Mesmo em mulheres com testes normais de glicemia, aponta estudo da UCS
Realizada no contexto do Programa de Pós-Graduação em Ciências da Saúde da UCS e no Ambulatório de Gestação de Alto Risco e Medicina Fetal do Hospital Geral de Caxias do Sul, pesquisa atenta para possível necessidade de ampliação dos horários para o controle glicêmico em gestantes com obesidade
Publicada em periódico mundial de destaque, o PLOS ONE, no mês de junho, pesquisa realizada no contexto do Programa de Pós-Graduação em Ciências da Saúde (PPG em Ciências da Saúde) da Universidade de Caxias do Sul atenta para diferença glicêmica entre gestantes com e sem obesidade, mesmo quando não apresentam alteração de glicemia nos testes de rastreamento preconizados pelo Ministério da Saúde. O estudo, idealizado e desenvolvido no Ambulatório de Gestação de Alto Risco e Medicina Fetal do Hospital Geral de Caxias do Sul, aponta para a possível necessidade de individualização da meta glicêmica de gestantes com obesidade. A abordagem também foi tema de divulgação em um dos maiores portais de informações médicas, o Medscape, no mês de agosto.
O projeto, desenvolvido a partir da linha de pesquisa em Saúde Materno-Infantil do PPG em Ciências da Saúde da UCS, foi realizado em parceria entre o coordenador Programa, José Mauro Madi, a médica do HG Sonia Madi e a professora de endocrinologia do curso de Medicina da UCS, Rosa Rahmi. Foi conduzido pela mestranda Priscila de Oliveira com participação de bolsista da iniciação científica, no período de junho/2018 a julho/2019, e teve o suporte, para a análise estatística, do professor Luciano Selistre.
A partir de um monitoramento contínuo da glicose das participantes, o grupo de pesquisadores observou que a obesidade na gestação está associada a níveis glicêmicos mais elevados, mesmo em mulheres com resultados considerados normais no teste oral de tolerância à glicose (TOTG).
A professora Rosa Rahmi destaca que o estudo dirigiu o olhar para um importante problema de saúde pública global: obesidade em mulheres na faixa etária reprodutiva. “Gestantes obesas têm desafiado equipes de assistência a essa população de maneira crescente. As gestantes obesas e não obesas do estudo não apresentaram alteração da glicemia nos testes de rastreamento preconizados pelo Ministério da Saúde. No entanto, os resultados mostraram que a flutuação das glicemias nas 24 horas ocorreu em níveis mais elevados nas mulheres obesas. Especialmente no período noturno, que é pouco avaliado no controle glicêmico rotineiro. Esse resultado é um alerta aos profissionais de saúde e, principalmente, sugere novos questionamentos para o desenvolvimento de pesquisas adicionais”.
A docente explica que a partir dos resultados há a intenção de ampliar o tamanho amostral do estudo e correlacionar os resultados com desfechos clínicos maternos e fetais. A execução da ideia depende de aporte financeiro para o projeto.
Imagem: O gráfico da flutuação glicêmica nas 24 horas, obtido pelas 255 verificações/dia durante 3 dias em cada participante do estudo, revelou didaticamente as diferenças glicêmicas entre os grupos estudados.