O cartão de crédito lidera como o instrumento de compra mais pedido, 12% dos empréstimos de nome resultaram em negativação do CPF de quem assumiu a dívida
Uma pesquisa feita pela Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas (CNDL) e Serviço de Proteção ao Crédito (SPC Brasil) demonstra que 36% dos consumidores do país utilizaram o nome de terceiros para fazer compras nos últimos 12 meses.
Os dados levantados pelo estudo apontam que a compra no nome de outra pessoa é usada principalmente por aqueles consumidores que estão passando por alguma dificuldade de acesso a créditos ou que precisaram arcar com a algum imprevisto e não tinham um valor reservado para emergências.
Perfil
A cada dez pessoas que pediram o nome emprestado para realizar compras parceladas, três (30%) se encontravam com o limite estourado no cheque especial ou cartão de crédito. Outros 22% não tinham determinadas modalidades de crédito à disposição para uso, 18% estavam com o ‘nome sujo’ e 16% tiveram crédito negado.
O público que indicou mais ter precisado dessa “ajuda” foram as pessoas de baixa renda, representadas pelo percentual de 38% e os jovens, que representam 46% das pessoas que tem o hábito de pedir emprestado.
Opinião de especialista
Marcela Kawuti, economista-chefe do SPC Brasil, aponta a importância de que o consumidor que empresta seu nome reflita sobre as consequências do ato, pois a responsabilidade legal sobre a dívida é sempre de quem emprestou, já que, formalmente, ele é o titular da pendência financeira. “Caso o tomador do nome emprestado não consiga honrar o compromisso assumido, é a pessoa que empresta o nome quem arca com as consequências financeiras e jurídicas da situação.
Recusar ajuda para familiares e amigos pode parecer cruel, mas muitas vezes, essas já apresentam um histórico desfavorável de pagamentos e há um risco real de que a dívida não seja paga e quem emprestou o nome será obrigado a arcar com o pagamento da quantia sozinho”, afirma a economista.
Pais e companheiros são os mais procurados por quem pede o nome emprestado
12% dos entrevistados reconhecem que não honraram seus compromissos
As pessoas mais solicitadas na hora de pedir o nome emprestado são os pais em primeiro lugar, com 28%, em segundo os cônjuges que representam 21%, seguidos de amigos e irmãos, com 17% e 16% respectivamente.
O estudo revela ainda que na maioria das vezes, quem solicita esse tipo de ajuda acaba obtendo uma resposta positiva, uma vez que 77% dos entrevistados sempre conseguiram o nome emprestado, mesmo que parte tenha enfrentado algum tipo de dificuldade (22%).
Para quê?
Os argumentos mais usados na hora de pedir o nome emprestado são: são a obrigação de pagar uma dívida (22%), a necessidade de fazer compras em supermercados (17%) e a compra de algo para o filho. De acordo como estudo, 7% das pessoas que pediram o nome emprestado nem mesmo avisaram o dono do dinheiro sobre a quantia que seria usada e, entre aqueles que avisaram, o valor a ser gasto (87%), 11% acabaram consumindo algo acima do que estava combinado.
O educador financeiro José Vignoli, do SPC Brasil, afirma que: “Em vários casos, quem empresta desconhece a finalidade daquele dinheiro, que pode acabar sendo usado para aquisições que não são de fato emergências ou importantes.
Antes de emprestar o nome, é válido procurar entender o que motivou o pedido para tentar ajudar a pessoa de outra maneira.
Para não se comprometer de imediato, a pessoa abordada pode dizer que consultará a família antes de dar uma resposta, por exemplo”.
Inadimplência
90% dos entrevistados confirmam estar pagando ou já ter pago em dias as parcelas feitas em nome de outras pessoas, mas 12% reconhecem ter alguma prestação em atraso.
Dentre os que estão com o pagamento pendente, 23% justificam que houve diminuição da renda, 18% se esqueceram de pagar e 17% estão com salário atrasado.
Cerca de 12% dos empréstimos de nome resultaram em negativação do CPF de quem assumiu a dívida.
Falta de pagamento de prestações feitas em nome de terceiros abalou a amizade em 51% dos casos
Quase metade dos entrevistados afirmam que não emprestariam seu próprio nome caso alguém pedisse
Um outro tema abordado pela pesquisa, foram os casos em que a falta de pagamento estremeceu a relação entre as partes. 51% dos entrevistados que estavam ou já estiveram inadimplentes afirmaram que a relação de amizade ficou abalada após o fato.
Mesmo tendo sidos beneficiados pela ajuda de algum parente ou amigo, 49% dos entrevistados afirmaram que não emprestariam o seu nome caso alguém pedisse. Dentre os motivos para negarem o pedido, 30% têm receio de que a pessoa não pague e 28% mantém a cautela por conhecerem pessoas que já tiveram problemas ao emprestar o nome.
“Muitos dos que pedem o nome emprestado não fariam o mesmo por outra pessoa, justamente, por entenderem que é uma prática que envolve riscos.
Uma alternativa para quem quer ajudar é oferecer dinheiro em espécie em vez de emprestar o cartão de crédito. Dessa forma, o provável prejuízo se restringirá apenas a quantia emprestada, sem que a dívida aumente por conta de juros ou gere negativação de CPF”, afirma a economista Marcela Kawauti.
Meios mais solicitados
O levantamento revelou que o cartão de crédito é o instrumento mais pedido, representando 74% dos empréstimos, na sequência aparecem o crediário, com 13%, o financiamento com 10% e o empréstimo bancário com 9%.