Por que movimentos inquietos, como balançar as pernas e mexer os dedos, fazem bem à saúde

2015-04-10_190211

Um novo estudo descobriu que a inquietação – bater os dedos dos pés, balançar os pés e outros movimentos corporais que incomodam seus colegas de trabalho – é de fato bom para sua saúde.

 

Sentar é um dos flagelos da vida moderna. Nós nos sentamos durante reuniões, viagens de carro e avião, enquanto completamos longas tarefas de trabalho e enquanto assistimos “Stranger Things”. Estudos de padrões de movimento indicam que a maioria de nós passa de oito a 10 horas por dia sentado. Durante esse tempo, nossos corpos e, em particular, nossas pernas, mal se movem.

As consequências para a saúde dessa imobilidade muscular estão bem documentadas e incluem um risco aumentado de ganho de peso, bem como diabetes, uma vez que os músculos não utilizados nas pernas não puxam o açúcar do sangue, levando a um aumento perigoso do açúcar no sangue.

Mas o impacto mais imediato de ficar sentado por tempo demais está em nossa vasculatura. Estudos mostram que sentar ininterruptamente causa um declínio abrupto e significativo no fluxo sanguíneo para as pernas. Isso é problemático, pois, quando o fluxo sanguíneo diminui, o atrito ao longo das paredes dos vasos também diminui. As células que revestem essas paredes, que podem sentir mudanças no atrito, começam a bombear proteínas que contribuem com o tempo para o endurecimento e estreitamento das artérias. Isso pode fazer sentido biologicamente falando, porque as artérias não precisam ser tão flexíveis quando não há muito sangue nelas, mas quando o fluxo sanguíneo aumenta, o vaso sanguíneo permanece rígido, aumentando a pressão sanguínea e aumentando o risco de aterosclerose.

Podemos combater essa situação facilmente levantando-nos e movendo-nos, fazendo com que os músculos das pernas se contraiam e o fluxo sanguíneo permaneça estável.

— Mas há muitas situações em que as pessoas não podem simplesmente ficar de pé, como durante longas reuniões ou viagens de carro — explica Jaume Padilla, professor assistente de nutrição e fisiologia do exercício da Universidade de Missouri, que liderou o novo estudo.

 

Assim, Padilla e seus colegas começaram a considerar outras maneiras relativamente discretas e práticas que alguém poderia combater o declínio no fluxo sanguíneo associado a ficar sentado. Para o novo estudo, publicado no The American Journal of Physiology Heart and Circulatory Physiology (Revista Americana de Fisiologia do Curação e Circulação Fisiológica, traduzido do inglês), a resposta é fazer movimentos inquietos.

Padilla e seus colegas pensaram que era concebível que a inquietação da parte inferior do corpo também pudesse resultar em atividade muscular suficiente para elevar o fluxo sanguíneo para as pernas. Para testar essa possibilidade, eles recrutaram 11 estudantes universitários saudáveis ​​e, usando ultrassom e um manguito de pressão arterial, primeiro mediram o nível de fluxo sanguíneo normal através de uma das principais artérias de suas pernas e determinaram quão bem essa artéria respondeu às mudanças na pressão arterial — um marcador de saúde arterial.

Em seguida, eles pediram a cada sujeito que se sentasse por três horas na frente de uma mesa. Os voluntários podiam estudar, trabalhar em seus computadores, falar ao telefone ou se divertir de outra forma, mas, durante essas três horas, não foram autorizados a se levantar.

Mais importante ainda, eles pediram aos voluntários que mantivessem uma perna perfeitamente imóvel, o pé apoiado no chão e imóvel. Com a outra perna, os voluntários foram instruídos a se mexerem – batendo os calcanhares no chão por um minuto e depois ficando parados por quatro minutos. Um relógio soou para que eles soubessem quando começar ou parar de mexer. Ao longo das três horas, os pesquisadores monitoraram o fluxo sanguíneo nas artérias das pernas dos voluntários.

O fluxo sanguíneo na perna imóvel diminuiu vertiginosamente, mas aumentou na perna inquieta, em comparação com os níveis base e com a perna imóvel.

 

Mais impressionante, ao final das três horas, quando os pesquisadores testaram novamente a capacidade das artérias dos voluntários de responder às mudanças na pressão arterial, o vaso na perna imóvel não funcionou mais tão bem quanto durante o teste, o que sugere que já não era tão saudável quanto antes. Mas a artéria na perna inquieta dos voluntários respondeu tão bem ou melhor do que no início às mudanças na pressão arterial.

— Para ser honesto, ficamos surpresos com a magnitude da diferença entre as duas pernas — relata Padilla — Esperávamos que a inquietação pudesse atenuar a redução do fluxo sanguíneo e quaisquer alterações agudas subsequentes na saúde dos vasos, disse ele, mas as diferenças em termos de fluxo sanguíneo e função arterial subsequente foram muito mais significativas do que o previsto. As contrações musculares associadas à inquietação são realmente muito pequenas, mas parece que são suficientes para combater algumas das consequências prejudiciais de sentar.

Claro, o estudo foi pequeno, de curto prazo e envolveu apenas jovens saudáveis. Também não testou novamente a função vascular dos voluntários depois que eles se levantaram e começaram a se movimentar normalmente. Padilla afirma ser provável que quaisquer consequências indesejáveis ​​dessa única sessão de não se mexer logo desaparecessem.

— Mas repetidos ataques de imobilidade muscular podem, com o tempo, fazer com que esses impactos se tornem permanentes — acrescenta.

Então, se você não pode se levantar e andar durante sua próxima reunião longa, bata os dedos dos pés, sugere o pesquisador. Alongue seus pés. Mantenha suas pernas em movimento de alguma forma, não importa o quão leve. E se o seu companheiro de corredor franzir a testa em aborrecimento, ressalte que a ciência agora diz que a inquietação é um bom remédio.