Nos últimos meses, os consumidores brasileiros têm verificado um aumento significativo no preço da carne bovina. E o valor dos ovos também vem crescendo. Diversos fatores explicam essa elevação, entre eles a menor disponibilidade de gado para abate e até mesmo a guerra na Ucrânia, que afeta o mercado internacional. Para piorar, a perspectiva de futuro não é boa.
De acordo com Antônio da Luz, economista-chefe da Federação da Agricultura do Rio Grande do Sul (Farsul), a alta só deve desacelerar em 2023. Luz destaca que o aumento, mesmo significativo, ainda é represado, tendo em vista que os pecuaristas não conseguem repassar à indústria os custos de produção, que estão cerca de 43% mais elevados do que aconteceu durante a pandemia, se jogou muito dinheiro na economia. E hoje nós estamos com inflação, que é o reflexo de ter muito dinheiro circulando” , detalha.
Esse fenômeno, porém, não é exclusividade do Brasil. Segundo o economista, os Estados Unidos tiveram, em 2021, a maior inflação dos últimos 40 anos e a Austrália quebrou um recorde de 25 anos. “Se tentarmos entender o contexto atual pelo preço do boi, estaremos ignorando que na verdade é um problema monetário. Não há nada específico” , afirma.
Além da carne, os ovos estão mais caros. Conforme o presidente-executivo da Associação Gaúcha de Avicultura (Asgav), José Eduardo dos Santos, os motivos desse aumento são muitos. Um deles é a estiagem que atingiu o Rio Grande do Sul e afetou a produção e o preço do milho, principal ingrediente da ração. Com margens de lucro apertadas, os produtores reduziram a produção entre 10% e 15% para tentar contornar a situação.
Ainda assim, conforme o Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea-Esalq/USP), a caixa com 30 dúzias de ovos brancos chegou a custar R$148,55 em abril. É um valor recorde para a série histórica iniciada em 2013 e 17,2% superior ao registrado no mesmo período de 2021. “Nós agregamos outras dificuldades nesse caminho, que tiram o ovo desse cenário de ser um produto que sofre poucos reajustes” , observa Santos.
Além da pandemia e da estiagem, a suspensão das exportações para alguns lugares em determinados períodos e a elevação nos custos de energia elétrica, combustíveis e embalagens contribuem para a alta nos preços. “É um pacote de situações que alteram o contexto da produção” , completa o presidente da Asgav.
Dicas para substituir as proteínas Com os preços em alta, muitas famílias tiveram de reduzir o consumo da carne bovina e dos ovos. A solução encontrada é escolher outros produtos mais acessíveis. Segundo a nutricionista Aline Bittencourt, muitas pessoas, por necessidade ou escolha pessoal, reduzem ou mesmo excluem da dieta as proteínas de origem animal e substituem por outras de origem vegetal. Entre as opções estão os legumes, como feijões diversos, lentilha, ervilha, grão-de-bico, proteína de soja e cogumelos. explica que, do ponto de vista nutricional, não é preciso consumir proteínas de origem animal todos os dias. “Podemos suprir a necessidade adicionando outras de origem vegetal” , enfatiza.
Uma das melhores opções, segundo a especialista, é a proteína de soja. “Além do baixo custo, é um alimento super nutritivo e com um bom aporte proteico” , salienta. Para quem não abre mão da carne bovina, o jeito é escolher cortes mais baratos, como o acém e a carne moída de segunda. Há, ainda, a possibilidade de incluir carnes suínas e de frango. Independentemente da opção, a nutricionista alerta que a proteína é um macro nutriente essencial para o organismo. “É um componente importante de todas as células do corpo. Cabelos e unhas, por exemplo, são feitos principalmente delas” , explica. Além disso, o corpo as utiliza para construir e reparar tecidos e produzir enzimas, hormônios e outras substâncias químicas