Atividades sem descanso diminuem a produtividade. Trabalhar sem interrupção, reduz a eficiência e a criatividade e, muitas vezes, gera estresse emocional, psicológico e físico. O cérebro precisa de tempo ocioso para continuar produtivo, ganhar perspectiva e gerar ideias inovadoras. Essa pausa dá à mente uma oportunidade de fazer conexões inesperadas e fornecer novas inspirações e percepções.
Entretanto, no mundo cada vez mais exigente e acelerado de hoje, o estresse parece dominar. Garantir espaço e tempo a qualquer hora do dia ou da noite para se desconectar muitas vezes parece impossível. As pessoas estão excessivamente preocupadas com os resultados do trabalho e imersas em sua tecnologia.
Segundo pesquisa Gallup, o trabalho é uma fonte primordial de estresse para os norte-americanos, com 79% dos indivíduos reportando estresse frequente (44%) ou algum estresse (35%) em suas vidas diárias. Uma verdadeira mudança de mentalidade sobre o ócio na carreira e na vida pessoal é necessária a fim de literalmente dar às pessoas tempo para criar e rejuvenescer.
Culturas organizacionais que levam em consideração e aproveitam o que a ciência está descobrindo sobre o funcionamento da mente e como incentivar e estimular a criatividade, a clareza e a produtividade terão não apenas os funcionários mais engajados, mas também as estratégias mais inovadoras.
O período de inatividade mental aumenta consideravelmente a possibilidade de gerar pensamentos novos, como já sabia Albert Einstein, uma das mentes mais criativas do século 20. Seu biógrafo, Walter Isaacson, descreve como Einstein permanecia horas pensando sozinho, muitas vezes durante longas caminhadas na natureza ou navegando em seu barco. Esses períodos tranquilos e serenos permitiram que respostas criativas e originais a problemas difíceis chegassem até ele.
Pesquisas da neurociência cognitiva explicam o comportamento de Einstein e contam como o tempo silencioso pode ser produtivo para todos, não apenas gênios como ele. Em uma série de estudos, o pesquisador Roger Beaty, da universidade Penn State, liderou uma equipe internacional de cientistas que usaram a tecnologia de escaneamento para identificar padrões de conectividade cerebral.
Quando relaxado ou sonhando, o cérebro não para de funcionar. A chamada rede neural de modo padrão continua ativa e muitos processos importantes estão ocorrendo. Mesmo nesse estado de repouso, o cérebro consome cerca de 20% da produção de energia do corpo e utiliza apenas de 5% a 10% a mais de energia durante a concentração profunda.
Beaty e sua equipe acabaram descobrindo que as pessoas produziam soluções inovadoras para problemas durante esse estado relaxado. Parece que, para muitas pessoas, momentos em que os pensamentos estão a todo vapor resultam no efeito oposto de gerar criatividade e insights importantes.
Do ponto de vista organizacional, quando uma empresa incorpora intencionalmente o tempo ocioso à sua cultura, a produtividade, a criatividade e o bem-estar geral do funcionário podem melhorar. Uma pesquisa de Leslie Perlow, da Harvard Business School, documentou como um período específico longe do trabalho e dos dispositivos tecnológicos provocou esse efeito.
Gerentes, membros da equipe e o próprio indivíduo se certificaram de que cada profissional obtivesse um tempo livre estipulado, com exceções apenas para emergências reais, que eram bastante raras. Isso se tornou parte da cultura e, como resultado, os profissionais ficaram revigorados, tornaram-se mais capazes de priorizar, sentiram que seu trabalho era mais gratificante e passaram a se orgulhar mais de suas realizações. Além disso, o produto do trabalho foi aperfeiçoado, o engajamento aumentou e a rotatividade na equipe diminuiu.
Um tempo silencioso, sem distrações, pode permitir que pensamentos criativos surjam espontaneamente. A cientista Carol Dweck, de universidade de Stanford, descreve como a mentalidade de uma pessoa e as crenças subjacentes sobre sua capacidade afetam o crescimento pessoal.
Se acreditamos intrinsecamente que podemos crescer, aprender e melhorar nossas habilidades (mentalidade de crescimento), isso ajuda a tornar o crescimento e a melhoria uma realidade. Todavia, se acreditamos que nossos talentos e habilidades são imutáveis (mentalidade fixa), a falta de crescimento geralmente se manifesta. Se adotarmos uma mentalidade que aprecia o fato de que um período de tranquilidade contém o potencial de criatividade e inovação, esses resultados podem acontecer quase que magicamente.
O sucesso desta “pausa” que gera criatividade se alimentará de si mesmo e reforçará a mentalidade criativa. Fazer uma caminhada tranquila em um ambiente agradável ou sentar em silêncio e meditar, tornam-se oportunidades para a mente “descansada” transbordar de criatividade e inovação.
As pausas são necessárias para reabastecer a energia do cérebro. Algumas empresas com cultura de vanguarda, especialmente aquelas com grande parte dos funcionários da geração millenial, entendem esses conceitos inovadores. Existem companhias que oferecem até mesmo espaços calmos e tranquilos para restauração. E cochilos breves de 20 minutos no máximo podem realmente reativar o cérebro.
A meditação mindfulness está sendo cada vez mais considerada como uma forma de proporcionar bem-estar mental e criatividade. Evidências provam que a meditação aprimora a concentração, fortalece a memória, traz insights criativos e estimula o bem-estar. A meditação que se concentra na respiração sem qualquer planejamento, que simplesmente permite que a mente vagueie e flua, proporciona não apenas calma posteriormente, mas muitas vezes pensamentos férteis que têm um impacto positivo na vida profissional e pessoal de uma pessoa. Como o poeta sufi (título com que, no Ocidente, designava-se o soberano da Pérsia), Rumi disse: “Quanto mais quieto você se torna, mais você é capaz de ouvir”.
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