A beleza é uma palavra ligada à subjetividade. Para um, o belo pode ser uma coisa, para outro, outra, e assim por diante. Os ditos populares mais ligados ao assunto são “a beleza está nos olhos de quem vê” e “quem ama o feio, bonito lhe parece”. Estudos ligados à ciência buscam entender no quê as preferências estéticas se baseiam. Alguns chegaram à conclusão que as preferências são influenciadas por experiências pessoais, como rostos que marcaram a infância, como por exemplo, o da(o) primeira(o) namorada(o), ou até os de artistas famosos, que são vistos na mídia diariamente.
Jeremy Wilmer foi um dos autores do estudo “Test My Brain”, um teste online que analisou mais de 35 mil voluntários que deram notas de 1 a 7 para 200 rostos. Para ele, “até mesmo gêmeos idênticos, que compartilham todos os genes e cresceram em um mesmo ambiente, possuem opiniões divergentes quando o assunto é beleza”.
Rostos simétricos e com traços medianos tendem a ser considerados mais atraentes do que aqueles que apresentam características muito acentuadas, como nariz avantajado e testa larga, de acordo com o psicólogo Holger Wiese, da Universidade de Jena, na Alemanha. Já o psicólogo David Perrett, da Universidade de Saint Andrew, na Escócia, defende que características faciais exageradas, como lábios grossos e olhos grandes, contribuem para um indivíduo ser considerado belo.
O psicólogo Benedict Jones, da Universidade de Aberdeen, no Reino Unido, diz que o estado de humor influencia muito na escolha do tipo ideal. Em um estudo que ele publicou, em 2006, ele observou que as fotos de homens sorridentes em geral são vistas como mais atraentes do que as de indivíduos com o semblante mais brabo, ou até mesmo triste.
Para o sociólogo alemão Max Weber (1864-1920) o tipo ideal é um instrumento de análise sociológica para o entendimento da sociedade com o objetivo de criar tipologias puras. Segundo ele, o tipo ideal não era o fato de não corresponder à realidade, mas sim, ajudar em sua compreensão.
A matemática do tipo ideal
A ciência está estudando a fórmula do amor. Matemáticos da Universidade de Genebra analisaram 1074 casamentos, observando diversas características dos cônjuges, e chegaram a uma fórmula do que seria o par ideal – com maior taxa de felicidade e menor risco de separação. A mulher deve ser 5 anos mais jovem e 27% mais inteligente do que o homem (o ideal é que ela tenha um diploma universitário, e ele não). E é preciso experimentar bastante antes de decidir: uma pesquisa feita pelos estatísticos John Gilbert e Frederick Mosteller, da Universidade Harvard, apontou que, se você se relacionar com 100 pessoas durante a vida, suas chances de encontrar o par ideal só chegam ao auge na 38ª relação. Faça tudo isso e você será premiado com 57% mais chance de ser feliz.
Coisa de semelhança
Cerca de 60% dos romances surgem em ambientes como escola, trabalho ou uma festa – lugares onde a afinidade entre as pessoas é maior. Em 68% dos relacionamentos sérios (e 53% dos passageiros), as pessoas são apresentadas por um conhecido.
Coisa de pele
Homens e mulheres preferem o odor de pessoas cujo sistema imunológico seja complementar ao deles (o que ajuda a gerar descendentes saudáveis).
Coisa de mulher
Pesquisadores da Universidade de Stirling, na Escócia, apresentaram uma série de fotos de homens para 4 791 mulheres de 30 países. O resultado foi que, quanto melhor o sistema de saúde de um país, mais as mulheres preferem homens com traços femininos. Entretanto, o Brasil ficou em último lugar nesse ranking. Já um estudo feito em 2008 pela Universidade do Tennessee avaliou 82 casais e descobriu que, quando a mulher é linda e o homem apenas razoável, o casal se comporta de forma mais positiva, com mais harmonia e companheirismo.
A ciência e o corpo ideal
Em 2016, um estudo da Universidade do Texas chegou ao corpo ideal, através de cálculos. Ele pertence à modelo e atriz Kelly Brook, de 34 anos. Foram consideradas as medidas do seu corpo, idade, rosto, lábios, nariz e cabelo. Kelly tem 1.68m e nunca fez cirurgia plástica.
A busca da beleza e seus ideais durante a história
Em cada período da história e local do mundo existia um padrão de beleza considerado “perfeito”. Na Inglaterra, por exemplo, até hoje existe uma mecha de cabelo da última esposa do Rei Henrique VIII, Catarina Parr, exposta em uma catedral. A mecha, em tonalidade loiro acobreado, tem a tonalidade que por anos foi considerada a ideal para o povo britânico. No Renascimento e por séculos adiantes, na Europa, mulheres e homens com mais peso eram considerados nobres, pois significava que eles não passavam fome.De acordo com o psicólogo Fernando de Almeida Silveira, doutor em Filosofia e professor da Universidade Federal de São Paulo, com a queda da aristocracia européia, a burguesia foi se auto-afirmando por meio de uma nova relação corpo-essência. “Se os nobres tinham suas origens genealógicas como diferencial, a burguesia passou a desenvolver a noção de um corpo disciplinado, saudável e longevo para se destacar tanto da aristocracia decadente quanto do proletariado promíscuo e desregrado”.
Para o psicólogo Fernando de Almeida Silveira, o maior prejuízo da valorização exagerada da boa aparência é o fortalecimento da concepção de corpo-objeto. “As pessoas passaram a enxergar o corpo hoje como uma coisa moldável, conforme certos padrões estéticos, fomentados por uma pressão social de classe. Nesse sentido, o físico, os sentidos e a alma são massificados por conta dessa ditadura de idealização da beleza. Com essa transformação do corpo em coisa, o próprio indivíduo se reduziu a um objeto, que só possui valor como ostentação dentro dos padrões preestabelecidos”, completa.
Portanto a busca por um corpo ideal se faz cada vez mais presente na mídia nessa busca a de haver cuidados para que não se torne uma doença ou um exagero, por outro lado faz nascer entre os estudiosos um sentimento de exclusão para com aqueles que não pratica a busca de um corpo perfeito excluindo pessoas de grande inteligência dos meios de convívio e impondo padrões de beleza em lugar de padrões de inteligência, por fim o melhor corpo ideal é estar bem consigo mesmo. Confira uma lista que elenca os principais padrões de beleza e ideais na História.
Pré história
Os chefes dos grupos enfeitavam-se com as garras e dentes dos animais que caçavam. O empoderamento era um meio de assustar os adversários.
Egito
No antigo Egito, os homens e as mulheres pintavam seus rostos por acreditarem na relação entre a espiritualidade e a aparência. A maquiagem era um ritual de beleza. Os olhos eram delineados e aumentados com carvão, as pálpebras eram pintadas com índigo e esfumaçadas com uma sombra em pó feita de pedra moída. Os egípcios também usavam henna, açafrão e curry para se maquiarem.
Grécia
A beleza era sinônimo de saúde e boa forma. Os homens procuravam manter a forma com exercício físico, massagens e banhos aromáticos. As mulheres usavam maquiagem leve e os penteados eram elaborados com fitas e cachos.
Roma
Os romanos adquiriram dos gregos o costume dos banhos e dos exercícios. Os óleos perfumados de massagem, banhos (termas) faziam parte do ritual de beleza.
Idade média
A vaidade foi condenada pela Igreja que passou a considerar como “hábitos pagãos” os costumes herdados pelos romanos. As mulheres se cobriram com longas e rodadas vestimentas e os cabelos ficaram escondidos sob toucados. Mesmo assim tinham alguns toques de vaidade – os cabelos eram clareados com água de lixívia (cinza do borralho colocada na água) e com o sol. As sobrancelhas eram depiladas e a testa aumentada pela depilação da linha dos cabelos.
Renascimento
Os decotes desceram e a maquiagem começou a ser introduzida no dia-a-dia. O luxo do vestuário entrou na moda e, quanto mais nobre, mais enfeitado se apresentava. Na pintura eram retratados rostos jovens, ideal de beleza buscado na Grécia.
Século XVIII
Na França, homens e mulheres voltaram a exagerar na maquiagem. Eles abusavam do pó-de-arroz e deixavam seus rostos e cabelos inteiramente brancos, além de utilizarem perucas. As mulheres deixavam seus decotes até os mamilos e despejavam vinho para deixar os colos mais rosados.
Século XIX
A era vitoriana influenciou o comportamento e o guarda roupa feminino e masculino na Europa e parte da elite nos Estados Unidos. Roupas mais fechadas, decotes discretos, espartilhos, saias enormes, pouca maquiagem caracterizaram essa época dos cavalheiros e das damas.
Anos 10
O início do século XX foi marcado pela Primeira Guerra Mundial (1914-1918), que foi a grande responsável pela mudança no modo de ser e pensar da humanidade. As mulheres assumiram novos papéis passando, pela primeira vez, a integrar o mercado de trabalho. O vestuário se tornou mais prático e adequado à rotina das fábricas e escritórios.
Anos 20
A mulher começou a ter mais liberdade e os comprimentos de seus vestidos subiram, chegando à altura dos joelhos – era a primeira vez na história ocidental que as pernas femininas podiam ser vistas em público. Coco Chanel revolucionou a moda com a adesão do preto no dia-a-dia (antes era só usado por viúvas ou em funerais), cortes retos e blazers, que reproduziam a mulher bem sucedida, independente e com personalidade. A maquiagem era forte, os lábios eram vermelhos, os olhos bem marcados, as sobrancelhas tiradas e marcadas a lápis. Os cabelos eram curtos (Chanel), tinham franja e corte reto na altura das orelhas.
Anos 30
As saias ficaram longas e os cabelos começaram a crescer. A moda dos anos 30 descobriu o esporte, a vida ao ar livre e os banhos de sol. A mulher dessa época devia ser magra, bronzeada e esportiva. O visual sofisticado da atriz Greta Garbo, com sobrancelhas e pálpebras marcadas com lápis e pó de arroz bem claro, foi muito imitado pelas mulheres.
Surgiram os estojos de bolsa, as mulheres podiam retocar a maquiagem onde estivessem.
Anos 40
A moda se tornou mais simples e austera. Por causa da Segunda Guerra Mundial houve o racionamento de tecido, roupas recicladas, popularização dos sintéticos (como a viscose). Os cabelos eram penteados com uma variedade de ondas e presos com grampos. A simplicidade a que a mulher estava submetida despertou o interesse pelos chapéus, surgiram novos modelos e adornos.
Anos 50
Teve a consolidação do New Look, uma das principais revoluções da moda, lançada por Christian Dior em 1947. Metros de tecido eram usados para confeccionar um vestido bem amplo, na altura dos tornozelos, com cintura marcada. Os sapatos eram de salto alto, além das luvas e outros acessórios como peles e jóias. A beleza era um tema de grande importância, com muitos lançamentos de cosméticos. Spray de cabelo, delineador e sutiãs pontudos são as heranças da década. Era também o auge das tintas para cabelos. O corpo da mulher se tornou mais feminino e curvilíneo, valorizando quadris e seios.
Anos 60
A modelo Twiggy, uma modelo inglesa de 1,70m com 45 quilos, tornou-se o biotipo imitado pelas jovens da época. Para manter o ideal de corpo adolescente, as revistas femininas pregavam as dietas e os exercícios. A maquiagem era basicamente nos olhos. Os cabelos eram armados, cheios de laquê e as perucas estavam na moda.
Anos 70
O movimento hippie trouxe referências de outras etnias. Os cabelos recebiam a influência afro e deviam ser enormes, crespos e bem armados. Na maquiagem os olhos eram muito enfatizados (sombras verde, rosa, azul) e até 1974 os cílios continuaram com força total. As maçãs do rosto tinham muito blush.
Anos 80
Era do poder e dos exageros visuais. A mulher passou a ocupar áreas antes reservadas aos homens ganhando status e dinheiro . Com o culto ao corpo começaram a corrida para as academias. A maquiagem tinha batons de cores vivas como o pink e o vermelho, os olhos eram bem pintados com sombras fortes, os cílios eram alongados com máscaras coloridas. Para os homens, os cabelos tinham gel para o look molhado. No fim da década apareceram as supermodels – Linda Evangelista, Naomi Campbell, Cindy Crawford, Claudia Schiffer – eram as mulheres mais glamourosas, desejadas e invejadas.
Anos 90
Trouxe o low profile, o minimalismo. O heroin chic (palidez, olheiras e magreza excessiva) se tornou padrão. A modelo Kate Moss personificou esse estilo, muito reproduzido nos editoriais de moda.Entrou em ascensão as tatuagens e os piercings.
Anos 2000
A globalização e o desenvolvimento da mídia aumentaram muito a velocidade da informação. A moda tornou-se plural e subjetiva. Com várias possibilidades, a mulher faz a escolha baseada no seu estilo. O look ficou mais natural para cabelos e maquiagem. Iniciou-se a “ditadura da juventude” – nunca se usaram tantos recursos médicos e tecnológicos para frear o envelhecimento.