Um dos piores males é a infestação por pragas impulsionada pelo clima, que pode atingir diversas espécies e partes da planta, tirando o vigor, diminuindo a beleza e, em casos mais extremos, provocando a morte do vegetal
Pequenos, mas vorazes
Insetos sugadores como as já citadas cochonilhas, pulgões, percevejos e cigarrinhas atuam extraindo a seiva de folhas e flores e secretando um líquido açucarado que atrai formigas e favorece o crescimento de fungos que causam a diminuição da área fotossintética da folha. As cochonilhas vivem em colônias e quase não se movimentam sobre as plantas. Elas geralmente se instalam sob as folhas, nos ramos e troncos das árvores e podem apresentar formas e tonalidades muito variadas: branco, marrom, avermelhada, verde ou enegrecida. Algumas espécies possuem corpo mole e se depositam sobre as plantas como se fosse algodão, enquanto outras têm uma carapaça dura.
Com tamanho variando de 1 a 5 mm, os pulgões são perigosos por se reproduzirem rapidamente e atingirem principalmente folhas mais novas e delicadas. O resultado de um ataque desses insetos pode ser notado em pouco tempo, primeiramente através do aspecto enrolado e amarelo das folhas, depois pelo atrofiamento da planta. Vale ainda atentar à ação das cigarrinhas, que além de sugar continuamente a seiva das plantas, injetam toxinas que causam deformações nas folhas. Um sintoma da infestação por esse tipo de inseto é a presença de uma espuma branca – que lembra neve – e pode cobrir parte de galhos de árvores e gramados. Os percevejos, por sua vez, provocam a secura das folhas. Esses insetos também apresentam tamanho e formas variadas.Algumas espécies exalam odor desagradável ao serem tocadas (as conhecidas marias-fedidas.
Numerosas e organizadas
Outras variedades de insetos a atacar os jardins, gramados e vasos são os sociais, como cupins e formigas. Os cupins se alimentam de materiais ligno-celulósicos (papéis, árvores e madeira em geral) e formam grandes colônias, atacando desde mudas recém-transplantadas até árvores adultas. Já as formigas provocam danos consideráveis às plantas cultivadas – sobretudo as das espécies saúvas (Atta spp) e quenquéns (Acromyrmex spp) – aos cortar folhas e brotações. Igualmente vorazes, as lagartas são formas jovens de borboletas e mariposas e devem ter sua presença no jardim rigorosamente controlada. Isso porque elas consomem grande quantidade de alimento, causam desfolhamento da planta e, algumas espécies são gregárias, ou seja, formam galerias nos troncos ou folhas.
Entre as pragas que atingem as plantas ornamentais, há ainda os besouros, que podem alimentar-se de folhas, botões florais, flores e raízes. Assim como as lagartas, algumas espécies têm larvas que penetram nos caules e ramos formando galerias em seu interior. Além de insetos, as espécies ornamentais podem ser atingidas por ácaros e moluscos. Vetores de viroses, os ácaros são semelhantes a aranhas minúsculas que tecem teias e formam grandes colônias. Eles se alimentam raspando ou sugando a seiva do lado inferior das folhas, provocando manchas bronzeadas
Entre os moluscos, destacam-se as lesmas, normalmente incidentes em locais escuros e úmidos. Esses animais deixam um rastro brilhante e pegajoso por onde passam, além de rasparem e consumirem folhas, destruindo mudas pequenas e tenras.
Como evitar
Plantas bem adaptadas às condições ambientais tendem a ser mais resistentes ao ataque de pragas. Por isso, a primeira medida para evitar infestações é observar se a planta está bem irrigada e recebendo a quantidade adequada de luz, água e adubação. Esse cuidado deve ser observado tanto no verão, quanto nas demais estações do ano. Outra recomendação é ter cuidado com a introdução de plantas novas no jardim ou próximas a outros vasos já existentes. Isso para evitar possível contaminação. Além disso, “é muito importante que seja feito trabalho preventivo junto aos vegetais, pois as mudanças de temperatura e a alta umidade propiciam não apenas o aparecimento de pragas, como também o surgimento de fungos e outras doenças típicas da estação que enfraquecem e podem matar as plantas”, acrescenta Vâner Silva, lembrando que o ideal é aplicar fertilizantes regularmente.
Como tratar
Uma vez detectada a infestação, deve-se dar preferência a métodos de tratamento orgânicos e seletivos. “Na floricultura em escala comercial é comum o controle químico de pragas, mas em pequenas áreas é possível empregar a pulverização de produtos alternativos, como calda de fumo e solução aquosa de sabão ou de detergente caseiro”, recomenda Takematsu. A poda de limpeza para retirar partes de plantas infestadas é fundamental e deve ser feita sempre que necessário. No caso dos insetos, uma estratégia eficaz é o controle biológico através do uso de inimigos naturais das pragas, como joaninhas, tesourinhas e bicho lixeiro.
Insetos parasitóides como as pequenas vespinhas também podem se tornar grandes aliados na batalha contra pulgões. Isso porque eles depositam seus ovos dentro do corpo dos pulgões e suas larvas alimentam-se o do conteúdo interno do hospedeiro. Com o tempo, o inseto parasitado é mumificado, adquirindo aspecto e coloração diferente dos demais. Diante da presença de lesmas, a melhor solução é também a mais simples: retirar os moluscos individualmente. O uso de algumas armadilhas pode auxiliar nessa tarefa. Um exemplo é embeber um pano em leite e deixá-lo próximo às plantas. As lesmas são atraídas pelo leite e se abrigam sob o tecido durante a noite. No dia seguinte, basta recolher o pano com as lesmas, que deverão ser eliminadas.
Calda de fumo para controle de pragas em jardins
Você vai precisar de 250 g de fumo de corda; 100 ml de álcool comum; 1 l de água fervente. Para o preparo, coloque o fumo picado em uma vasilha. Em seguida, acrescente a água.
Tampe e deixe a mistura em repouso por 24 horas. Passado esse período, agite bem o conteúdo. Filtre o líquido em pano fino espremendo bem para retirar o máximo de extrato. Adicione o álcool, que servirá de conservante para a solução. Guarde a mistura em frasco escuro. Para o tratamento das plantas infestadas, dilua 100 ml da solução de fumo em 1 litro de água. Em seguida, acrescente dez gotas de detergente caseiro (para quebrar a tensão superficial da água) e pulverize a mistura sobre as plantas. Aplique sobre as plantas o quanto for necessário.