Novo tratamento adia quimioterapia para câncer de mama metastático

2015-04-10_190211
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A terapia combina medicamentos para combater a proliferação das células cancerígenas

Descoberta uma nova combinação de medicamentos para o câncer de mama metastático – a fase mais avançada da doença – capaz de aumentar em até 10 meses a taxa global de sobrevida – que, atualmente, é de cerca de três anos. A terapia ainda possibilita o adiamento da quimioterapia por até quatro anos. O novo tratamento é feito por meio da combinação do abemaciclibe (um inibidor de ciclina, enzima responsável pela divisão celular) e do fulvestranto (uma medicação anti-hormonal que interfere no processo de proliferação celular). Outra vantagem apontada pelo estudo inédito publicado no periódico Jama Oncology, são efeitos colaterais menores: ao contrário da quimioterapia tradicional, que causa uma série de desconfortos para as pacientes, a nova combinação não causa queda de cabelo, baixa imunidade, vômito ou maior risco de infecções.  Os efeitos adversos mais comuns são alterações no sangue e diarreia – problemas de fáceis de monitorar e tratar. Essa menor incidência de efeitos colaterais se deve ao fato de que as substâncias atingem majoritariamente células tumorais, ou seja, poucas células sadias são prejudicadas pelo tratamento. A nova combinação é indicada para pacientes com câncer de mama metastático que já tenham falhado em tratamento anterior com anti-hormônios. Pode ser que no futuro, avaliando os resultados no dia a dia dos pacientes, seja possível acioná-la para o tratamento inicial desse estágio do câncer.

Mecanismo de ação
De acordo com a pesquisa, a junção dos medicamentos conseguiu reduzir em 25% o risco de morte entre pacientes que já haviam falhado em uma terapia endócrina prévia. Esse resultado é possível porque o abemaciclibe inibe a produção da enzima ciclina, fundamental para o processo de divisão celular. Uma vez que essa enzima deixa de ser produzida, há interrupção do ciclo celular, o que impede a proliferação de células tumorais e, consequentemente, leva à morte das células doentes. Já o fuvestranto retira o estímulo hormonal para que elas não se proliferem ao mesmo tempo em que bloqueia o mecanismo de divisão celular. “Por isso a combinação funciona tão bem”, comenta Gilberto Amorim, coordenador nacional de Oncologia Mamária da Oncologia D’Or. O oncologista gestor da pesquisa esclarece que os resultados variam de acordo com o paciente já que cada organismo opera de forma diferente. “Alguns podem responder por menos tempo e outros sequer vão responder”, diz. As novas descobertas foram apresentadas no Congresso da Sociedade Europeia de Medicina Oncológica (ESMO, na sigla em inglês), que aconteceu em Barcelona, na Espanha, entre os dias 27 de setembro e 1º de outubro.