A presidente da Federação das Entidades Empresariais do Rio Grande do Sul (Federasul), Simone Leite, esteve no Centro da Indústria, Comércio e Serviços (CIC-BG) na última segunda-feira (16), onde palestrou sobre diversos temas, entre eles a importância de falar sobre política.
Para ela, parte da responsabilidade vivenciada pelo país, com crises em diversas esferas – ética, moral e política, que desencadeou também o recesso econômico –, deu-se pela omissão dos brasileiros. “Enquanto negamos a política, alguém está nos governando, e muitos outros estão se preparando para assumir o poder. A política muda nossa vida, para o bem e para o mal”, advertiu.
Eleições
De acordo com Simone, a pauta mais importante do país neste ano são as eleições, embora de nada adianta se não houver uma efetiva participação de empresários e comunidade em geral. “Temos que influenciar, sermos elementos ativos na transformação de nosso Estado, de nosso país, que só vai mudar através da política”. Simone defende que não basta votar e se resguardar com o resultado. “Alguém foi eleito e estará governando nossa vida”, comentou.
Segundo ela, não basta cumprir com o dever cívico nas eleições. É preciso participar. “Vivemos numa sociedade individualista, é mais cômodo se esquivar das responsabilidades, delegar nossas responsabilidades”, ponderou.
Simone também criticou quem tem defendido votos em branco ou nulo como sinal de protesto à classe política. “Que protesto é esse?”, indagou. “É omissão total, anular o voto pra dizer depois “eu não votei em ninguém porque ninguém me representa (…) Como se fosse possível alguém não se eleger”, acrescentou.
Federasul
Uma das primeiras atitudes como primeira mandatária mulher da entidade foi mudar o estatuto que não previa manifestações políticas e religiosas na associação. E foi além. No último congresso da entidade, em junho, os pré-candidatos ao governo do Estado da esquerda não foram convidados para o painel político do encontro.
“Acho que a Federasul deixou de ser hipocritamente isenta quando não chamou esses pré-candidatos que não têm os mesmos valores da classe produtiva gaúcha”, argumentou. A atitude, segundo ela, evita a recorrente prática de os empresários financiarem um pouco cada candidatura – assim ficariam de bem com qualquer que fosse o vencedor –, até então uma ação comum antes da mudança do financiamento de campanha.
Rio Grande do Sul em crise
A presidente da Federasul pontuou que a sociedade gaúcha vive uma crise financeira. Por isso, criticou os partidos de centro-direita que buscam protagonismo num momento em que o Estado precisa estar unido. “É uma cultura que cada um de nós pode influenciar. Já imaginaram se o MDB, o PSDB, o PP, o Novo e outros partidos estivessem juntos com um único projeto de reconstrução do Estado do Rio Grande do Sul? Teríamos condição de ganhar no primeiro turno e legitimidade para governar com uma Assembleia Legislativa mais organizada”.
Empresariado pode e deve melhorar o país
O conceito de engajamento político por parte da classe empresarial é uma das bandeiras que o presidente do CIC-BG, Elton Paulo Gialdi, vem defendendo de forma contundente desde que assumiu a presidência da entidade bento-gonçalvense.
“A classe empresarial precisa conhecer e utilizar a sua força. Precisamos assumir nossa responsabilidade e protagonizarmos as escolhas políticas das quais depende o progresso de uma nação. Como empresários, somos importantes na cadeia de desenvolvimento do país: empregamos, geramos riquezas através de impostos. Mas além de cuidarmos de nossos negócios, devemos ser mais participativos e contundentes com nossas demandas. Isso significa exercitar a cidadania e a liderança. Faz parte do nosso dever ajudar uma sociedade que tanto carece de bons exemplos”, registrou, ao sensibilizar o empresariado local a fazer parte desse projeto de mudança.