaba de se eleger, uma vergonha pra uma cidade que está crescendo, o intuito seria aumentar as possibilidades e acessibilidade para seus moradores e não diminuir. E ai prefeito vai deixar assim ? Ridícula essa mudança e um descaso para as pessoas que precisam de transporte público. E como fica em dias de chuva, onde esse monte de gente que pega ônibus vai ficar pra esperar seus ônibus?”, indaga.
A jovem continuou o desabafo citando as condições do terminal em dias de chuva intensa, que segundo ela, deve se transformar em um caos. “Quero ver ter espaço pra todos os guarda-chuvas armados dos que terão de aguardar embaixo de chuva. É fácil mudar pra quem tem seu carro, e não chega nem perto dá realidade do povo.
E os que não tem esse privilégio, fica como, hein prefeito ???? Vamos melhor isso, se não a cidade vai continuar sendo a sombra do turismo, pq não chega nem perto de ter esse status se não consegue cuidar nem de quem mora aqui, imagina dos outros. Ridículo, ridículo e ridículo”, protesta.