Pais da menina que recebeu dois diagnósticos errados pensam em entrar com ação contra a UPA

2015-04-10_190211

Hechiley, de nove anos, recebeu alta na manhã da última quinta-feira e a família está se articulando para entrar com uma ação contra a Prefeitura/Secretaria de Saúde, por negligência médica, depois de  dois diagnósticos errados da filha

 

Em entrevista exclusiva para a Gazeta, Andreizi da Costa Lima, mãe da menina que  foi levada duas vezes à UPA com 39º de febre entre os dias 2 e dia 25 com os mesmos sintomas, e atendida por uma médica e um urologista e foi medicada para virose nas duas ocasiões, conta como foi acompanhar o sofrimento da filha de apenas de nove anos até o diagnóstico correto .
Depois de uma semana da primeira consulta – que aconteceu no dia 2 de fevereiro,  e seguindo a prescrição dos medicamentos, a menina não  apresentava melhoravas. Neste período a mãe, pai e avós, que moram perto, foram diagnosticados com Covid,  impedindo a família de sair procurar ajuda. A mãe conta que continuou ministrando os medicamentos prescritos para baixar a febre.
Passado o tempo de contaminação  dos pais e a menina continuando febril, “sempre querendo dormir, não querendo comer e apresentando ânsia de vômito”, segundo relatos da mãe, foram novamente procurar a UPA.   Depois de passarem pela triagem, segundo o relato da mã, ficaram aguardando por mais de 3 horas  para serem atendidos em consulota por um médico, desta vez, urologista, que reforçou , depois de examinar e conversar com a mãe e a menina, que o caso se tratava mesmo de uma virose.
“A minha filha estava queimando de febre, toda amolinha’, chorando que doía demais as costas e o médico dizendo que era só virose?”, contesta Andreizi.  Não concordando com o segundo diagnóstico de virose, Andreizi  questionou o urologista: “eu estou aqui pela segunda vez , com os mesmos sintomas, fiz as medicações certinhas e ela não melhorou este tempo todo? e não acho que seja viorose. Quero que o senhor peça uns exames”, cobrou Andreizi.

Segundo a mãe de Hechley o médico alegou que “virose é assim mesmo, vem e vai” e não pediu novos exames. “Como ela havia sido medicada para baixar a febre com paracetamol antes de ir pela segunda vez na Upa, quando voltei para casa, mais de 5 horas depois eu dei Ibuprofeno para ver se a febre baixava” revela a mãe,
“Colocamos ela no sofá, já passava das 20h, e a febre dela estava em 40,9º depois do banho e do remédio. Ela estava toda sem forças e não caminhava mais sozinha”. “Foi aí – conta a mãe – que resolvemos levar direto para o hospital Tacchini”.

Chegando lá a febre dela já passava dos 41º, foi feita a triagem no pronto socorro e encaminhada – como emergência- para a consulta com uma pediatra, conta a mãe.
A médica que atendeu pediu vários exames, e mesmo antes dos resultados, já aplicou soro pois ela estava desidratada de tantos dias com febre e já entrou com medicação na veia para controlar a febre, conta a mãe.
Segundo Andreizi todos os exames (sangue, urina e outros) feitos no hospital apresentaram alterações. “Mãezinha, ela está com uma infecção urinária muito forte”, foi o que a médica disse, conta Andreizi, já prescrevendo medicação forte, mas  liberando para ir para casa, por volta da 1 da manhã de sábado dia 26 .
A menina permaneceu estável até segunda-feira, quando a febre voltou a alterar para 38,5º, quando a menina foi levada novamente para o hospital, feitos novos exames, incluindo ecografia.
Nesta altura Hechley já não segurava nada no estômago e teve a prescrição de ficar internada no hospital para tratamento.
Depois de três dias internada, e uma bateria de novos exames, Hechley pode retornar à casa, já que os exames não apresentavam mais alterações.

Negligência
A família ainda atordoada por dodos os acontecimentos desde o dia 2 de fevereiro, está avaliando procurar justiça. “estamos pensando, eu e meu marido, de procurar um advogado para entrar com uma ação contra o município alegando negligência médica”, fala Andreizi.
“Eu como mãe me senti um lixo, por ver a minha filha tantos dias sofrendo e eu não podendo fazer nada”, desabafa. “Me senti idiota por acreditar em dois médicos da UPA, sendo um deles urologista, que que errou no diagnóstico de infecção urinária e eu vendo que minha filha passando muito mal todos estes dias”.
“Tanto que foi negligência que a médica do Tacchini pediu para ver a receita da Upa e até ela criticou dizendo: ‘como se trata uma infecção urinária complicada com paracetamol, ibuprofeno e remédio para tosse’?”
“Fiquei fora do ar todos este dias, eu via que  minha filha não conseguia mais caminhar, não comia, estava pálida e toda roxa, atirada em cima da cama e gemendo de dor. Fiquei desesperada” , conta.
“Nestes dias de hospital, recebi muitas mensagens de outros pais relatando situações iguais ou piores que esta da minha filha que aconteceram na UPA” e isto me fez pensar  em entrar com uma ação contra os médicos e a UPA  por negligência”, finaliza